Vaticano decide debater questões de gênero, mas pretende evitar ideologias
Em documento, a Igreja afirma que está disposta a discutir as diferenças sexuais, mas com base em pesquisas, não na ideologia
AFP
Publicado em 10 de junho de 2019 às 21h49.
Última atualização em 11 de junho de 2019 às 09h49.
O Vaticano começa a debater a questão de gênero entre os jovens — um tema sensível e atual. De acordo com um documento oficial divulgado nesta segunda (10), a Santa Sé pede "distinção" entre ideologia e estudos.
"A Congregação para a Educação Católica, dentro de suas competências, tem a intenção de oferecer algumas reflexões que podem orientar e apoiar aqueles que estão empenhados em educar as novas gerações para tratar metodicamente as questões mais debatidas da sexualidade humana", anuncia a entidade do Vaticano no documento.
Assinado pelo cardeal Giuseppe Versaldi, prefeito da congregação, o documento diz que a Igreja procura abordar "uma verdadeira e própria emergência educativa, particularmente com relação a questões de saúde emocional e sexualidade".
No documento chamado "Homem e Mulher os criou", a hierarquia da Igreja Católica afirma que está disposta a discutir as diferenças sexuais, mas prefere se basear em pesquisas, não no que considera ideologias.
Para a Igreja, "a desorientação antropológica" — a ideologia — caracteriza o clima cultural do nosso tempo e contribui para "desestruturar" a família, com a tendência de anular as diferenças entre homens e mulheres, consideradas como meros efeitos do condicionamento histórico-cultural.
A congregação propõe três atitudes para tratar o assunto: ouvir, reflexão crítica e propostas. E adverte que a ideologia procura impor-se como "pensamento único" e, portanto, exclui o encontro e o entendimento.
"Não faltam pesquisas sobre gênero que buscam aprofundar adequadamente a maneira como se vive em diferentes culturas a diferença sexual entre homem e mulher. É em relação a estas investigações que é possível abrir-se à escuta, reflexão e proposta", diz o texto.