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4 motivos que podem ter levado a J&F desistir da Delta

Mais acordos cancelados, troca de farpas e quebra de sigilo bancário: veja o que aconteceu com a Delta desde que a J&F assumiu a empresa

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Joesley Batista, da J&F: holding não seria melhor alternativa para uma "empresa que luta pela sobrevivência" (Daniela Toviansky/EXAME.com/Site Exame)

Joesley Batista, da J&F: holding não seria melhor alternativa para uma "empresa que luta pela sobrevivência" (Daniela Toviansky/EXAME.com/Site Exame)

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Marcela Ayres

Publicado em 1 de junho de 2012 às, 18h11.

São Paulo - A J&F anunciou que assumiria a gestão da construtora Delta no dia 09 de maio. Com o acordo, a holding dos irmãos Batista passou a tocar os negócios adiante, com a possibilidade de comprar a empreiteira depois de concluída uma auditoria conduzida pela KPMG. Mas passado menos de um mês, o grupo resolveu jogar a toalha. Nesta sexta, a J&F afirmou que não vai efetivar a aquisição.

Oficialmente, Joesley Batista, presidente do grupo, reconheceu que a J&F não seria "a melhor pessoa para ficar no meio de uma companhia que luta pela sobrevivência".

Envolvida em um furacão político, a Delta é peça-chave do quebra-cabeça que liga seu dono, Fernando Cavendish, aos esquemas do contraventor Carlinhos Cachoeira e sua suposta ligação com uma série de políticos graduados, como senador Demóstenes Torres (ex-DEM).

Não por menos, da data de assinatura do acordo até aqui, o nome da empreiteira não parou de estampar as manchetes dos jornais. Relembre os principais acontecimentos que podem ter contribuído para a desistência da J&F:

CPMI e devassa nos números

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito aprovou nesta terça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da construtora em todo o país. A devassa nas contas deverá fragilizar ainda mais a credibilidade da Delta, envolvida em intermitentes denúncias de corrupção.

A associação da companhia com o contraventor Carlinhos Cachoeira levantou suspeitas sobre o uso da empresa para lavagem de dinheiro e fraude em licitações públicas. Nos últimos anos, os contratos firmados com governos estaduais e federais fizeram da Delta a maior concessionária de canteiros do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


Farpas e contradições

Quando a J&F anunciou a compra da Delta, houve quem acusasse o dedo do governo no alinhavo do acordo, já que o banco estatal BNDES possui 31% das ações do JBS. José Batista Junior, um dos controladores do grupo, chegou a afirmar que a presidente Dilma Rousseff teria dado aval para o negócio. Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que negá-lo seria "conversa de bêbado, de louco". Em nota, a J&F apontou que o empresário não ocupava cargo executivo no grupo e tampouco tinha ingerência sobre as decisões estratégicas.

À EXAME, Joesley Batista, um dos controladores do grupo, reforçou que a versão não seria mais do que uma "maluquice". O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também veio a público reiterar que o governo não tinha dado sua bênção. Mas a troca de farpas aconteceu. E não deixou de arranhar a imagem do acordo.

Mais obras canceladas

Quando a J&F assumiu a gestão da Delta, alguns contratos da empresa já tinham ficado pelo caminho, entre eles a reforma do Maracanã e a construção do Transcarioca, corredor de ônibus que ligará a Barra da Tijuca à Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Mas a mudança de leme não impediu que outras obras importantes também dessem adeus ao portfólio da empresa. Em maio, a Delta saiu do consórcio para erguer um trecho da Ferrovia Oeste-Leste, principal negócio que mantinha no PAC.

A Petrobras também rescindiu um contrato de 846 milhões de reais com o consórcio do qual a Delta participava no Complexo Petroquímico (Comperj). Com o rompimento, a J&F chegou a dispensar 800 funcionários da empresa. As obras para mobilidade urbana em Fortaleza voltadas para a Copa de 2014 também foram deixadas pela Delta.

Um balanço nada positivo

No meio de maio, a Delta publicou o balanço referente às suas atividades de 2011, reportando um lucro líquido 85,5% menor. Foram 32 milhões de reais, contra 220,3 milhões em 2010. No mesmo período, a distribuição de dividendos sangrou o caixa da empresa, com 64,6 milhões pagos em 2011, ante 13,5 milhões em 2010 – um aumento de 378%.

Ao mesmo tempo que cresceram os empréstimos com o Finame, linha do BNDES, aumentaram também as provisões para créditos duvidosos, aqueles com a possibilidade de não serem recebidos. Se em 2010 nenhum dinheiro havia sido reservado com esse propósito, no ano seguinte foram guardados 79,9 milhões de reais.

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