CEOs repensam foco no lucro e nos acionistas nos EUA
Para alguns executivos, foco excessivo nos preços das ações dificulta sua capacidade de construir negócios a longo prazo
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2019 às 06h00.
Última atualização em 21 de agosto de 2019 às 10h15.
Jamie Dimon e dezenas de outros líderes de algumas das maiores empresas do mundo estão abandonando a visão antiga de que os interesses dos acionistas devem vir em primeiro lugar.
O objetivo de uma corporação é atender a todos os seus constituintes, incluindo funcionários, clientes, investidores e a sociedade em geral, disse o grupo Business Roundtable em comunicado. Dimon, presidente do JPMorgan Chase, lidera o grupo.
“Enquanto cada uma de nossas empresas individuais atende ao seu próprio propósito corporativo, nós compartilhamos um compromisso fundamental com todos os nossos acionistas“, disse o grupo no comunicado. “Os americanos merecem uma economia que permita que cada pessoa seja bem-sucedida através do trabalho duro e da criatividade e que leve uma vida de significado e dignidade”.
Os 181 signatários incluem Laurence Fink, da BlackRock, Charlie Scharf do Bank of New York Mellon e CEOs de seis dos maiores bancos dos EUA.
Premissa fundamental
A mudança nas prioridades corporativas vem à medida que a ampliação da desigualdade de renda e o aumento dos custos de itens como assistência médica e ensino superior levaram alguns políticos a questionarem se a premissa fundamental do capitalismo americano deveria ser renovada.
Alguns executivos também reclamaram que um foco excessivo nos preços das ações e nos resultados trimestrais dificulta sua capacidade de construir negócios a longo prazo.
A ideia de que os negócios existem principalmente para beneficiar acionistas - também conhecida como primazia de acionistas - tomou conta da América corporativa nos anos 80. Em 1997, o grupo Business Roundtable abraçou a ideia em um documento para delinear princípios de governança.
O conceito tem sido criticado por levar a uma fixação nos resultados de curto prazo e ajudar a alimentar o rápido aumento da remuneração dos executivos.
Em sua carta anual aos acionistas neste ano, Fink pediu aos executivos-chefes que assumissem um papel maior nas questões sociais e políticas, em vez de se concentrarem apenas no lucro.
“As partes interessadas estão pressionando as empresas a entrarem em questões sociais e políticas sensíveis - especialmente quando vêem os governos falharem em fazê-lo efetivamente“, disse Fink, cuja empresa administra quase US$ 7 trilhões em ativos. A mensagem ecoou posição que ele tomou em 2018, exortando os CEOs a fazerem contribuição mais positiva para a sociedade.