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Graziano vê alto grau de enrolação em Copenhague

Secretário do Meio Ambiente de SP, que viajará à Dinamarca, diz que seria supresa se a reunião terminasse com uma meta mundial para redução de emissões

O engenheiro agronômo Xico Graziano em seu gabinete em São Paulo (.)

O engenheiro agronômo Xico Graziano em seu gabinete em São Paulo (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

   <hr>  <p class="pagina"><strong>EXAME - O senhor acompanhará a comitiva brasileira na reunião de cúpula em Copenhague. Qual é a sua expectativa para esse encontro com autoridades mundiais?<br> </strong>Xico Graziano - Desde o começo, a minha expectativa sempre foi mediana. A minha experiência de acompanhar negociações internacionais se deu dentro dos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC). Sempre achei esse processo muito difícil e complicado, de alto grau de enrolação. Eu me surpreenderia caso fosse definida uma meta mundial em Copenhague. Não dá para combater o aquecimento global apenas com um tratado. O acordo é importante porque vai obrigar países a mudarem a suas posturas em relação à preservação do meio ambiente, criando legislações próprias para isso. A minha visão desse processo é que os setores de ponta da economia mundial já estão percebendo o que vai acontecer. Com isso, já estão fazendo as mudanças, independente de Copenhague. <br> <br> <strong>EXAME - E como o senhor avalia a proposta do Brasil diante dessa reunião?</strong><br> Xico Graziano - O governo federal deveria ter discutido esse assunto há seis meses. Assim, o presidente poderia ter pressionado outros países a aderir à mesma causa. O governo federal não percebeu a importância da discussão e ficou apático. Ultimamente, o Brasil tem se pautado muito na decisão de outras nações em desenvolvimento. O governo federal espera elas agirem para depois determinar sua ação.<br> <br> <strong>EXAME - Em sua opinião, qual deveria ser o papel do setor privado na preservação do meio ambiente?</strong><br> Xico Graziano - O objetivo do empresário é lucrar e competir. As empresas só terão práticas de sustentabilidades quando "apanharem" da sociedade. Sinceramente, não acredito em empresário bonzinho. Ele adota práticas de sustentabilidade dentro de uma competição, ou pressionado pela sociedade, ou ainda pela legislação. Eu não tenho visão idílica sobre esse assunto. E certamente empresários mais inteligentes encontrarão na preservação do meio ambiente uma forma de ganhar dinheiro. Por exemplo: para que serve o selo verde? Para vender bem o produto no mercado. Ora, ninguém produz etanol porque é ecologista. O etanol é produzido porque dá dinheiro. É claro que há uma consciência mundial de que deveria haver cortes nas emissões de CO2 nas próximas décadas. Mas a questão é: como colocar isso na cabeça dos empresários? É algo em que o governo federal deveria pensar.<br> <br> <strong>EXAME - O senhor defende cortes nas emissões de gases poluentes nas próximas décadas. Mas, até lá, as tecnologias verdes estarão suficientemente desenvolvidas?</strong><br> Xico Graziano - Terão de estar. Tirando alguns grupos de pesquisas isolados, o Brasil está muito atrasado. Os Ministérios do Desenvolvimento e a pasta de Ciência e Tecnologia deveriam incentivar mais estudos de desenvolvimento da tecnologia verde. </p>       <hr>
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