Sochi: "Espero que todos se sintam em casa", diz campeã russa (AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 07h20.
Rússia - Com vista para o Mar Negro e as montanhas do Cáucaso, a vila olímpica de Sochi foi a primeira agradável surpresa para os atletas, convencidos que encontrariam na Rússia um ambiente mais austero.
A três dias da cerimônia oficial dos Jogos, os bares e a salas de musculação ainda não vivem cheios e concorridos na vila costeira, uma das três vilas olímpicas destes Jogos, com as outras duas situadas na montanha, em Rosa Khoutor.
As bandeiras coreanas, canadenses, australianas, eslovacas e britânicas que surgem nas varandas das residências, porém, são prova de que boa parte dos locatários esperados para o grande evento já se encontram em suas habitações.
A "prefeita" desta pequena vila é Elena Isinbayeva, a rainha do salta com varo.
"Espero que todos se sintam em casa", diz a campeã russa, que agora escolhe as palavras com prudência após causar grande controvérsia com comentários homofóbicos no ano passado.
Por enquanto, a estrela do esporte russo ainda não recebeu nenhuma reclamação, pelo contrário.
"Mar Negro à direita, montanhas à esquerda"
"É melhor do que eu esperava. Na Rússia, nunca se sabe o que vamos encontrar...", declara Jenni Hiirikoksi, uma das jogadoras da seleção finlandesa de hóquei no gelo, recém desembarcada em Sochi.
O patinador de velocidade Bob de Jong também esperava outra coisa: "Não esperava que isto fosse ser tão bonito, visto o nível dos hotéis da região. É realmente muito melhor".
De Jong tem autoridade para falar sobre o assunto. Medalhista de bronze nos 1000 m em Vancouver, o holandês participa de todos os Jogos Olímpicos de Inverno desde 1998 e sabe o que esperar de uma vila olímpica. Segundo ele, os apartamentos em Sochi são bem grandes se comparados com os de Nagano (1998), por exemplo.
"É realmente uma bela vila. Tudo é perto, podemos fazer tudo de bicicleta", explicou o patinador.
A paisagem da região também não deixa ninguém indiferente. "Se olhar para a direita, você vê o Mar Negro. Se olhar para a esquerda, você vê montanhas incríveis", conta Fabien Abéjean, psicólogo da equipe de short track canadense.
Sob o sol radiante, o mar é sempre um convite, mas duas fileiras de barreiras separam a costa das residências. A preocupação com a segurança é clara e o acesso à vila é muito restrito. É preciso ter as credenciais corretas e aguentar os inevitáveis procedimentos de segurança, parecidos com os dos aeroportos.
A segurança é visível, mas não é opressora. Palmeiras, por exemplo, são usadas para esconder antenas e radares e os milhares de integrantes das forças de ordem presentes em Sotchi vestem as mesmas roupas dos voluntários.
"Eu não tinha percebido que eram policiais. Quando perguntei o motivo de alguns voluntários vestirem roupas de cores diferentes, me disseram que os de roxo eram da polícia", conta a patinadora artística francesa Vanessa James. "É bem pensado, assim não assusta".
Entre Vancouver e Turim
As ameaças de atentados de islamitas do Cáucaso, que já atacaram Volgogrado em dezembro do ano passado, não parecem tirar o sono dos atletas.
"Eu não penso nisso, estamos aqui para competir. No aeroporto, vimos que a região e a vila são muito vigiadas", explica Morgan Cipres, parceiro de Vanessa James, que não esconde a satisfação de ver que "tudo está muito bem organizado".
Na vila de Rosa Khutor, na montanha, perto do centro de esqui Estilo Livre, os chalés, recém acabados, não foram vistos com o mesmo entusiasmo.
"É formidável ver esta montanha fantástica dotada de teleféricos, mas não sei se alguém pagaria por uma habitação como esta", questiona o esquiador alpino austríaco Romed Baumann.
"O alojamento em Vancouver era melhor, mas em Turim era bem pior", explicou o esquiador Klaus Kroll. Mas, como lembra Baumann, o que importa é que "a neve é incrível, vai compensar o tempo ruim que tivemos durante toda a temporada".