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7-Eleven, 'queridinha' do Japão, recusa oferta de US$ 39 bilhões de empresa canadense

A Seven & i rejeita proposta de R$ 215 bilhões da canadense Couche-Tard, citando desafios regulatórios nos EUA e valor inadequado.

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 08h25.

A Seven & i Holdings, controladora da rede de conveniência 7-Eleven e um dos maiores conglomerados de varejo do Japão, anunciou recentemente a rejeição de uma oferta bilionária da canadense Alimentation Couche-Tard, operadora da rede Circle-K. A proposta, de US$ 38,5 bilhões (R$ 215 bilhões), visava criar o maior conglomerado de lojas de conveniência do mundo. No entanto, a oferta foi considerada inadequada tanto em termos financeiros quanto de viabilidade regulatória, especialmente nos Estados Unidos, onde uma fusão desse porte enfrentaria barreiras significativas nas leis antitruste. As informações são da Reuters.

A Couche-Tard propôs pagar US$ 14,86 (R$ 83) por ação da Seven & i, valor que foi considerado aquém do esperado pelo conselho da empresa japonesa. Segundo a Seven & i, a proposta não reflete o valor real da companhia e de suas operações, que incluem uma vasta rede global de mais de 78 mil lojas. De acordo com a empresa de análise de mercado Morningstar, o valor justo das ações da Seven & i é estimado em torno de 2.300 ienes (R$ 128) por ação, significativamente acima do que foi oferecido pela Couche-Tard.

Além disso, a Seven & i levantou preocupações sobre os desafios regulatórios que surgiriam caso o negócio fosse concretizado. A empresa observou que, mesmo que a oferta fosse substancialmente aumentada, ainda haveria dúvidas sobre a capacidade de superar as barreiras regulatórias, principalmente nos Estados Unidos. Atualmente, a 7-Eleven detém 14,5% do mercado de lojas de conveniência nos EUA, enquanto a Couche-Tard, por meio de suas marcas Circle-K e outras, detém 4,6%. Uma fusão entre as duas empresas poderia criar uma situação de quase monopólio, algo que os reguladores antitruste americanos dificilmente aceitariam sem exigências significativas de desinvestimentos.

Preocupações sobre concorrência nos EUA

A recusa da oferta ocorre em um momento em que as autoridades reguladoras dos Estados Unidos estão cada vez mais rigorosas em relação às grandes fusões, especialmente aquelas que podem criar concentração excessiva de mercado. Recentemente, a fusão proposta entre as redes de supermercados Kroger e Albertsons, avaliada em US$ 25 bilhões (R$ 139 bilhões), foi interrompida por uma ação judicial com base em preocupações antitruste. A mesma lógica se aplica ao caso da Seven & i e Couche-Tard, já que a fusão aumentaria significativamente a concentração de mercado no setor de conveniência.

Especialistas apontam que a Couche-Tard teria que se desfazer de uma quantidade significativa de lojas nos Estados Unidos para atender às exigências regulatórias. Essas vendas poderiam acontecer em regiões onde as duas empresas têm uma presença sobreposta, como o Oeste, o Meio-Oeste e o Centro dos EUA. Contudo, mesmo essas medidas podem não ser suficientes para garantir a aprovação da fusão pelas autoridades reguladoras.

Apesar de ser uma das maiores redes de varejo do mundo, a Seven & i tem enfrentado críticas de seus principais acionistas, incluindo o fundo de investimentos ValueAct Capital, que questionam a gestão e a estrutura de ativos da empresa. Esses acionistas têm pressionado a empresa a melhorar sua governança corporativa e aumentar o valor para os investidores, o que torna ofertas de compra como a da Couche-Tard especialmente sensíveis.

A Seven & i tem visto suas ações subirem desde que a oferta foi divulgada, refletindo o interesse dos investidores no possível desfecho da negociação. No entanto, as ações caíram ligeiramente após a recusa da oferta, fechando a 2.133,5 ienes (R$ 83,42), pouco acima do valor oferecido pela Couche-Tard.

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