Bayer HealthCare: Brasil pode ser o primeiro no segmento de pesquisas médicas na AL (Getty Images)
Daniela Barbosa
Publicado em 22 de fevereiro de 2011 às 17h07.
São Paulo - No ano passado, a Bayer HealthCare Pharmaceuticals, braço do grupo Bayer que atua no setor farmacêutico, destinou menos de 4 milhões de euros para o desenvolvimento de pesquisas farmacêuticas no Brasil. O valor este ano deve saltar para oito milhões de euros. “Mas ainda não será suficiente para os planos da companhia no Brasil. O ideal seria investirmos cerca de 20 milhões de euro anualmente”, afirmou Theo van der Loo, presidente do grupo Bayer no país.
Atualmente, a Bayer destina entre 15% e 17% da receita líquida da companhia por ano para desenvolvimento de novos estudos médicos. Um dos objetivos de Loo é tornar o Brasil líder em pesquisas na America Latina. Hoje, a posição é ocupada pela Argentina. “Recentemente, perdemos para o país um estudo para o desenvolvimento de um medicamento para tratamento de câncer por conta de questões burocráticas”, afirmou o executivo.
Um dos grandes desafios da Bayer para avançar em pesquisas no Brasil é driblar as barreiras imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo Loo, a demora para que um estudo seja liberado no Brasil é muito grande. “Acabamos perdendo a oportunidade para outros países com menos complicação”, afirmou. O executivo, no entanto, não soube mensurar o tempo para que a agência demora para autorizar uma pesquisa.
A Anvisa afirmou que o atraso na liberação das autorizações de novas pesquisas está diretamente ligado as adequações de projetos de multinacionais à realidade brasileira. "Priorizamos pesquisas que tragam resultados para provar a qualidade de medicamentos visando seu lançamento futuro no mercado brasileiro. Cerca de 70% das pesquisas que avaliamos são de estudos internacionais", disse a agência em comunicado.
Parcerias
Para avançar no país, a Bayer planeja fechar parcerias com universidades e hospitais que podem contribuir para o desenvolvimento de novos estudos. “Com as parcerias, podemos fomentar as pesquisas no país e deixar para trás a fama de que o Brasil não é eficiente em desenvolver pesquisas no segmento farmacêutico. Médicos qualificados já temos”, disse Loo.
Nos últimos seis anos, o número de pesquisas médicas nos países da América Latina mais que triplicou e saltou de sete, em 2005, para 25 estudos, em 2010. Atualmente, a farmacêutica tem mais de 50 estudos em desenvolvimento para a criação de novos medicamentos no mundo. Este ano a companhia planeja colocar cinco novos medicamentos no mercado.
Segundo dados da Agência Européia de Medicamentos, o Brasil ocupa atualmente o quarto lugar entre os países fora da União Européia com maior número de voluntários participando de pesquisas clínicas, atrás dos EUA, Canadá e Rússia.