7 empresários de peso que viraram rivais de seus ex-patrões
De aliados a concorrentes, esses homens de negócio hoje incomodam os antigos empregadores
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 15h03.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h17.
Em julho, Roger Agnelli e o BTG Pactual anunciaram um acordo para a criação da B&A Mineração. Antes disso, Agnelli passou quase uma década no comando da maior produtora de minério de ferro do mundo, a Vale. Durante esse período, o executivo esteve à frente de decisões que levaram a companhia a desembolsar mais de 33 bilhões de dólares em aquisições. Uma das compras foi uma fatia do complexo de Simandou, na Guiné, considerado a maior reserva inexplorada de minério de ferro ainda disponível. Do outro lado da mesa, Agnelli, agora com o BTG, negocia a oferta de assessoria financeira ao governo de Guiné, serviço que poderá ser pago com uma participação na mina. Parceira da Vale nas áreas 1 e 2 do complexo, a israelense BSG já afirmou que estuda entrar com um processo contra Agnelli e o BTG, que teriam "chegado pela porta de trás no negócio". Do seu lado, a Vale afirmou que não pretende colocar seu ex-CEO na mira da Justiça.
Com salário inicial de 1 milhão de dólares, a vice-presidente de produtos do Google deixou o cargo para se tornar CEO do Yahoo!. O movimento fez barulho e aumentou a expectativa do mercado sobre a capacidade de Marissa Mayer de trazer o Yahoo! de volta ao jogo: em 2011, a empresa viu seu faturamento cair 20%, amargando uma contínua queda de participação no segmento de buscas na internet. No começo deste mês, fontes ouvidas pela Business Insider afirmaram que Marissa notificou o Google sobre a sua saída 30 minutos antes do anúncio oficial ser veiculado pelo rival Yahoo!. A nova empresa da executiva teria pedido sigilo sobre a transferência até o último instante, com medo de o Google fazer uma contrapoposta que atrapalhasse seus planos.
André Esteves começou a carreira no Pactual como analista de sistemas. Sua ascensão foi meteórica: em menos de 15 anos, o carioca se tornou presidente do banco de investimento, arquitetando sua venda ao suíço UBS em 2006, uma jogada que o tornou bilionário. Em 2008, Esteves abandonou o UBS para criar o brasileiro BTG. A crise financeira chacoalhou a economia global e acabou ensejando uma reviravolta na história das empresas que haviam se tornado competidoras: em abril de 2009, o BTG recomprou o Pactual por cerca de 2,5 bilhões de dólares, em negócio que foi considerado uma pechincha - em 2006, o banco fora vendido por 3,1 bilhões.
Também carioca e egresso do Pactual, o financista Gilberto Sayão, assim como André Esteves, tornou-se bilionário com a venda do banco para o UBS. Mas decidiu seguir um rumo oposto ao do dono do BTG Pactual, investindo na fundação da sua própria gestora de recursos, a Vinci Partners. Em 2011, a Vinci levantou 1,4 bilhão de dólares em um fundo destinado à compra de empresas brasileiras. Na carteira da ativos, estão participações em companhias como a Unidas, a varejista Le Biscuit, o master franqueado do Burger King no Brasil e, mais recentemente, a Celpa (Centrais Elétricas do Pará). Além do foco em private equity, a Vinci também faz assessoria de operações financeiras, como fusões e aquisições, além de realizar a gestão de fortunas e de fundos. Nessas atividades, compete tanto com o BTG, quanto com o UBS. Avesso à exposição, Sayão aparece ao lado do empresário Eike Batista na fotografia.
Abatido por denúncias de gastos imprecisos e assédio sexual a uma funcionária, o ex-CEO da HP, Mark Hurd, renunciou ao cargo em 2010. Até então, o executivo vinha capitaneando uma série de aquisições, medidas que, aliadas a um programa de cortes de custos, fizeram o lucro da HP subir ao longo dos cinco anos em que ocupou a cadeira de presidente da companhia. Amigo de Hurd, o bilionário fundador da Oracle , Larry Elisson, enviou uma carta ao New York Times na época sustentando que "a diretoria da HP teria tomado a pior decisão pessoal desde que os idiotas da Apple demitiram Steve Jobs anos atrás". Ainda em 2010, Hurd foi contratado como co-presidente e membro do conselho da Oracle.
Contratado pela Dior, o jovem Yves Saint Laurent trabalhou nos bastidores da empresa nos seus primeiros anos como funcionário. Aos poucos, foi ganhando visibilidade até assumir o comando da maison, aos 21 anos, depois da morte prematura de Christian Dior em 1957. Depois de três anos, algumas coleções de sucesso e outras execradas pela crítica, Saint Laurent foi chamado a servir o exército durante a guerra de independência da Argélia, na África. Poucos dias depois, o estilista recebeu a notícia de sua demissão da Dior. Entrou na Justiça alegando quebra de contrato. Depois de ganhar a causa, resolveu criar sua própria marca, junto com o parceiro Pierre Bergé e o apoio financeiro de milionário americano J. Mack Robinson. Saint Laurent morreu em 2008. A companhia que leva suas iniciais, a YSL , pertence hoje ao conglomerado de luxo PPR. Junto com marcas como Bottega Veneta e Alexander McQueen, o grupo teve uma receita de 15,8 bilhões de dólares em 2011. A Dior, por sua vez, continua no time rival: a empresa pertence à LVMH, maior holding do setor, com receita de 31 bilhões de dólares no ano passado.