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Bancos tentam negociar recuperação extrajudicial do Grupo Odebrecht

Caso a empresa entre em recuperação judicial, os bancos entrarão em uma fila para receber os empréstimos, ao lado de funcionários, governo e fornecedores

ODEBRECHT: com risco de entrar em recuperação judicial, empresa tenta evitar que os bancos cobrem 20 bilhões de reais dados por ela como garantia para empréstimos  / Guadalupe Pardo | Reuters (Guadalupe Pardo/Reuters)

ODEBRECHT: com risco de entrar em recuperação judicial, empresa tenta evitar que os bancos cobrem 20 bilhões de reais dados por ela como garantia para empréstimos / Guadalupe Pardo | Reuters (Guadalupe Pardo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de junho de 2019 às 08h02.

Última atualização em 12 de junho de 2019 às 08h45.

Os grandes bancos brasileiros estão negociando em conjunto uma recuperação extrajudicial - ou seja, fora do ambiente da Justiça - do Grupo Odebrecht, afirmou ontem Octavio de Lazari, presidente do Bradesco. "Trabalhamos com todos os cenários (sobre a Odebrecht)", disse Lazari, depois de proferir palestra no CIAB Febraban 2019, tradicional feira de tecnologia bancária. "Procuramos, porém, (priorizar) uma recuperação extrajudicial para que todos os atores possam sentar-se à mesa e chegar a um ajuste, com concessão de mais prazo e condição de pagamento diferenciada."

Segundo Lazari, a busca pelo entendimento é para evitar que a controladora de empresas como a OEC, a maior empreiteira do País, e da petroquímica Braskem não entre em um processo de recuperação judicial. "Temos preocupação (com a Odebrecht), lógico porque é uma empresa importante, que tem crédito e ativos em todos os bancos", afirmou Lazari. "É uma empresa importante para o País, gera muitos empregos e tem tecnologia de engenharia avançada, reconhecida, então, é uma pena que a gente tenha uma perda ou uma empresa brasileira numa situação como essa."

Dificuldades

Com cerca de R$ 70 bilhões em dívidas, a Odebrecht tenta não seguir o mesmo caminho de sua subsidiária do agronegócio, a Atvos, que no fim de maio pediu recuperação judicial após uma investidora americana, a Lone Star, ter conseguido na Justiça o arresto de parte da produção da empresa.

Além da recuperação da Atvos, empresa cujo controle chegou a ser oferecida pela Odebrecht para os bancos como contrapartida a um pedido de repactuação de dívidas, outro revés nas conversas foi a desistência da holandesa LyondellBasell, na semana passada, de comprar o controle da Braskem. Ativos da petroquímica também tinham sido oferecidos pela Odebrecht para facilitar as conversas com credores.

Caso a Odebrecht S.A. entre em recuperação judicial, os bancos entrarão ainda numa fila para receber os empréstimos, ao lado de funcionários, governo, fornecedores e outros. Além disso, o desconto sobre a dívida tende a ser bem maior. Por isso, a organização para a recuperação extrajudicial do grupo controlador, que garante empréstimos de cerca de R$ 20 bilhões de suas subsidiárias.

Lazari afirmou que todos os bancos estão "muito bem provisionados" em relação à Odebrecht. Especificamente sobre o Bradesco, ele disse que o banco tem provisões conforme "padrões estabelecidos". "Temos provisões necessárias", disse.

Desde que a Odebrecht foi envolvida nos escândalos da operação Lava Jato, os bancos começaram a a provisionar recursos para possíveis perdas, enquanto negociavam maiores garantias como condição para alongar vencimentos.

De acordo com Lazari, a situação da Odebrecht é um caso isolado uma vez que as empresas brasileiras são pouco alavancadas. "É um caso que está sendo bem administrado e a gente vai tentar solucionar", afirmou.

Uma reunião entre os credores da empresa estava agendada para ontem. No centro dos debates, o pedido de garantias por parte da Caixa, que quer acesso às ações da Braskem assim como os demais credores.

Na OEC, a recuperação extrajudicial já é tida como certa, uma vez que os principais credores da empresa são bondholders (detentores de títulos) espalhados pelo mundo. Para conseguir a renegociação total, a saída é a recuperação extrajudicial, que requer a aprovação do plano por detentores de três quintos da dívida - ou 60%.

Esse pode ser um problema uma vez que os bancos públicos detêm participação relevante da dívida. São eles os mais arredios na busca por uma solução.

Para conseguir a recuperação extrajudicial, a empresa teria de conseguir a adesão de parte desses bancos. Um credor disse que a opção extrajudicial não foi discutida com todos os bancos e não deve ser uma saída fácil. A Odebrecht informou, em nota, "que está empenhada em implementar ações para a estabilização financeira do grupo e, assim, criar bases para a retomada do crescimento de seus negócios".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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