7 pares de empresas que terão que se entender em 2012
Conheça algumas empresas que devem viver momentos decisivos na integração com seus novos controladores
Tatiana Vaz
Publicado em 19 de janeiro de 2012 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h27.
São Paulo – Comprar uma empresa é apenas o primeiro de um longo processo cheio de armadilhas. O mundo dos negócios está cheio de histórias de aquisições, fusões e integrações que trouxeram maus resultados para os envolvidos, seja porque detalhes operacionais não foram analisados a tempo, seja porque havia surpresas escondidas na gaveta. Por isso, a fase de integração é tão importante quanto a compra em si. Neste ano, 7 pares de empresas deverão passar por momentos cruciais para a sua sobrevivência. Isto porque darão passos importantes em sua integração. Veja, a seguir, quais são as companhias:
Em junho, a Gol adquiriu 100% da concorrente Webjet por 96 milhões de reais mais as dívidas de 215 milhões de reais, com a ideia de se desfazer da marca pela similaridade das operações das companhias. Meses depois, as duas assinaram um acordo com o Cade para evitar a integração até o julgamento final do órgão – como resultado, a junção das operações ficou para depois e aintenção ainda era operar separadamente. Porém, aos poucos, Constantino Junior passou a dizer o contrário. A marca será sim mantida e a empresa será, segundo ele, operada como uma ultra low cost, com menos serviço e sem programa de milhagem. O que o fez mudar de ideia, entre outros fatores, foi o fato da Webjet ter uma frota parecida com a da Gol (mas mais velha) e presença em aeroportos como Guarulhos, Santos Dumont, Brasília, Confins, importantes para aumentar a frequência. As análises da companhia sobre a integração seguem na mesma toada em que o Cade realiza o julgamento.
Quando a Renner foi fundada, em 1912, por Antônio Jacob Renner, a varejista vendia produtos de cama, mesa e banho, além de produtos de linha dura. Com o tempo, faltou espaço nas lojas para tanta opção e esses itens acabaram sendo deixados de lado para dar lugar às seções de vestuários, cosméticos e acessórios que ocupam as lojas da marca ainda hoje. Com a compra da Camicado, em abril, por 165 milhões de reais, a Renner volta às origens. A integração das empresas começou com a elaboração de 460 planos de ação para serem colocados em práticas – 60% deles concluídos o ano passado e o restante previsto para este ano. Primeiro, foram integrados as áreas de backoffice, como financeira, comercial e administrativa. O desafio agora é unir a parte logística e unificar totalmente os sistemas. A ideia de acabar com a marca Camicado, cogitada no início, ficou pra trás. Depois de uma pesquisa, ficou claro que a Renner só tem a ganhar em manter o nome – batizar a marca como “Camicado by Renner” seria uma opção. O plano é abrir até dez lojas este ano com a intenção de triplicar as atuais 28 em cinco anos.
Depois de uma das disputas mais renhidas no mundo dos negócios, em 2010, entre o Grupo Telefônica e Portugal Telecom, a espanhola ficou com o controle da Vivo . Desde então, o grupo está promovendo a integração entre sua antiga operadora de telefonia fixa, a Telesp, e a operadora de telefonia móvel. A previsão é que a união gere ganhos de até 4,2 bilhões de reais e seja concluída ainda este ano. Juntas, as empresas possuem cerca de 18.000 funcionários. Alguns avanços já foram anunciados. Por ser melhor aceita por aqui, a marca Vivo irá dominar, paulatinamente, todos os produtos e serviços ofertados pela companhia no país. Os serviços de telefônica fixa também devem ser expandidos este ano e alcançar até 52 milhões de casas com a expansão, depois de autorizada pela Anatel. Em setembro, os conselhos de administração das companhias aprovaram as condições da reestruturação societária, que prevê a incorporação da Vivo. Ainda neste semestre, o grupo concluirá as obras de sua nova central de dados, responsável por processar os serviços oferecidos pelas operadoras Telesp (fixa) e Vivo (móvel).
Com a compra da Uniban, em setembro, por 510 milhões de reais, a Anhanguera ganha presença relevante na capital paulista – e um bom desafio de arrumar as contas da empresa adquirida. Depois que a aluna Geisy Arruda foi expulsa da universidade por usar um vestido curto, a imagem ( e a receita) da Uniban caíram bastante. A Uniban encerrou o ano passado com 55.700 alunos matriculados, 20% menos que em 2009, e bem abaixo do setor, que cresceu 12% na Grande São Paulo. As mudanças promovidas pela integração começaram pelo comando. Antonio Carbonari Netto, fundador e presidente do conselho de administração da Anhanguera, foi incumbido de cuidar da reestruturação. Entre as mudanças, a reitoria foi assumida pelo ex-reitor da PUC de Campinas Gilberto Selber e quatro pró-reitorias foram criadas: operação, graduação, pesquisa e pós-graduação e administrativo-financeira. Até o final deste ano a marca Uniban será extinta para dar lugar ao nome Anhanguera, mesmo modelo seguido pelas outras 23 instituições adquiridas pelo grupo desde seu IPO, em março de 2007.
A aprovação pelo Cade da fusão das companhias aéreas TAM e LAN, em dezembro, chegou depois de vários contratempos por acusações de um possível monopólio em rotas aéreas principalmente entre Chile e Brasil. Também pudera: a fusão criou a LATAM , com 6% do transporte aéreo mundial. A expectativa é que a integração seja concluída até março e gere até US$ 700 milhões de dólares, sem contar a depreciação e os impostos, nos primeiros quatro anos de associação. A LAN está na One World, com American Airlines e British Airways. A LATAM também terá de escolher com que parceiro quer operar: se na Star Alliance ao lado da alemã Lufthansa e da americana United (como faz hoje a TAM) ou na One World, com American Airlines e British Airways, como a chilena LAN.
Em agosto, as redes Droga Raia e Drogasil decidiram unir suas operações para criar a Raia Drogasil. A nova companhia nasce com 725 lojas e uma previsão de que esteja totalmente integrada apenas no final de 2013. Até lá, as duas redes vão continuar separadas, cada uma atuando com sua bandeira, mas com uma operação compartilhada e crescendo de maneira orgânica. A meta da Droga Raia era inaugurar cerca de 90 unidades por ano. Já a Drogasil previa, para este ano, a abertura de pelo menos 50 lojas. Além das sinergias convencionais, como ganhos de eficiência, competitividade e escala, a união vai ampliar o campo de atuação conjunto das marcas. Isso porque elas atendiam públicos bastante distintos. Enquanto a Drogasil atendia consumidores mais maduros, a Droga Raia ficava com consumidores mais jovens.
Drogaria São Paulo e Pacheco também resolveram se unir em agosto e criaram a DPSP, a maior rede em vendas com 4,4 bilhões de reais. A rede da nova empresa conta com 691 lojas e presença em cinco estados brasileiros. A gestão será compartilhada entre o Grupo Carvalho e o Grupo Barata – eles terão poderes iguais na empresa. O presidente do conselho de administração será o executivo Samuel Barata. O presidente será o Gilberto Martins Ferreira. A DPSP nasce como a maior empresa varejista de produtos farmacêuticos e sétima maior rede de varejo do país e deve, até final deste ano, já estar estruturada, segundo Ferreira, e poderá levantar recursos no mercado de capitais.
Mais lidas
Mais de Negócios
15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usadosComo a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhõesEle saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia