Wall Street repensa doações eleitorais após invasão do Capitólio
“Muitos empresários não querem se envolver, porque não querem trazer a política para o local de trabalho”, disse um diretor do Morgan Stanley
Fabiane Stefano
Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 16h56.
Por anos, Wall Street tem injetadodinheirona política dos Estados Unidos para fazer e manter amigos em Washington. Agora, começa a repensar as consequências. Depois da invasão do Capitólio na semana passada, grandes bancos estão reavaliando, reduzindo e, em muitos casos, suspendendo contribuições para campanhas. Alguns prometem deixar de financiar candidatos que possam ter apoiado a tentativa de insurreição.
As mudanças representam uma ruptura com o passado e surgem no momento em que líderes corporativos dos EUA tentam se distanciar do presidente Donald Trump. Grandes empresas apoiaram em peso os programas de Trump para cortar impostos e reverter regulamentação apesar, em alguns casos, das reservas sobre seu caráter. Isso começa a mudar na esteira do violento ataque da semana passada.
“Muitos empresários não querem se envolver, porque não querem trazer a política para o local de trabalho”, disse Tom Glocer, principal diretor independente do Morgan Stanley. “Isso vai além da política.”
O Morgan Stanley identificou membros do Congresso que se opuseram à medida para certificar a vitória eleitoral do presidente eleito Joe Biden e suspendeu as contribuições. O Goldman Sachs também deve reduzir doações a líderes que tentaram bloquear o resultado da eleição. JPMorgan Chase e Citigroup foram mais longe e suspenderam todas as doações por enquanto.
Remando contra a maré, o Bank of America disse que vai analisar os eventos recentes antes de quaisquer doações futuras. E o Wells Fargo disse que ainda está revendo suas políticas sobre doações.
Os maiores bancos dos EUAcontribuíramcom cerca de US$ 5,7 milhões por meio de seus comitês de ação política no ciclo eleitoral de 2020, de acordo com o Center for Responsive Politics.