Apple recorre da decisão da UE sobre vantagens fiscais na Irlanda
Washington mostrou seu apoio à Apple, ao criticar que a UE "aplica, de forma retroativa, uma nova teoria dos benefícios do Estado"
AFP
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 19h56.
O gigante americano de informática Apple recorreu da decisão da Comissão Europeia , a qual a obrigava a devolver 13 bilhões de euros à Irlanda, país onde se beneficiou de vantagens fiscais - disse um porta-voz da empresa à AFP.
O Executivo comunitário iniciou "uma ação unilateral e mudou as regras de maneira retroativa, sem levar em conta décadas de Direito fiscal irlandês, de Direito fiscal americano e do consenso mundial em matéria de política fiscal", de acordo com a nota divulgada pela empresa.
Nessa linha, Washington mostrou seu apoio à Apple, ao criticar que a UE "aplica, de forma retroativa, uma nova teoria dos benefícios do Estado, que é contrária a princípios legais estabelecidos".
No final de agosto, Bruxelas pediu ao gigante americano que devolva à Irlanda a quantia recorde de 13 bilhões de euros em termos de "vantagens fiscais indevidas". A decisão foi rejeitada pela Apple e pela Irlanda, que apelou dessa decisão em novembro.
Hoje, Dublin considerou que o Executivo comunitário "extrapolou suas competências e interferiu na soberania fiscal nacional", declarou o Departamento de Finanças irlandês, em um documento de três páginas, no qual fez suas alegações.
Depois de tornar pública, nesta segunda-feira, a investigação detalhada sobre a Apple, a Comissão Europeia garantiu que "defenderá sua posição nos tribunais", disse um porta-voz.
A decisão da UE "corre o risco de ameaçar o clima de negócios na Europa e o equilíbrio fiscal dos Estados Unidos", declarou, por sua vez, o Departamento do Tesouro americano, em um comunicado.
A Irlanda tem uma taxa de impostos para as empresas muito reduzida, de 12,5%. De acordo com a Comissão, a Apple se beneficiou de um imposto sobre os lucros europeus de apenas 1%, em 2003, e que cai para 0,005%, em 2014.