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Uzbequistão diz adeus a Karimov, presidente por 25 anos

O presidente uzbeque escalou todos os postos da estrutura do Partido Comunista na época da URSS até ficar à frente da república soviética do Uzbequistão

Islam Karimov: o presidente uzbeque escalou todos os postos da estrutura do Partido Comunista na época da URSS (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2016 às 11h12.

O Uzbequistão se despedia neste sábado de seu presidente Islam Karimov, morto aos 78 anos de uma hemorragia cerebral depois de ter dirigido com mão de ferro por mais de um quarto de século o país mais populoso da Ásia central.

O funeral do primeiro e único presidente do Uzbequistão desde sua independência, elogiado por seus partidários por ter mantido a estabilidade do país, mas acusado por seus opositores de violar os direitos humanos, é realizado em sua cidade natal, Samarcanda, joia histórica da chamada "rota da seda".

As autoridades deste Estado muçulmano, vizinho do Afeganistão e ex-república Soviética, decretaram três dias de luto nacional a partir deste sábado.

A televisão nacional mostrou na manhã deste sábado a multidão que lotava as principais avenidas da capital, Taskent, por onde passou o cortejo fúnebre que transportava o corpo do presidente. Um grupo de militares levou o caixão até o avião, rumo a Samarcanda, no sul do país.

Na cidade natal do chefe de Estado, muitos uzbeques acompanhavam a passagem do cortejo, mas poucos deles puderam entrar no local do funeral.

Entre os convidados oficiais figuram o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, que chegou às 08h00 GMT (05h00 de Brasília) a Samarcanda, o presidente do Tadjiquistão, Emomali Rajmon, e o primeiro-ministro do Cazaquistão, Karim Maximov.

"Grande perda"

"Se nosso presidente tivesse vivido mais 10 anos, o Uzbequistão estaria irreconhecível, mais forte", afirmou à AFP um homem de 58 anos. "Quando soubemos que havia morrido, toda a família começou a chorar, é uma grande perda para todos os uzbeques. Tornou nosso país mais livre e desenvolvido".

Nascido em 30 de janeiro de 1938, o presidente uzbeque escalou todos os postos da estrutura do Partido Comunista na época da URSS até ficar à frente da república soviética do Uzbequistão.

Após a independência do país, em 1991, conseguiu permanecer no poder e dedicou suas forças a eliminar seus oponentes.

Muitas organizações acusam Karimov, reeleito em 2015, de ter manipulado as eleições em diversas ocasiões, de ter detido centenas de opositores de forma arbitrária e de apoiar o uso da tortura nas prisões.

Foi hospitalizado em 27 de agosto depois de sofrer uma hemorragia e foi colocado imediatamente em reanimação.

Depois de uma semana de rumores sobre sua saúde e de informações oficiais divulgadas a conta-gotas, com os primeiros pêsames dos países estrangeiros a televisão estatal precisou finalmente anunciar a notícia na noite de sexta-feira.

O apresentador anunciou em uzbeque e depois em russo que o coração do presidente parou de bater na sexta-feira às 20h15 (12h15 de Brasília) e que ele foi declarado morto 40 minutos mais tarde.

"Transição complicada"

Em um país desprovido de tradição democrática, a sucessão levanta muitas dúvidas e anuncia um período complicado. Segundo a Constituição, o presidente do Senado, Nigmatilla Iuldachev, assumirá interinamente o cargo.

Mas, segundo os especialistas, ao menos três integrantes do alto escalão do país podem querer assumir o lugar de Karimov.

O primeiro-ministro, Shavkat Mirziyoyev, dirige a comissão que organiza o funeral, o que prova o papel importante que pode ter a partir de agora.

Outros dois homens também estão na mira: o vice-primeiro-ministro Rustam Azimov e o poderoso chefe da segurança, Rustam Inoyatov, considerado um dos responsáveis pela morte de entre 300 e 500 participantes de uma manifestação em Andijan (leste) em 2005, reprimida pelas forças de segurança.

