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Beyond Meat mostra até onde podem ir as “carnes de planta”

Startup de proteína vegetal está em lua de mel com Wall Street, mas precisa mostrar que consegue ir além dos vegetarianos — e chegar ao lucro

Produto de Beyond Meat: desde o IPO, em 2 de maio, valor de mercado da empresa foi de 1 bilhão antes da bolsa a 14 bilhões de dólares (Reuters)

Produto de Beyond Meat: desde o IPO, em 2 de maio, valor de mercado da empresa foi de 1 bilhão antes da bolsa a 14 bilhões de dólares (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2019 às 06h07.

Última atualização em 29 de julho de 2019 às 06h38.

Quando a startup de proteínas alternativas Beyond Meat foi criada, em 2009, o fundador Ethan Brown conta que os amigos “acharam que ele era louco”.

Dez anos depois, a empresa divulga nesta segunda-feira seu primeiro balanço trimestral como uma companhia de capital aberto e valendo dez vezes mais do que há três meses, quando a empresa fez IPO na Nasdaq.

No pouco tempo listada na bolsa, a Beyond Meat viu as ações irem de 25 dólares na estreia para 234,90 na última sexta-feira, 26. A empresa vale hoje 14,1 bilhões de dólares, ante 1,3 bilhão de dólares que havia recebido em investimentos antes do IPO e já representando um terço do que vale a gigante de alimentos Kraft-Heinz.

A escalada da Beyond Meat começou sobretudo em 2016, depois que os produtos da empresa — que faz bacon, hambúrgueres e salsichas à base de plantas — passaram a ser vendidos na rede de supermercados saudáveis Whole Foods.

Atualmente, a empresa tem também parceria com a rede de fast food Dunkin’ Donuts e vem crescendo mais de 90% desde 2015. No primeiro trimestre deste ano, quase triplicou o faturamento, na casa dos 40 milhões de dólares.

A empresa, contudo, terá de lidar com o mesmo problema das demais startups de tecnologia, que é ter alto crescimento mas ainda estar longe do lucro — o prejuízo existe desde a fundação e foi de 6,7 milhões de dólares no primeiro trimestre, ainda que 38% menor que em 2018.

A concorrência também promete ficar mais forte, com nomes como a também americana Impossible Foods (atualmente em parceria com o Burger King para fazer o “Hambúrguer Impossível” nos EUA).

A boa notícia é que o mercado de carnes de planta tende a seguir crescendo na casa dos 28% ao ano, segundo o banco suíço UBS, e chegar a 85 bilhões de dólares em 2030, ante cinco bilhões de dólares no ano passado.

Assim, a valorização da Beyond Meat vem da expectativa de Wall Street de que o produto chegue, sobretudo, para um público além dos vegetarianos, que respondem por menos de 5% da população nos EUA.

Ir além dos vegetarianos sempre foi o sonho de Ethan Brown, que não queria que seu produto fosse retirado da seção de carnes nos mercados.

A Beyond Meat estima o mercado de não-vegetarianos em 1,4 trilhão de dólares, e quer chegar até ele. Para os próximos cinco anos, Brown afirmou que seu “objetivo interno” é fazer com que ao menos um produto da Beyond Meat seja mais barato do que a carne animal. A história mostra que ele pode ser louco o suficiente para tentar.

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