Vandalismo danifica 70 peças arqueológicas em museu egípcio
Canal árabe "Al Jazeera" mostrou imagens de vitrines quebradas, estatuetas em pedaços e múmias destruídas, entre outras
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2011 às 15h14.
Cairo - As antiguidades não escaparam dos atos de vandalismo durante os protestos populares dos últimos dias no Egito, dezenas de peças arqueológicas foram danificadas em um museu no Cairo, indica primeira avaliação das autoridades.
"Ao todo, 70 peças sofreram avarias, mas vamos restaurá-las", afirmou nesta quarta-feira a Agência Efe o egiptólogo Zahi Hawass, principal responsável pela Arqueologia no Egito, quem garantiu que nenhum objeto foi roubado.
Após a retirada da Polícia das ruas na sexta-feira à noite, o museu, que abriga joias da época faraônica, como o tesouro achado no túmulo do rei Tutancâmon, foi vítima do vandalismo, segundo a rede de televisão por satélite árabe "Al Jazeera".
Vitrines quebradas, estatuetas feitas em pedaços e duas múmias destruídas são alguns dos prejuízos mostrados nas imagens da "Al Jazeera", que conseguiu entrar no interior do museu.
Hawass, recém-nomeado ministro de Estado de Antiguidades, considerou que o vandalismo não foi maior devida à intervenção dos cidadãos egípcios que tentaram proteger as antiguidades.
"Foi o povo egípcio que protegeu as peças arqueológicas", declarou orgulhoso Hawass.
Com o setor turístico puxado pelos objetos arqueológicos, é dever zelar pelas peças. Conforme as autoridades, o turismo é uma das principais fontes de riqueza do Egito, no ano de 2010 o país recebeu quase 15 milhões de visitantes.
O turismo é tão importante para o Egito que na noite da sexta-feira, em pleno conflito entre os manifestantes e a Polícia, e com o Exército colocando-se nas ruas, os civis uniram-se aos soldados para criar uma cadeia humana ao redor do museu para evitar os saques, embora no final os arruaceiros tenham conseguido entrar.
Hawass, que não quis entrar em detalhes sobre as imperfeições, só detalhou a localização de "alguns crânios armazenados junto à máquina que digitaliza as múmias danificadas, mas não foram danos importantes".
Negou as informações divulgadas na imprensa de que múmias reais guardadas no museu teriam sido queimadas, que contém mais de 2 milhões de antiguidades, a maior coleção existente no país.
O arqueólogo destacou que atualmente é o Exército o encarregado de proteger as instalações, embora, como conseguiu comprovar a Agência Efe, também há civis nas imediações do museu formando cordão de isolamento.
Outra das grandes atrações turísticas do Cairo, as Pirâmides de Guiza e Esfinge, escaparam de qualquer tipo de vandalismo; embora para evitar sustos, os soldados, apoiados por dois tanques, fazem guarda nos arredores do recinto.
Os militares não permitem sequer que veículos parem em frente às pirâmides, o principal destino turístico da capital, que agora está deserto após o retorno de milhares de turistas por causa das revoltas populares.
Uma dezena de tanques pegou a estrada que conecta a esplanada de Guiza com a pirâmide escalonada de Saqara, a antiga necrópole de Menfis.
Quanto aos locais arqueológicos em outras partes do país como Luxor e Assuã, no sul, Hawass apontou que "tudo está intacto. Não aconteceu".
"Apenas um armazém de antiguidades no Sinai (leste) teve registro de roubos, um grupo de beduínos pegou 288 objetos arqueológicos, mas logo em seguida devolveu", relatou Hawass, que ignora o motivo da devolução.
As antiguidades não ficaram alheias ao espólio ao longo da história do Egito e, em algumas ocasiões, foram parar em museus no exterior e em coleções privadas, o que desencadeou reivindicações das autoridades egípcias, como no caso do busto de Nefertiti, exposto em um museu de Berlim.
Mesmo assim, conscientes de seu valor incalculável e da importância vital para o futuro do país, os civis saíram às ruas para proteger o museu do Cairo, seja qual for o resultado das revoltas populares contra o regime do presidente Mubarak.