A nova estratégia da Avianca Holdings após crise da Avianca Brasil
A holding opera apenas voos internacionais no Brasil, enquanto as conexões para outras cidades era feita pela Avianca Brasil
Karin Salomão
Publicado em 14 de maio de 2019 às 08h00.
Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 14h08.
A Avianca Holdings, companhia aérea colombiana, está construindo um escritório no Brasil, depois que a recuperação judicial da Avianca Brasil afetou seu negócio no país. É o mais recente revés para a companhia aérea, que já cancelou centenas de voos e devolveu mais de 50 aeronaves. Sem a parceria com a holding colombiana e sem perspectiva para a realização de um leilão para vendas de ativos, que poderia injetar capital na empresa, não há perspectiva para recuperação da aérea.
A operação comercial de vendas e de aeroportos por aqui era feita pela brasileira. No entanto, com atrasos no pagamento de salários e encolhimento do negócio, acolombiana precisa criar sua própria equipepara não prejudicar seus voos,de acordo com uma fonte próxima da companhia. Executivos da colombiana já vieram ao país para começar a montar sua operação separada e a formação do escritório brasileiro deve ser finalizada nas próximas semanas, segundo a fonte.
Além disso, a crise da brasileira também afetou as vendas da colombiana por conta da desconfiança dos passageiros. A construção de uma equipe comercial própria, para a venda de bilhetes internacionais, também está nos planos da empresa.
A Avianca Holdings opera apenas voos internacionais no Brasil. Já as conexões nacionais para outras cidades era feita pela Avianca Brasil. Com a recuperação judicial e o cancelamento dos voos, a colombiana está notificando e tentando realocar os passageiros. O grupo já negocia com Azul, Gol e Latam para acordos de compartilhamento de voo.
Crise
Ninguém sabe ao certo quando a tempestade da recuperação judicial, iniciada em dezembro, deve terminar. A aérea brasileira acumula uma dívida na casa dos 500 milhões de reais e está se desfazendo de aviões cujo aluguel não consegue mais pagar.
A Avianca Brasil tenta vender seus ativos mais valiosos, como direitos de pouso e decolagem em aeroportos concorridos e seu programa de fidelidade, em leilão. Os ativos são disputados pela Gol, Latam e Azul.
No entanto, o leilão marcado para a semana passada foi suspenso pela Justiça após pedido da credora Swissport Brasil, empresa de logística em aeroportos.
Ainda não há definição de uma nova data e nem informações sobre quantos voos a companhia aérea deve cancelar.
Ontem, a Azul fez uma nova tentativa de comprar alguns dos ativos mais cobiçados da Avianca Brasil, oferecendo 145 milhões de dólares. A nova UPI (Unidade Produtiva Isolada) contempla certos horários de chegada e partida operados pela Avianca Brasil, incluindo os da ponte aérea Rio de Janeiro-São Paulo, a mais lotada do país.
Separadas
A Avianca e a Avianca Brasil operam de forma completamente distinta, embora tenham a mesma marca, o Synergy Group como controlador, e façam parte da mesma aliança global, a Star Alliance.
Também têm a mesma família no comando. José Efromovich é presidente do conselho administrativo da Avianca Brasil e membro do conselho de administração da holding Avianca. Seu irmão, Germán Efromovich, é presidente do conselho da holding Avianca.
Apesar de ser mais preocupante, o encolhimento da Avianca Brasil não é o único problema da holding colombiana. A companhia também sofre com o aumento do preço da gasolina e crises econômicas em alguns países em que opera, como a Argentina. Para se recuperar, a aérea irá cortar frotas não rentáveis e vender ativos não estratégicos.