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Yoani Sánchez: senti o que um prisioneiro passa em Cuba

Blogueira cubana Yoani Sánchez passou 30 horas presa em Cuba após ser detida quando iria para a cidade de Bayamo cobrir o julgamento do espanhol Ángel Carromero

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2013 às 06h40.

Madri - A blogueira cubana Yoani Sánchez, que passou 30 horas presa em Cuba após ser detida quando iria para a cidade de Bayamo para cobrir o julgamento do espanhol Ángel Carromero, afirmou que se sentiu na pele do jovem político durante os momentos em que ficou encarcerada.

A blogueira e colaboradora do jornal 'El País', liberada ontem, relatou hoje como foi sua detenção desde que ela foi presa quando viajava em um carro com seu marido e um jornalista independente. Eles foram acusados de tentar 'boicotar o tribunal' que iria julgar Carromero.

'Tínhamos acreditado quando lemos no 'Granma' que o julgamento era público. Mas já sabem, o 'Granma' mente', afirmou Yoani em artigo publicado no 'El país'.

Para a blogueira, ser presa a permitiu se sentir 'na pele de Ángel Carromero' e entender como se estrutura a pressão ao redor de um detido. Segundo Yoani, o episódio fez com que ela sentisse na própria carne as intenções ocultas do Departamento de Instrução do Ministério do Interior'.

A cubana contou como três policiais tentaram tirar suas roupas, mas 'resisti e paguei pelas consequências'. Yoani disse que nesse momento de tensão chegou um policial 'bom', 'armadilha tão conhecida, que eu não caio'.


A ativista contou que após protestar contra a ilegalidade de sua prisão repetiu por mais de três horas uma só frase: 'exijo que me deixem fazer uma ligação telefônica, é meu direito'.

De madrugada, permitiram que ela fizesse a chamada, e a blogueira conversou com seu pai por meio de uma 'linha evidentemente grampeada'.

Depois, Yoani disse que começou 'outra etapa da minha resistência. Chamei ela de hibernação... Me neguei a comer, a beber qualquer líquido, me neguei ao exame médico. Me neguei a colaborar com meus sequestradores e disse isso. Não podia afastar da minha mente o desamparo de Carromero em mais de dois meses lidando com aqueles lobos'.

A cubana também disse que se negou a dormir em uma espécie de 'calabouço-suíte', com uma estranha mistura de 'barras e cortinas'. Yoani relatou que só de olhar para a estampa das cortinas pressentiu que o local onde estava era o mesmo onde tinham feito a primeira gravação que circulou na internet com declarações de Ángel Carromero', o jovem político espanhol detido pelo acidente de trânsito no qual morreram os dissidentes Oswaldo Payá e Harold Cepero.

Yoani afirmou também que cometeu um último ato de desprezo no momento em que seria transferida para Havana e 'um dos meus sequestradores estendeu sua mão para me ajudar a subir no microônibus onde também estava meu marido'. Nesse momento, a blogueira afirmou: 'não aceito cortesia de repressores'. EFE

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