O presidente russo, Vladimir Putin , lamentou uma "grande perda" e lembrou que Karimov "era um homem de Estado de grande autoridade e um verdadeiro líder", em um telegrama de condolências publicado pelo Kremlin.

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O Uzbequistão se despedia neste sábado de seu presidente Islam Karimov, morto aos 78 anos de uma hemorragia cerebral depois de ter dirigido com mão de ferro por mais de um quarto de século o país mais populoso da Ásia central.

O funeral do primeiro e único presidente do Uzbequistão desde sua independência, elogiado por seus partidários por ter mantido a estabilidade do país, mas acusado por seus opositores de violar os direitos humanos, é realizado em sua cidade natal, Samarcanda, joia histórica da chamada "rota da seda".

As autoridades deste Estado muçulmano, vizinho do Afeganistão e ex-república Soviética, decretaram três dias de luto nacional a partir deste sábado.

A televisão nacional mostrou na manhã deste sábado a multidão que lotava as principais avenidas da capital, Taskent, por onde passou o cortejo fúnebre que transportava o corpo do presidente. Um grupo de militares levou o caixão até o avião, rumo a Samarcanda, no sul do país.

Na cidade natal do chefe de Estado, muitos uzbeques acompanhavam a passagem do cortejo, mas poucos deles puderam entrar no local do funeral.

Entre os convidados oficiais figuram o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, que chegou às 08h00 GMT (05h00 de Brasília) a Samarcanda, o presidente do Tadjiquistão, Emomali Rajmon, e o primeiro-ministro do Cazaquistão, Karim Maximov.

"Grande perda"

"Se nosso presidente tivesse vivido mais 10 anos, o Uzbequistão estaria irreconhecível, mais forte", afirmou à AFP um homem de 58 anos. "Quando soubemos que havia morrido, toda a família começou a chorar, é uma grande perda para todos os uzbeques. Tornou nosso país mais livre e desenvolvido".

Nascido em 30 de janeiro de 1938, o presidente uzbeque escalou todos os postos da estrutura do Partido Comunista na época da URSS até ficar à frente da república soviética do Uzbequistão.

Após a independência do país, em 1991, conseguiu permanecer no poder e dedicou suas forças a eliminar seus oponentes.

Muitas organizações acusam Karimov, reeleito em 2015, de ter manipulado as eleições em diversas ocasiões, de ter detido centenas de opositores de forma arbitrária e de apoiar o uso da tortura nas prisões.

Foi hospitalizado em 27 de agosto depois de sofrer uma hemorragia e foi colocado imediatamente em reanimação.

Depois de uma semana de rumores sobre sua saúde e de informações oficiais divulgadas a conta-gotas, com os primeiros pêsames dos países estrangeiros a televisão estatal precisou finalmente anunciar a notícia na noite de sexta-feira.

O apresentador anunciou em uzbeque e depois em russo que o coração do presidente parou de bater na sexta-feira às 20h15 (12h15 de Brasília) e que ele foi declarado morto 40 minutos mais tarde.

"Transição complicada"

Em um país desprovido de tradição democrática, a sucessão levanta muitas dúvidas e anuncia um período complicado. Segundo a Constituição, o presidente do Senado, Nigmatilla Iuldachev, assumirá interinamente o cargo.

Mas, segundo os especialistas, ao menos três integrantes do alto escalão do país podem querer assumir o lugar de Karimov.

O primeiro-ministro, Shavkat Mirziyoyev, dirige a comissão que organiza o funeral, o que prova o papel importante que pode ter a partir de agora.

Outros dois homens também estão na mira: o vice-primeiro-ministro Rustam Azimov e o poderoso chefe da segurança, Rustam Inoyatov, considerado um dos responsáveis pela morte de entre 300 e 500 participantes de uma manifestação em Andijan (leste) em 2005, reprimida pelas forças de segurança.

O presidente russo, Vladimir Putin , lamentou uma "grande perda" e lembrou que Karimov "era um homem de Estado de grande autoridade e um verdadeiro líder", em um telegrama de condolências publicado pelo Kremlin.

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