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Votação no Egito vira celebração nacionalista pró-Sisi

Eleição também mostrou as divisões amargas que o Egito vive desde a deposição do líder islâmico Mohamed Morsi

Pessoas passam por um poster do general Abdel Fattah al-Sisi no centro de Cairo, no Egito (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2014 às 20h24.

Cairo - O primeiro dia de votação na eleição presidencial no Egito se transformou em uma celebração nacionalista com muitos eleitores comemorando a possível vitória do ex-chefe militar Abdel Fattah al-Sisi, que liderou no ano passado o golpe que derrubou o primeiro presidente eleito livremente.

A eleição, que vai até amanhã, também mostrou as divisões amargas que o Egito vive desde a deposição do líder islâmico Mohamed Morsi. Em cidades onde os islamitas dominam, a votação foi quase inexistente.

Al-Sisi busca mais do que uma vitória esmagadora no peito. O marechal espera por uma forte participação dos cidadãos para mostrar à crítica internacional que a deposição de Morsi, em julho do ano passado, refletiu a vontade do povo. Ele tem ainda a seu favor o apoio de todo o aparelho governamental e das instituições - até mesmo da Comissão Eleitoral, que deveria ser independente.

Seu rival potencial é o político Hamdeen Sabahi, de esquerda, que terminou em terceiro lugar na corrida presidencial de 2012.

O que deve pesar em favor de al-Sisi é o seu forte discurso militarista, que ganha adeptos entre os eleitores que estão cansados da onda de violência, que acompanhada de um declínio econômico tomou contra do Egito nos últimos três anos. Essa ala do eleitorado adotaram o marechal como candidato, uma vez que ele prometeu acabar com os tumultos no país.

As forças de segurança travaram uma sangrenta repressão contra a Irmandade Muçulmana de Morsi e outros grupos islâmicos, matando centenas de pessoas e prendendo outras milhares - entre as quais, conhecidas lideranças críticas aos militares.

Enquanto os partidários de al-Sisi dizem que ele salvou o Egito dos islamitas, os eleitores pró-Morsi acusam-no de esmagar a democracia com um golpe. Os críticos avaliam que a vitória do marechal poderá consolidar um retorno a autocracia, ao estilo do ex-ditador Hosni Mubarak.

O quê: eleições parlamentares Quando: abrilO atual primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, está de olho em um terceiro mandato depois do Supremo Tribunal Federal iraquiano derrubar a lei que limitava os mandatos a dois.Maliki não tem a maioria das províncias depois das eleições regionais de 2013, o que o enfraquece. Por outro lado, os vários opositores podem decidir que mantê-lo no cargo é melhor do que uma mudança que aumentaria a instabilidade.O novo líder terá de enfrentar um Iraque muito violento: desde 2008 a violência não era tão grande. Em 2013, foram quase 9 mil assassinatos.
  • 2. 8. Turquia

    2 /4(MUSTAFA OZER/AFP/Getty Images)

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    O quê: eleições presidenciais Quando: agosto Após um 2013 marcado por violentos protestos, os turcos terão a sua primeira eleição direta para presidente da história. O atual primeiro-ministro, Recep Erdogan, alvo dos protestos, pode largar o seu cargo para concorrer. É que seu terceiro e legalmente último mandato acaba em 2015. Ele pode largar o trabalho no meio para tentar se perpetuar no poder de outra maneira. E, não por coincidência, seu partido fala em reformar a Constituição para dar mais poderes ao presidente.
  • 3. 10. Brasil

    3 /4(EVARISTO SA/AFP/Getty Images)

  • O quê: eleições presidenciais Quando: outubro Dilma Rousseff não deve ter dificuldade para conseguir o seu segundo mandato. A grande discussão da oposição se limita a saber quem pode ser forte o bastante para prolongar a disputa até o segundo turno. Dilma deverá enfrentar, em junho, o teste de fogo da Copa do Mundo (se algo der muito errado, as consequências para o governo são imprevisíveis). Além disso, mais uma onda de protestos em junho já está agendada há tempos no calendário dos manifestantes.
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    4 /4(STR/AFP/Getty Images)

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