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Disputa de Biolab e União Química é resolvida após 8 anos

Depois de oito anos de briga na Justiça, a família Castro Marques, dona das farmacêuticas Biolab e União Química, decidiu encerrar disputa societária


	Dante Alário, Paulo e Cleiton de Castro Marques (da esq. para a dir.), sócios da Biolab: disputa judicial foi encerrada após oito anos
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Dante Alário, Paulo e Cleiton de Castro Marques (da esq. para a dir.), sócios da Biolab: disputa judicial foi encerrada após oito anos (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2016 às 08h32.

São Paulo - Depois de oito anos de briga na Justiça, a família Castro Marques, dona de duas das maiores indústrias farmacêuticas do País - a Biolab e a União Química -, decidiu encerrar uma das maiores disputas societárias em curso no Brasil.

Os irmãos Cleiton e Paulo (controladores da Biolab) e Fernando (acionista majoritário da União Química) assinaram, na noite de segunda-feira, um acordo que colocou fim ao litígio, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

Os três irmãos, que tinham participação acionária cruzada nos dois laboratórios, tinham tentado, sem sucesso, um acordo definitivo nos tribunais no fim do ano passado.

O caso foi encerrado agora, após a mediação de um primo, que nada tinha a ver com a disputa em família, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

A rixa teve início em 2008, dois anos após a morte do empresário João Marques de Paulo, pai dos empresários, e se agravou em 2014, quando a Biolab (umas maiores em prescrição médica), comandada por Cleiton e Paulo, conseguiu excluir Fernando da sociedade.

Fernando, que recorreu, detinha 27,3% da Biolab, enquanto Cleiton e Paulo somavam 54,6% - a participação restante pertence ao farmacêutico Dante Alario Júnior, que não é da família.

Na União Química (uma das maiores em similares), Fernando era o controlador, com 52%, enquanto Cleiton e Paulo detinham 36% do negócio. Os 12% restantes pertencem às irmãs dos acionistas - Cleide e Cleita -, que não participam do dia a dia do negócios.

Separação

Após o acordo firmado na segunda-feira, Cleiton e Paulo vão ficar com cerca de 80% da Biolab (Alário Jr. mantém sua fatia), enquanto Fernando deterá 88% da União Química (Cleide e Cleita manterão os 12%).

A Biolab ainda terá de fazer um pagamento em dinheiro a Fernando, relativo à diferença de preços entre os ativos. Esse valor não foi divulgado, mas, segundo fontes, era calculado em cerca de R$ 150 milhões, há dois anos.

Os escritórios de advocacia Arap Nishi & Uyeda (que assessorou Cleiton e Paulo) e a CTP Advogados (que atendeu Fernando) só alinhavaram a conversa entre as partes no fim das negociações, disse outra parte envolvida no caso.

Procurados, os acionistas da Biolab não comentam o assunto. Fernando Castro Marques confirmou o fim do litígio, mas não deu detalhes sobre o acordo.

Segundo fontes, todo o processo de mediação foi conduzido por João Benjamim Marques, primo dos sócios da Biolab e da União Química, que não tem participação em nenhuma das duas empresas, mas já atuou no setor (ele era dono dos laboratórios nacionais Delta e Bunker, vendidos à americana Valeant em 2010).

"A intenção do Benjamim era encontrar uma solução em família para evitar que o litígio se estendesse na Justiça", disse uma fonte.

Os desentendimentos entre os irmãos giravam em torno do papel que cada um tinha no negócio. Os três chegaram a dividir a mesma sede, na zona sul de São Paulo, mas, após mais uma briga, uma parede foi erguida para separar as duas empresas. A Biolab, que é 19ª maior farmacêutica em participação de mercado, vem crescendo mais rapidamente do que a União Química, a 10ª colocada, segundo fontes.

A atuação da família no setor foi iniciada por João Marques de Paulo, pai dos empresários. O irmão mais velho de Cleiton, Paulo e Fernando, João Castro Marques, optou por abrir seu próprio negócio. Ele é dono do laboratório Cimed, 12º maior em unidades do setor no País.

Disputa societária

No Brasil, o caso Usiminas é o mais recente episódio de como uma briga entre acionistas (nesse caso, o grupo japonês Nippon Steel e o ítalo-argentino Techint/Ternium) pode prejudicar um negócio.

"A briga entre acionistas pode destruir o valor de uma empresa. Em um cenário de crise econômica, o dano ainda é maior", disse um advogado especializado nesse tema.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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