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Aposta da Gerdau no aço americano rende frutos após 15 anos

A companhia está entregando aos detentores de bônus os maiores ganhos entre empresas de materiais de mercados emergentes graças a uma aposta de 1999

Gerdau: o lucro do primeiro trimestre quase triplicou, enquanto a relação fluxo de caixa livre/ações é a mais alta entre 19 siderúrgicas latino-americanas (Mirian Frechtner/Exame)
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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2014 às 14h57.

Rio de Janeiro - A família Gerdau , do Brasil, está entregando aos detentores de bônus os maiores ganhos entre empresas de materiais de mercados emergentes graças, em grande parte, a uma aposta de 1999 no aço dos EUA.

Os bônus em dólar com vencimento em 2023 vendidos pela Gerdau SA, a siderúrgica brasileira com maior presença nos EUA, subiram 5,7 por cento no mês desde que a Associação Mundial do Aço previu uma recuperação da demanda dos EUA.

É o melhor retorno entre 169 notas de pares da empresa monitoradas pela Bloomberg, que tiveram um ganho médio de 0,9 por cento.

A Gerdau está tendo um desempenho melhor que o das rivais brasileiras Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA (Usiminas) e Cia. Siderúrgica Nacional SA (CSN) e suas operações americanas, iniciadas com a aquisição da Ameristeel Corp. há 15 anos, começam a se beneficiar com a recuperação do mercado da construção.

O lucro do primeiro trimestre quase triplicou, enquanto a relação fluxo de caixa livre/ações é a mais alta entre 19 siderúrgicas latino-americanas, mostram dados compilados pela Bloomberg.

“A Gerdau sempre quis ter uma base nos EUA e eles a compraram no período anterior a uma crise”, disse Leonardo Kestelman, diretor-gerente da Dinosaur Securities LLC, por telefone, de São Paulo. “EUA, Canadá e México estão indo bem e isso impacta em todos os que têm uma grande exposição”.

O presidente Jorge Gerdau Johannpeter, 77, ajudou a transformar a empresa familiar na maior siderúrgica da América Latina, com um valor de mercado, hoje, de US$ 10,5 bilhões.

Seu filho André, que em 2000 ganhou uma medalha de bronze nas Olimpíadas de Sydney com a equipe de hipismo do Brasil, foi nomeado CEO em 2006. A empresa preferiu não comentar sobre o desempenho dos bônus.

Melhora da perspectiva

A Gerdau sobreviveu à maior crise da indústria da construção nos EUA desde a Grande Depressão.

Neste ano, os volumes em suas operações nos EUA deverão crescer pelo menos 5 por cento, excedendo uma previsão da média do mercado americano de 4 por cento, em um momento em que a construção não residencial na maior economia do mundo se recupera, disse o diretor financeiro da empresa, André Pires.

A América do Norte responde por 30 por cento das vendas da Gerdau.

A empresa está tirando vantagem do apetite do investidor para melhorar o perfil de sua dívida. No mês passado, a Gerdau ofereceu um swap de bônus com vencimentos em 2017 e 2020 por US$ 1,11 bilhão de notas para 2024 a 5,89 por cento.

“Eles puderam recomprar sua dívida de curto prazo e emitir outras de longo prazo”, disse Klaus Spielkamp, chefe de vendas de renda fixa da Bulltick Securities LLC, por telefone, de Miami. “A empresa saiu com spreads realmente bons e o mercado tirou vantagem disso”.

Magnitude da recuperação

Embora os resultados operacionais da Gerdau no primeiro trimestre superem as estimativas quanto à redução de custos e despesas, ainda não se sabe ao certo qual a magnitude da recuperação da América do Norte, segundo os analistas do Banco Santander SA, Felipe Reis e Alex Sciacio.

O crescimento no uso de aço pelos EUA irá desacelerar dos 4 por cento deste ano para 3,7 por cento em 2015, segundo estimativas da Associação Mundial do Aço divulgadas em 9 de abril. O consumo encolheu 0,6 por cento em 2013.

