Vaticano confirma abertura de arquivos da ditadura argentina
A confirmação é anunciada na véspera do aniversário de 40 anos do golpe que deu início à sangrenta ditadura na Argentina, que deixou 30 mil desaparecidos
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2016 às 12h39.
O Vaticano confirmou nesta quarta-feira a abertura em poucos meses dos arquivos relativos à ditadura militar na Argentina (1976-1983) por vontade do papa Francisco , indicou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
"Como já anunciado no passado, o papa Francisco manifestou seu desejo de abrir para consulta os arquivos do Vaticano relativos à ditadura na Argentina", afirmou. (1976-1983).
Para isso, é necessário catalogar o material, explicou.
"O trabalho está sendo realizado e achamos que terminará nos próximos meses", acrescentou Lombardi.
A abertura dos arquivos com cartas, relatórios da nunciatura, testemunhos e documentos sobre esses anos obscuros da história da Argentina fornecerá elementos importantes para esclarecer muitos casos de desaparecidos.
Organizações humanitárias e, em particular, as Mães e Avós da Praça de Maio solicitaram ao Papa a autorização para tal medida.
A confirmação pelo Vaticano é anunciada na véspera do aniversário de 40 anos do golpe que deu início à sangrenta ditadura na Argentina, que deixou 30.000 desaparecidos, de acordo com agências humanitárias.
O Vaticano disse que, para consultar tais arquivos, seria necessário estabelecer "os prazos e condições, de acordo com a Conferência Episcopal Argentina", como é o caso de outros documentos históricos.
"Já começamos a responder a solicitações específicas sobre indivíduos e casos judiciais (rogatória) e humanitários", explicou Lombardi.
Trata-se de uma decisão de "importância histórica", não só para a Argentina, mas para toda a América Latina, afirma Luis Badilla, especialista da Rádio Vaticano, ao ressaltar que servirá para posterior reconstrução da história da região, abalada por golpes militares sangrentos, iniciados no Brasil em 1964, e que terminou com a derrota, em 1990, do referendo que forçou a saída do ditador chileno Augusto Pinochet.
O papel que a Igreja Católica desempenhou em cada um desses países foi muito diferente e é possível que a decisão de abrir os arquivos do Vaticano se expanda para outros países.
De acordo com fontes da América Latina, os arquivos sobre a ditadura no Uruguai (1973-1985) também serão abertos.
O beijo do Papa às mães dos desaparecidos
O papa Francisco dedicou nesta quarta-feira, ao final da audiência geral na Praça de São Pedro, um momento especial às mães dos desaparecidos argentinos, beijando a testa de Françoise Tisseau, mãe da francesa Marie Anne Erize Tisseau, desaparecida em 1976.
"Esse beijo é para todas as mães que sofreram com o desaparecimento de seus filhos", afirmou Francisco.
O Papa argentino saudou com particular afeto a delegação de 10 pessoas, incluindo a mãe e os dois irmãos de Tisseau, que viajou a Roma para depor na quinta-feira ante a justiça italiana que investiga o caso.
"Foi um momento muito emocionante, todos choramos", contou à AFP Marie-Noelle.
A justiça italiana deve decidir se há provas suficientes para abrir um processo contra o repressor Carlos Malatto, residente na Itália desde 2011, onde vive livremente, que foi denunciado pelo desaparecimento e morte entre 1975 e 1977 de várias pessoas, incluindo da modelo franco-argentina, que ajudava os argentinos a fugir para a França e se exilar durante a ditadura.
O Vaticano confirmou nesta quarta-feira a abertura em poucos meses dos arquivos relativos à ditadura militar na Argentina (1976-1983) por vontade do papa Francisco , indicou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
"Como já anunciado no passado, o papa Francisco manifestou seu desejo de abrir para consulta os arquivos do Vaticano relativos à ditadura na Argentina", afirmou. (1976-1983).
Para isso, é necessário catalogar o material, explicou.
"O trabalho está sendo realizado e achamos que terminará nos próximos meses", acrescentou Lombardi.
A abertura dos arquivos com cartas, relatórios da nunciatura, testemunhos e documentos sobre esses anos obscuros da história da Argentina fornecerá elementos importantes para esclarecer muitos casos de desaparecidos.
Organizações humanitárias e, em particular, as Mães e Avós da Praça de Maio solicitaram ao Papa a autorização para tal medida.
A confirmação pelo Vaticano é anunciada na véspera do aniversário de 40 anos do golpe que deu início à sangrenta ditadura na Argentina, que deixou 30.000 desaparecidos, de acordo com agências humanitárias.
O Vaticano disse que, para consultar tais arquivos, seria necessário estabelecer "os prazos e condições, de acordo com a Conferência Episcopal Argentina", como é o caso de outros documentos históricos.
"Já começamos a responder a solicitações específicas sobre indivíduos e casos judiciais (rogatória) e humanitários", explicou Lombardi.
Trata-se de uma decisão de "importância histórica", não só para a Argentina, mas para toda a América Latina, afirma Luis Badilla, especialista da Rádio Vaticano, ao ressaltar que servirá para posterior reconstrução da história da região, abalada por golpes militares sangrentos, iniciados no Brasil em 1964, e que terminou com a derrota, em 1990, do referendo que forçou a saída do ditador chileno Augusto Pinochet.
O papel que a Igreja Católica desempenhou em cada um desses países foi muito diferente e é possível que a decisão de abrir os arquivos do Vaticano se expanda para outros países.
De acordo com fontes da América Latina, os arquivos sobre a ditadura no Uruguai (1973-1985) também serão abertos.
O beijo do Papa às mães dos desaparecidos
O papa Francisco dedicou nesta quarta-feira, ao final da audiência geral na Praça de São Pedro, um momento especial às mães dos desaparecidos argentinos, beijando a testa de Françoise Tisseau, mãe da francesa Marie Anne Erize Tisseau, desaparecida em 1976.
"Esse beijo é para todas as mães que sofreram com o desaparecimento de seus filhos", afirmou Francisco.
O Papa argentino saudou com particular afeto a delegação de 10 pessoas, incluindo a mãe e os dois irmãos de Tisseau, que viajou a Roma para depor na quinta-feira ante a justiça italiana que investiga o caso.
"Foi um momento muito emocionante, todos choramos", contou à AFP Marie-Noelle.
A justiça italiana deve decidir se há provas suficientes para abrir um processo contra o repressor Carlos Malatto, residente na Itália desde 2011, onde vive livremente, que foi denunciado pelo desaparecimento e morte entre 1975 e 1977 de várias pessoas, incluindo da modelo franco-argentina, que ajudava os argentinos a fugir para a França e se exilar durante a ditadura.