Vamos passar por esta fronteira, diz embaixadora de Guaidó no Brasil
María Teresa Belandria acrescentou que pelo menos quatro integrantes da Guarda Nacional Bolivariana desertaram e abriram um dos acessos fronteiriços
EFE
Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 12h19.
Pacaraima - María Teresa Belandria, a representante no Brasil designada pelo presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó , garantiu neste sábado que os veículos com ajuda humanitária passarão pela fronteira, que está fechada desde a quinta-feira por ordem do governo de Nicolás Maduro, para entregar a primeira remessa de mantimentos.
"Hoje podemos dizer que vamos passar por esta fronteira e que nosso país está muito próximo" de conseguir a "entrada desta primeira remessa de ajuda humanitária", disse Belandria em entrevista coletiva na cidade de Pacaraima (RR), situada na fronteira entre os dois países.
A coletiva também contou com a participação do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e de William Popp, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
A ajuda humanitária foi solicitada por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela em janeiro e foi reconhecido por cerca de 50 países, entre eles os Estados Unidos e o Brasil.
Duas caminhonetes grandes, com placas venezuelanas, estão transferindo neste momento parte das 200 toneladas de ajuda humanitária recolhida no Brasil, de Boa Vista, a capital de Roraima, até Pacaraima, que fica a 220 quilômetros de distância.
Não obstante, tudo indica que as caminhonetes não conseguirão cruzar a fronteira, pois ela continua fechada.
Belandria afirmou que foram "grandes as dificuldades" para conseguir transporte para a fronteira porque o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "ameaçou as empresas de transporte que atravessam todos os dias" a divisa entre os dois países com o cancelamento de suas licenças.
Uma das condições do governo brasileiro para a transferência da ajuda humanitária de Boa Vista até o país vizinho é que esta fosse executada por "caminhões venezuelanos, conduzidos por venezuelanos".
Belandria disse que todos os esforços serão feitos para conseguir mais caminhões e assim poder levar toda a ajuda. "Vamos levá-la à Venezuela, não tenho dúvidas", frisou.
Além disso, a diplomata indicou que as expectativas aumentaram nas últimas horas depois que na cidade de Cúcuta, na fronteira entre Colômbia e Venezuela, pelo menos quatro integrantes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) desertaram e abriram um dos acessos fronteiriços entre os dois países.
"Usaram um blindado, afastaram os contêineres que fechavam a passagem e abriram um espaço, ou seja, fizeram o que o presidente (Guaidó) pediu e determinou às autoridades militares, que ponham a mão no coração e pensem que os caminhões estão transportando remédios para suas famílias e arroz e leite para seus filhos", acrescentou a diplomata.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, que também acompanha o transporte dessa primeira remessa de ajuda, comentou que tem a "expectativa" de que a fronteira seja aberta "a qualquer momento".
Araújo também informou que, neste primeiro envio, foram incluídos todos os remédios, assim como leite em pó, doados pelo Brasil, e arroz, comprado pelos Estados Unidos.
"Nosso compromisso é acompanhar a ajuda e fazer esse chamado para a abertura da fronteira e a entrada de ajuda humanitária", acrescentou o chanceler.
William Popp, por sua vez, afirmou que o papel dos EUA é "completamente humanitário e em coordenação com o governo brasileiro". Além disso, pediu às forças de segurança venezuelanas que deixem a ajuda entrar e "não usem a violência contra o seu povo".
"O mundo está de olho", assinalou Popp.