6 habilidades essenciais para presidentes de empresas
O caminho até a presidência é longo, mas uma gestão bem sucedida é ainda mais difícil; confira as habilidades que todo CEO deve ter, na opinião dos próprios
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2013 às 16h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h36.
São Paulo - Sem autoridade e, de preferência, sem gravata. Essa é a imagem do novo presidente de empresas que anda fazendo a cabeça de executivos em todo o país. Isso porque as pessoas estão exigindo cada vez mais do próprio trabalho: não basta ser uma grande empresa, é preciso que ela seja coerente e que valorize cada profissional. O mercado de trabalho aquecido aumentou a demanda por talentos e segurar essa turma dentro de casa passa a ser fundamental. Por isso, os presidentes de empresa tem "derrubado" as paredes que separam suas salas da operação - em alguns casos literalmente. Aquele senhor sentado na cabeceira da mesa está dando lugar para um indivíduo descolado da cadeira e cada vez mais conectado com seus funcionários, para mostrar para eles que as ideias vindas de toda a parte são bem recebidas. Roberto Setubal , presidente do Itaú, conta estar procurando ouvir mais.“Diferentemente de anos atrás, ouvir e dialogar com sua equipe tornou-se natural”, afirma. Veja, a seguir, o que ele e mais cinco presidentes de grandes empresas consideram fundamental em uma gestão bem sucedida de um presidente de empresa.
Autoridade nunca foi sinônimo de liderança e também já está perdendo o posto de sinônimo de chefia. Roberto Setubal, presidente do Itau Unibanco, destaca que a evolução natural dos costumes já exige uma adaptação clara no estilo de liderança. “Diferentemente de anos atrás, ouvir e dialogar com sua equipe tornou-se natural”, afirma. “Tenho procurado ouvir mais. Recentemente fiz alterações no banco que foram frutos de sugestões que ouvi.” A comunicação está no centro das atenções – principalmente a capacidade de discutir temas e alcançar consensos com a equipe, ainda que o chefe seja você. “Hoje o debate em busca da melhor solução é fundamental, vivemos sob a ´ditadura do argumento` e não mais a ´ditadura da chefia`. Quem não entender isso terá problemas crescentes”, diz. “As pessoas gostam de ser ouvidas e daí surge o diálogo, a evolução. Esse processo é extremamente rico e motivador.”
Objetividade e clareza das metas são as principais habilidades que Didier Tisserand, presidente da L’Oreal Brasil, considera necessária para os CEOs no Brasil. Essa clareza é pré-requisito fundamental para escolher a melhor equipe e conseguir motivá-la na direção correta. “As habilidades mais importantes podem ser a capacidade de reavaliar onde focar a sua energia, o que às vezes requer uma profunda mudança interna.”, diz. “Isto exige: muita humildade para avaliar o desempenho da empresa e o seu próprio desempenho como gerente; muita ambição para conduzir a empresa e uma total determinação para obter uma execução perfeita.” Especialmente para quem atua no varejo de bens de consumo, Tisserand destaca que entender o consumidor é fundamental. “Os nossos produtos são tecnológicos, mas a sua relação com o consumidor é íntima. É por este motivo que fazemos muitas visitas à casa dos consumidores, em todos os níveis da empresa, para tentar ver como mulheres e homens vivem a sua beleza e usam os produtos em casa”, afirma.
No cenário das startups , o maior desafio é outro. A restrição nos recursos obriga o gestor a “se virar”. Essa é a realidade de Fernando Okumura, presidente do Kekanto. “O Brasil não é o ambiente mais propício para o desenvolvimento de empresas, se não tivermos toda a convicção e toda a vontade, dificilmente vamos fazer grandes coisas com uma alavanca tão reduzida”, diz. É justamente essa escassez de recurso que tem levado Okumura a redobrar esforços na organização de suas tarefas – a multiplicidade das atividades exercidas pelo líder requer uma cuidadosa eficiência na hora de definir prioridades. “Desempenhando múltiplas funções, algumas tarefas acabam entrando no cronograma das outras”, afirma. “É um desafio.”
A presença da liderança é, para Gilles Platford, presidente da Takeda para Oriente Médio, Turquia e África, as principal habilidade que um presidente deve trabalhar. “É preciso estar presente ao lado da equipe, para desenvolver e inspirar seu time”, afirma o executivo que liderou a operação da Takeda no Brasil até o começo deste ano. “Sem pessoas fortes e inspiradas, agindo de forma correta, sempre será difícil trazer qualquer resultado.”
Para ele, o presidente deve fazer a função de tradutor. “O ideal é compreender profundamente a complexidade dos negócios da empresa e traduzí-la para os colaboradores”, diz.
O principal desafio dos presidentes pode estar da porta da empresa para dentro. Para Guanluca Pettiti, presidente da Life Technologies, a conexão com seus funcionários e com o mercado de trabalho pode ser determinante para o sucesso da empresa. “A evolução cultural colocou o CEO moderno em posição mais vulnerável. É preciso ser mais acessível, caso contrário ficarão presos à sua torre”, afirma. Essa conexão com seus funcionários é também um alto motivador, que traz engajamento e, naturalmente, comprometimento. “É importante se adaptar.” Para o mercado de biotecnologia, a flexibilidade é tão importante quanto a adaptabilidade. Pettiti destaca que a evolução latino americana tem exigido jogo de cintura dos presidentes do setor. “Estão mudando as regras, mudando a concorrência e o ambiente está cada vez mais competitivo. Flexibilidade é fundamental em momentos de transição.”
No mercado de Tecnologia da Informação, o cuidado com a qualidade de vida dos funcionários é um sonho quase utópico. Não para Márcio Dobal, presidente do SAS, que acredita que esse olhar humano é a principal habilidade que os presidentes de empresa devem ter. “Existe uma nova geração entrando no mercado, mais envolvida com seu bem-estar e com sua liberdade. Isso ganhou relevância na escala de valor”, diz. Aos gerentes que mais se preocupam com bem–estar cabe os times com os melhores talentos da companhia, para reter as estrelas dentro de casa. Se há algum risco em conceder tanto aos funcionários? Para ele já está na conta. “É um risco calculado, que a empresa vai perceber que é melhor correr. É possível delegar os processos e cobrar pela execução dos resultados. Evitamos estar obcecados pelo controle.”