Após críticas, Colômbia defende investigação em caso Odebrecht
De acordo com um porta-voz, o esquema no país foi o que mais progrediu na América Latina porque conseguiu levar à prisão um ex-vice-ministro e um ex-senador
EFE
Publicado em 28 de março de 2017 às 13h01.
Bogotá - O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, defendeu nesta terça-feira a investigação da Justiça colombiana sobre o esquema de corrupção da construtora brasileira Odebrecht no país, já que, em sua opinião, é a que mais progrediu na América Latina porque conseguiu levar à prisão um ex-vice-ministro e um ex-senador.
Martínez manifestou sua opinião em um comunicado no qual reforça sua posição, depois que o senador do Polo Democrático Alternativo (PDA), Jorge Robledo, assegurou ontem que o chefe da Procuradoria Geral da Nação estaria escondendo as assessorias que lhe foram prestadas pela Odebrecht e pediu que ele se declarasse impedido de investigar o escândalo.
"A Procuradoria Geral da Colômbia é a entidade latino-americana que mais avançou na investigação do denominado caso Odebrecht, ao ponto em que abriu quinze (15) indagações, enquanto o Departamento de Justiça dos Estados Unidos identificou apenas dois (2) casos de ilicitude penal", acrescentou o procurador-geral.
Segundo Martínez, os resultados das investigações "chamam a atenção em matéria de acusações, indiciados privados de liberdade, interrogatórios de suspeitos e confisco de bens ilícitos, sem nenhum tipo de favorecimento ou de omissão por parte dos procuradores".
Pelo escândalo das propinas pagas pela Odebrecht na Colômbia estão detidos o ex-senador Otto Bula, que aceitou receber US$ 4,6 milhões para intermediar na concessão de contratos para a empresa brasileira na Colômbia.
Também está preso o ex-vice-ministro dos Transportes, Gabriel García Morales, que aceitou receber US$ 6,5 milhões em propina da Odebrecht.
O terceiro detido é o prestador de serviços Andrés Cardona, por sua suposta participação na realização irregular e na execução de um contrato entre a construtora brasileira e a Empresa de Aqueduto e Águas e Esgoto de Bogotá (EAAB, sigla em espanhol) para obras no rio Bogotá.
Além disso, no final de fevereiro, a Procuradoria Geral congelou 686 bens de Bula, avaliados em US$ 18,3 milhões, após descobrir que os mesmos estão relacionados com a organização criminosa "La Oficina de Envigado", com deslocamento forçado e com a construtora brasileira.
A Justiça colombiana intimou para interrogatório os coordenadores das campanhas presidenciais de Juan Manuel Santos em 2010 e 2014, e do opositor Óscar Iván Zuluaga, seu rival nestas últimas, como parte das investigações pela entrada de dinheiro da Odebrecht.
Martínez também assegura que as 15 investigações que a Procuradoria Geral da Colômbia está realizando por este escândalo estão a cargo de "cinco (5) promotores, que atuam de maneira autônoma e independente, nos termos da lei".