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Por que nos EUA os caminhoneiros são disputados

A corrida para levar desde produtos de limpeza até refeições gourmet à porta dos clientes aumentou a demanda por motoristas.

 (Foto/Thinkstock)

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Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 16 de junho de 2018 às 08h00.

Última atualização em 18 de junho de 2018 às 10h05.

É sempre alta temporada para Leonard Wright, que está constantemente recrutando motoristas para sua INPAX Shipping Solutions. O crescimento incessante do serviço Prime levou a Amazon.com a escalar prestadoras de serviços de courier, como a INPAX, para fazer entregas a clientes no mesmo dia ou em até dois dias.

“No universo da última milha, há mais trabalho do que damos conta”, disse Wright, que emprega 300 motoristas que fazem rotas para a Amazon nos EUA, mais 200 trabalhadores independentes que cuidam de outras contas. A INPAX e outros serviços regionais complementam as grandes transportadoras -- United Parcel Service (UPS), FedEx e o próprio correio dos EUA.

A corrida para levar desde produtos de limpeza até refeições gourmet à porta dos clientes aumentou a demanda a tal ponto que os anúncios de vagas para motoristas que fazem entregas triplicaram nos últimos três anos no website Indeed.com. A falta de motoristas de caminhão para levar produtos de uma cidade para outra é bem conhecida, mas a expansão do e-commerce depende até mais da oferta de motoristas de automóveis e comerciais leves capazes de cuidar da chamada última milha do processo de transporte.

“As vagas de entrega — e nós trabalhamos com muitas plataformas — são provavelmente as mais difíceis de se preencher", disse Yong Kim, presidente da Wonolo, uma startup de São Francisco que une empregadores com trabalhadores interessados em funções de curto prazo e tem entre seus investidores a Coca-Cola. “Não porque o trabalho seja difícil, mas porque existe uma enorme concorrência por motoristas, que têm muitas opções disponíveis.”

Além da procura por motoristas, outro problema é que os consumidores estão sendo mal servidos ou até adoecendo. O setor de restaurantes está conversando com o órgão do governo americano responsável por alimentos e remédios (FDA) sobre como prevenir doenças causadas por comida contaminada e outras questões associadas às entregas feitas por terceiros.

“É uma questão de qualidade e de segurança dos alimentos, mas também é uma questão de imagem para os restaurantes”, disse William Weichelt, responsável por segurança de alimentos da Associação Nacional de Restaurantes. Se houver um problema, “o cliente liga para o restaurante”.

Apesar das preocupações, as forças que aumentam a demanda por motoristas não mostram sinais de arrefecimento. Em abril, a Amazon anunciou que o número de membros do serviço Prime passou de 100 milhões. Já o aplicativo de entrega de comida Grubhub trabalha com mais de 80.000 restaurantes em 110 regiões dos EUA, uma alta de 38 por cento em relação ao final de 2017.

A escassez de motoristas já está prejudicando os lucros das empresas.

Trabalhos esporádicos

Como o número de pessoas interessadas em realizar trabalhos esporádicos é maior nos finais de semana, a Amazon pode ter dificuldades para realizar entregas em dias úteis pelo serviço sob demanda Flex, que utiliza operadores independentes, afirmou David Vernon, analista da Bernstein Research. Este é um dos desafios que podem impedir que o Flex ameace os modelos de negócios de empresas como UPS e FedEx, afirmou Vernon em relatório distribuído em 24 de maio.

A Amazon se recusou a comentar. Os supermercados estão se preparando para expandir a entrega de comida, o que vai intensificar a concorrência por motoristas, prevê Antony Karabus, da consultoria HRC Retail Advisory. E para impedir que laticínios e carnes estraguem sem refrigeração, será preciso treinar mais esses motoristas.

Existe um número muito grande de companhias de entrega de comida que disputam um mercado não tão grande e será necessário um processo de consolidação para que sobrevivam, acredita Karabus.

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