“Não podemos dizer que esse foi um grande começo de ano e nossa estimativa para o Ebitda, de R$ 6,2 bilhões (US$ 2,8 bilhões), parece uma tarefa difícil agora”, escreveram Reis e Sciaci, ontem, em uma nota.

A Gerdau está se beneficiando também da necessidade de investimento em infraestrutura no Brasil, que continuará impulsionando a demanda por aço, disse Spielkamp, da Bulltick.

“O Brasil ainda precisa que muito seja feito em infraestrutura e há muito por ser feito para as Olimpíadas do Rio, em 2016”, disse ele. “O futuro para a Gerdau só irá melhorar”.

São Paulo - As medidas do governo brasileiro para incentivar as indústrias melhoram as expectativas da Votorantim Corretora para o setor de siderurgia e mineração brasileiro. Segundo os analistas Juliana Chu e Henrique Shen, que assinam o relatório, apesar do cenário global ser desafiador e empurrar os preços do minério para baixo – por conta da fraca demanda chinesa, principal comprador da commoditty – as expectativas para os preços do aço nacional e o volume de vendas são positivas.  A indústria de aço brasileira teve seu cenário reforçado pelos incentivos do governo federal como o aumento da tarifa para importações, a redução do preço da energia elétrica, além da redução do IPI para veículos e eletrodomésticos e o fim do benefício de ICMS de alguns portos, que deve ser implementando no começo de 2013.  Os analistas reduziram as expectativas de preço para o minério de ferro de 2012 e aumentaram a expectativa para os preços do aço nacional e o volume de vendas, como resultado das medidas brasileiras de incentivo. De uma forma geral, a visão de curto prazo é negativa para todas as empresas, menos a Usiminas que deve ter um desempenho melhor.
  • 2. Vale

    2 /9(Anderson Schneider/VEJA)

  • Veja também

    Para as ações VALE5, a recomendação é de outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço alvo de 51,30 reais. No curto prazo, a perspectiva para a mineradora é negativa.  Para VALE3, a recomendação também de outperform, com perspectiva negativa no curto prazo. O preço-alvo é de 54,70 reais.  Variação % no ano: 1,14%
  • 3. Gerdau

    3 /9(Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

  • Para a Gerdau ( GGBR4 ), o preço-alvo é 24,20 reais, com recomendação de outperform. Para os próximos 3 meses a perspectiva é negativa.  Variação % no ano: +26,08%
  • 4. Gerdau Metalúrgica

    4 /9(Miriam Fichtner/Pluf Fotos)

    Para os papéis GOAU4, a recomendação é de desempenho acima da média do mercado, com preço-alvo de 32,50 reais. No curto prazo, no entanto, a visão é negativa.  Variação % no ano: +29,59%
  • 5. Bradespar

    5 /9(Germano Lüders/EXAME.com)

    A Bradespar ( BRAP4 ) tem preço-alvo de 42,70 reais, com recomendação de outperform. Já a perspectiva para o curto prazo, nos próximos 3 meses, é negativa.  Variação % no ano: -3,06%
  • 6. CSN

    6 /9(Flávio Ciro)

    A siderurgia CSN ( CSNA3 ) é tem recomendação de marketperform – desempenho em linha com o mercado. Seu preço-alvo é de 13,50 reais e a perspectiva para os próximos 3 meses é negativa.  Variação % no ano: -20,44%
  • 7. MMX

    7 /9(Marcelo Correa)

    Para as ações da mineradora de Eike Batista MMXM3 -, a recomendação é de marketperform, com preço-alvo de 5,40 reais. A visão de cursto prazo também é negativa.  Variação % no ano: -38,68%
  • 8. Usiminas

    8 /9(Divulgação)

    A Usiminas é a única empresa coberta pela Votorantim Corretora que tem uma perspectiva positiva para os próximos 3 meses. A recomendação para os papéis USIM5 é de desempenho em linha com o mercado, com preço-alvo de 12,10 reais.  Variação % no ano: +0,14%
  • 9. Veja agora as blue chips mais importantes das bolsas do mundo

    9 /9(MN Chan/Getty Images)

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