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Venezuela: vitória de Maduro poderia ser revertida após contagem total de votos, dizem especialistas

Suposta diferença entre chavista e o opositor seria de pouco mais de 700 mil, mas ainda faltam ser contabilizados 2 milhões e 600 mil votos

This handout picture released by the Venezuelan Presidency shows Venezuela's President Nicolas Maduro gesturing during a television program in Caracas on July 1, 2024. Maduro announced on Monday the resumption of dialogue with the United States next Wednesday, despite Washington's sanctions against the oil sector and less than a month before the Venezuelan presidential elections. (Photo by JHONN ZERPA / Venezuelan Presidency / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / VENEZUELAN PRESIDENCY / JHONN ZERPA" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS (AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 29 de julho de 2024 às 11h46.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, anunciou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país na madrugada desta segunda-feira.

Com 80% das urnas apuradas, no entanto, a diferença entre o líder chavista e o candidato da oposição,Edmundo González, é de apenas 704.114 votos. Nesse cenário, segundo cálculos de economistas e políticos, os 20% ainda não apurados podem indicar que o resultado anunciado pelo órgão eleitoral não é irreversível.

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Logo após o órgão eleitoral divulgar os números do pleito, o economista Alejandro Grisanti publicou no X que, se a participação eleitoral foi de 59%, significa que votaram na Venezuela 12.582.373
de um total de 21.326.056 de eleitores registrados. Deste número, com 80% dos votos apurados, Maduro obteve 5.159.920. González, por sua vez, conquistou 4.445.978 (e outros candidatos 460 mil). Com isso, a suposta diferença entre o chavista e o opositor é de pouco mais de 700 mil, mas ainda faltam ser contabilizados pouco menos de 2 milhões e 600 mil votos.

“É evidente que a 'suposta diferença' até agora não é conclusiva, nem é irreversível”, escreveu Grisanti. “Tudo parece indicar que as eleições não são auditáveis e, portanto, os resultados apresentados não são críveis. Espero de [o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil,] Celso Amorim, e [o ex-presidente da República Dominicana] Leonel Fernández, a sua capacidade de não endossar o que possivelmente não é auditável”, continuou ele.

Ao fazer seus próprios cálculos, o venezuelano Juan Barreto, do partido Redes, apontou que 2.393.268 votos ainda não foram contados. “Perdoem minha ignorância em matemática, mas preciso que, por favor, me expliquem. Quem recebeu esses quase 2 milhões e meio de votos?”, questionou ele no X. O mesmo foi pontuado pelo jornalista Eugenio G. Martínez, que afirmou que “uma simples operação aritmética serve para verificar que” a liderança do chavista não é irreversível.

Maduro apresentou a eleição como uma encruzilhada entre "paz ou guerra" e alertou que uma vitória da oposição poderia levar a um "banho de sangue", o que rendeu críticas dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do Chile, Gabriel Boric, entre outros. Após o anúncio da vitória nas eleições, o venezuelano disse ter recebido ligações de chefes de Estado da chamada aliança bolivariana, com países como Nicarágua, Bolívia e Cuba. O resultado, no entanto, levantou questionamentos por parte da comunidade internacional.

A oposição venezuelana denunciou fraude na votação e se declarou vitoriosa, com 70% dos votos, contra 30% para Maduro. González acusou o CNE de "violar todas as normas" e destacou que seu grupo político lutará para que "a vontade do povo da Venezuela seja respeitada". A líder da oposição, María Corina Machado — que chegou a vencer as primárias mas foi impedida de disputar o pleito —, anunciou que nos próximos dias sua coalizão agirá para "defender a verdade".

Em sua primeira declaração após os resultados, Maduro agradeceu aos eleitores e afirmou ser um "homem de paz e de diálogo". O presidente exaltou a relação do seu governo com a de seu padrinho político e antecessor, Hugo Chávez (1954-2013) e pediu respeito ao CNE e à Constituição venezuelana. No poder desde 2013, Maduro agora tem a perspectiva de permanecer na Presidência por 18 anos, até 2031. Ao final do novo mandato, penas o ditador Juan Vicente Gómez terá governado por mais tempo que ele, com 27 anos no total (1908-1935). (Com AFP)

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