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Abrigos para crianças imigrantes são negócio bilionário nos EUA

Reportagem do New York Times mostra que setor está aquecido e atrai de ONG's a empresas de segurança com atuação no Iraque.

Crianças são separas de seus pais imigrantes nos Estados Unidos (Mike Blake/Reuters)

Crianças são separas de seus pais imigrantes nos Estados Unidos (Mike Blake/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 22 de junho de 2018 às 12h17.

Última atualização em 22 de junho de 2018 às 12h27.

São Paulo – Abrigar crianças imigrantes é um negócio bilionário nos Estados Unidos, e que está em alta desde a política de tolerância zero do presidente norte-americano Donald Trump contra imigrantes indesejados.

A ONG Southwest Key Programs ganhou 955 milhões de dólares em contratos com o governo desde 2015, de acordo com uma reportagem do New York Times.

A entidade é a responsável por um abrigo localizado no Texas, e que tem recebido atenção especial desde o início da política de separação de famílias. O abrigo fica em uma antiga loja do Walmart.

Segundo o jornal, a entidade é apenas uma dentre várias que operam no setor. Há pelo menos uma dúzia de empresas operando cerca de 30 locais somente no Texas, além de 100 abrigos em outros 16 Estados americanos.

Além de ONG’s, empresas especializadas em presídios privados também fazem parte da indústria movimentada pela política de Trump. Elas já estão adaptando prisões para receberem famílias. Na quarta-feira, o presidente norte-americano anunciou que não separaria mais as famílias imigrantes que entrassem no país. Agora, adultos e crianças serão detidos juntos.

Empresas especializadas em segurança e defesa também entraram na dança. Uma delas é a MVM Inc. que, segundo o New York Times, mantinha contratos com o governo americano para enviar guardas ao Iraque, e agora anuncia vagas de emprego para cuidadores de crianças imigrantes.

O aumento da demanda para este mercado fez com que a sociedade colocasse esse tipo de negócio sob escrutínio. Uma das críticas é de que o aumento repentino da capacidade dos abrigos pode reduzir a qualidade do atendimento oferecido a essas crianças.

Há denúncias de desrespeito às regras contra incêndio, funcionários que reclamam de salários não pagos e até ações judiciais sobre abusos.

Apesar de os abrigos terem ganhado atenção com a recente política de Trump de separar famílias, a maioria das crianças nesses locais chegou aos Estados Unidos desacompanhada, diz a reportagem. Antes da política de Trump, os abrigos na verdade eram vistos com bons olhos por defensores dos direitos civis.

Segundo o presidente da Southwest Key Programs, a entidade não mantém crianças em jaulas e está sendo criticada injustamente. Ele se refere às imagens que tem circulado na internet, em que crianças aparecem atrás das grades.

“Se alguma vez colocarmos uma criança em uma gaiola, seremos fechados por maus-tratos. As pessoas estão nos confundindo com as instalações do Controle de Fronteira, que é uma divisão do Departamento de Segurança Nacional. Trabalhamos com o lado do serviço social do governo federal. Nós não somos agentes da lei”, disse ao jornal americano.

 

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