Loja temporária da AliExpress em Curitiba: ação não vai incluir roupas e outros produtos mais baratos (Ebanx/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 6 de setembro de 2019 às 17h20.
Última atualização em 5 de dezembro de 2019 às 17h45.
Semanas depois de inaugurar na Espanha sua primeira loja física fora da China, a empresa de comércio eletrônico chinesa AliExpress tem também no Brasil um espaço para mostrar alguns de seus produtos.
Em ação capitaneada pela startup curitibana de pagamentos Ebanx, a companhia chinesa abriu nesta sexta-feira 6 uma espécie de vitrine virtual em Curitiba. O espaço é temporário e estará aberto somente até 5 de outubro no shopping Mueller, na capital paranaense.
A loja funciona no formato guide shop, isto é, sem estoque e apenas com visualização dos produtos em tablets. Além disso, neste primeiro momento, dois modelos de celulares da marca chinesa Xiaomi ficarão à mostra, o Redmi 8 e o Redmi 9. Ao longo do mês, outros aparelhos podem ficar disponíveis de forma física para experimentação, como outros celulares, fones de ouvido por bluetooth ou drones.
Apesar da exibição de alguns produtos, quem se interessar por um item terá de comprá-lo normalmente online em seu próprio celular. Não há estoque na loja, mesmo para os produtos que estão fisicamente à mostra.
Na prática, a ação não deve aumentar sobremaneira as vendas da AliExpress entre os curitibanos. Mas, segundo André Boaventura, sócio e diretor de marketing do Ebanx, o objetivo é intensificar a presença da marca dentre os consumidores brasileiros e desmistificar o receio com produtos chineses, sobretudo os de alto valor agregado, como celulares. O Ebanx é a plataforma de pagamentos usada pela AliExpress desde sua chegada ao Brasil, em 2003.
"A loja pode aproximar as pessoas que ainda têm certa resistência ao e-commerce. Pode ser importante para quebrar um pouco não só o receio de comprar na AliExpress mas de comprar produtos chineses, como os da Xiaomi. Vai dar para pegar o celular, testar a câmera, se interessar", diz Boaventura.
A ideia da guide shop foi do próprio Ebanx, que então conversou com a AliExpress para viabilizar a ação. Há também alguns funcionários do Ebanx na loja para ajudar em uma eventual compra dos clientes que se interessarem pelos produtos.
O foco da ação são produtos de tecnologia, de modo que outros queridinhos dos consumidores brasileiros, como roupas ou produtos mais baratos, ficarão de fora.
Assim, a guide shop não resolve um dos fatores que mais desestimulam as compras de produtos de sites chineses, que são os longos prazos de entrega. No caso das roupas, também não vai ser possível experimentar tamanhos e tecidos, o que poderia ser outra vantagem de eventuais espaços físicos da AliExpress.
Sobre o tempo de entrega, Boaventura afirma que, no passado, esse problema foi maior, com o tempo de entrega de um produto chinês no Brasil podendo chegar a cerca de três meses. Atualmente, muitos produtos conseguem ser entregues em cerca de um mês.
As entregas também podem chegar a até 12 ou 15 dias para quem pagar pelo serviço de entrega do AliExpress, o AliExpress Premium Shipping, lançado neste ano. O prazo oficial prometido é de menos de um mês, e o serviço permite ao usuário rastrear a entrega e evitar perdas ou extravios.
"Pegamos toda a jornada dos produtos chineses aqui no Brasil e temos visto a evolução", diz Boaventura. Em 2018, o Ebanx processou cerca de 35 milhões de compras em sites chineses parceiros, a maioria delas no Brasil, ante apenas 1 milhão em 2013. O ticket médio por compra dos brasileiros subiu de 45 reais para 100 reais entre 2013 e 2019. "Antes era: 'vou comprar uma coisa barata e se chegar, chegou'. Agora, estamos falando de celulares top de linha, produtos de alto valor", diz o diretor do Ebanx.
A AliExpress inaugurou em agosto em Madrid, na Espanha, sua primeira loja física fora da China, uma loja modelo de 740 metros quadrados, com mais de 1.000 produtos de mais de 60 marcas.
A loja foi iniciativa da própria AliExpress e não tem relação direta com a guide shop promovida pelo Ebanx no Brasil.
Ainda assim, embora mais completa que a guide shop de Curitiba e funcionando de forma permanente, a loja espanhola também não tem estoque e foi aberta com uma finalidade parecida, a de aumentar a presença da AliExpress entre os europeus.
O modelo de loja para testes com pouco ou nenhum estoque é similar com o que fazem, no Brasil, redes como a varejista de roupas Amaro e a varejista de móveis Mobly (que abriu sua primeira loja física neste ano).
A AliExpress pertence à gigante Alibaba, uma das maiores varejistas de comércio eletrônico do mundo e que vale 450 bilhões de dólares na Nasdaq, uma das bolsas de Nova York. Maior varejista da China e uma das maiores do mundo, a Alibaba está em um processo de difundir o negócio para fora da China.
A Alibaba faturou no ano fiscal de 2018 (encerrado em março de 2019) o total de 376,9 bilhões de dólares, com lucro de 87,9 bilhões de dólares. O número de usuários ativos mensais fechou junho em 755 milhões, mais de 30 milhões a mais do que em março deste ano.