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Ex-ditador argentino Videla admite assassinatos

O ex-general cumpre duas condenações à prisão perpétua por crimes contra os direitos humanos e assumiu entre sete mil e oito mil mortes hoje

O ex-ditador argentino (1976-81) Jorge Rafael Videla (à esquerda) durante um julgamento, em Buenos Aires, em fevereiro de 2010 (Juan Mabromata/AFP)
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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2012 às 23h11.

Buenos Aires - O ex-ditador argentino Jorge Videla admitiu pela primeira vez que o regime presidido por ele, entre 1976 e 1981, fez desaparecer entre "sete mil e oito mil pessoas", para evitar protestos dentro e fora do país, no livro "Disposición Final", lançado recentemente.

"Vamos supor que eram sete mil ou oito mil pessoas que precisavam morrer para ganharmos a guerra contra a subversão", disse Videla ao jornalista Ceferino Reato, quem o entrevistou durante 20 horas, entre outubro de 2011 e março de 2012, numa cela da prisão federal, dentro do quartel militar de 'Campo de Mayo'.

O ex-general, de 86 anos, que cumpre duas condenações à prisão perpétua por crimes contra os direitos humanos, além de responder a vários processos em curso, admitiu que decidiu "pelo desaparecimento dos corpos, para não provocar protestos dentro e fora do país".

"Cada desaparecimento pode ser entendido certamente como um mascaramento, a dissimulação da morte", disse Videla, que esteve à frente da ditadura argentina até 1983, segundo uma parte do livro publicada no site da editora.

"Não tínhamos outra solução; (na cúpula militar) concordamos que era o preço a pagar para ganhar a guerra contra a subversão e, ao mesmo, tempo, não podíamos deixar evidências disso, para que a sociedade não se desse conta. Era preciso eliminar un grande número de pessoas que não podiam ser levadas à justiça nem tampouco fuziladas", afirmou.

O título do livro, que parece parafrasear a "Solução Final" do regime nazista de Adolfo Hitler, foi, na realidade, sugerido pelo próprio entrevistado.

"A expressão 'Solução Final' nunca foi usada. 'Disposição Final' foi a mais comum; diz respeito a um termo militar, que significa tirar de serviço algo imprestável. Quando, por exemplo, se fala de um uniforme já gasto, usa-se a expressão Disposição Final", disse Videla.

O ex-general contou que dois meses antes do golpe de Estado de 24 de março de 1976, os militares começaram a elaborar as listas de pessoas que, consideravam, deveriam ser detidas imediatamente depois da deposição da presidente Isabel Perón (1974/76) que estava sendo preparada.

Organismos humanitários estimam que 30.000 pessoas desapareceram durante a ditadura.

O livro de Reato, jornalista e com licenciatura em Ciências Políticas, foi publicado pela editora Random House Mondadori.

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Buenos Aires - O ex-ditador argentino Jorge Videla admitiu pela primeira vez que o regime presidido por ele, entre 1976 e 1981, fez desaparecer entre "sete mil e oito mil pessoas", para evitar protestos dentro e fora do país, no livro "Disposición Final", lançado recentemente.

"Vamos supor que eram sete mil ou oito mil pessoas que precisavam morrer para ganharmos a guerra contra a subversão", disse Videla ao jornalista Ceferino Reato, quem o entrevistou durante 20 horas, entre outubro de 2011 e março de 2012, numa cela da prisão federal, dentro do quartel militar de 'Campo de Mayo'.

O ex-general, de 86 anos, que cumpre duas condenações à prisão perpétua por crimes contra os direitos humanos, além de responder a vários processos em curso, admitiu que decidiu "pelo desaparecimento dos corpos, para não provocar protestos dentro e fora do país".

"Cada desaparecimento pode ser entendido certamente como um mascaramento, a dissimulação da morte", disse Videla, que esteve à frente da ditadura argentina até 1983, segundo uma parte do livro publicada no site da editora.

"Não tínhamos outra solução; (na cúpula militar) concordamos que era o preço a pagar para ganhar a guerra contra a subversão e, ao mesmo, tempo, não podíamos deixar evidências disso, para que a sociedade não se desse conta. Era preciso eliminar un grande número de pessoas que não podiam ser levadas à justiça nem tampouco fuziladas", afirmou.

O título do livro, que parece parafrasear a "Solução Final" do regime nazista de Adolfo Hitler, foi, na realidade, sugerido pelo próprio entrevistado.

"A expressão 'Solução Final' nunca foi usada. 'Disposição Final' foi a mais comum; diz respeito a um termo militar, que significa tirar de serviço algo imprestável. Quando, por exemplo, se fala de um uniforme já gasto, usa-se a expressão Disposição Final", disse Videla.

O ex-general contou que dois meses antes do golpe de Estado de 24 de março de 1976, os militares começaram a elaborar as listas de pessoas que, consideravam, deveriam ser detidas imediatamente depois da deposição da presidente Isabel Perón (1974/76) que estava sendo preparada.

Organismos humanitários estimam que 30.000 pessoas desapareceram durante a ditadura.

O livro de Reato, jornalista e com licenciatura em Ciências Políticas, foi publicado pela editora Random House Mondadori.

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