Uma tímida marcha no Catar por uma grande mudança
Ruas do Catar servem de palco para uma passeata cujas faixas pediam aos países árabes para assumirem a liderança
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2012 às 20h47.
São Paulo - Caminhar cerca de um quilômetro não é muito, se pensarmos apenas na distância. Mas a distância era o que menos importava para os jovens manifestantes reunidos às 8 da amanhã na porta do Hotel Sheraton de Doha, no Catar, prontos para desfilar suas faixas e camisetas até o local onde se reúnem os negociadores da 18ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP18). Eles queriam desfraldar suas bandeiras e, acima de tudo, ser vistos.
A marcha foi organizada pelo recém-nascido Movimento pelo Clima da Juventude Árabe (AYCM, na sigla em inglês), que já tem representantes em 15 países do Oriente Médio e Norte da África: Catar, Mauritânia, Marrocos, Jordânia, Líbia, Tunísia, Palestina, Líbano, Iraque, Argélia, Sudão, Oman, Egito, Bahrain e Emirados Árabes Unidos. E contou com a ajuda das entidades parceiras: IndyACT, OASIS Doha, 350.org, Climate Action Network e campanha global TckTckTck.
Até aí nenhuma grande novidade: toda COP do Clima tem manifestações de rua com organizações não governamentais unidas e seus cartazes, camisetas e discursos. Os jovens sempre batem ponto à porta do evento oficial, cada um exigindo a seu modo um comprometimento maior dos representantes oficiais para com o futuro de sua geração (e todos com razão).
O inédito deste sábado estava no fato de as ruas do Catar nunca terem servido de palco para uma passeata e no fato de as faixas pedirem aos países árabes para assumirem a liderança. Não só se comprometerem com a redução de emissões de carbono - atenção – mas liderarem o processo de negociação.
Será que o pedido só reflete a crise de credibilidade nas convenções ambientais anuviadas pelas dificuldades econômicas dos países industrializados, tradicionais financiadores das mudanças? Ou podemos enxergar além?
Como sabemos, a riqueza de uma boa parte dos países árabes é o petróleo. Eles são os maiores emissores de carbono per capita e os maiores interessados em manter o petróleo na base da energia mundial. Por isso mesmo, seus negociadores sempre cuidaram de emperrar os acordos que pudessem implicar em restrições a seus negócios. E um punhado de jovens empunhando faixas não vai mudar essa “tradição” da noite para o dia.
No entanto, juntando a marcha com outros sinais – como o fato de esta ser a primeira COP realizada num país árabe, após a primavera árabe – não deixa de ser uma esperancinha que nasce. Tímida, por enquanto. Mas não sem importância.
São Paulo - Caminhar cerca de um quilômetro não é muito, se pensarmos apenas na distância. Mas a distância era o que menos importava para os jovens manifestantes reunidos às 8 da amanhã na porta do Hotel Sheraton de Doha, no Catar, prontos para desfilar suas faixas e camisetas até o local onde se reúnem os negociadores da 18ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas (COP18). Eles queriam desfraldar suas bandeiras e, acima de tudo, ser vistos.
A marcha foi organizada pelo recém-nascido Movimento pelo Clima da Juventude Árabe (AYCM, na sigla em inglês), que já tem representantes em 15 países do Oriente Médio e Norte da África: Catar, Mauritânia, Marrocos, Jordânia, Líbia, Tunísia, Palestina, Líbano, Iraque, Argélia, Sudão, Oman, Egito, Bahrain e Emirados Árabes Unidos. E contou com a ajuda das entidades parceiras: IndyACT, OASIS Doha, 350.org, Climate Action Network e campanha global TckTckTck.
Até aí nenhuma grande novidade: toda COP do Clima tem manifestações de rua com organizações não governamentais unidas e seus cartazes, camisetas e discursos. Os jovens sempre batem ponto à porta do evento oficial, cada um exigindo a seu modo um comprometimento maior dos representantes oficiais para com o futuro de sua geração (e todos com razão).
O inédito deste sábado estava no fato de as ruas do Catar nunca terem servido de palco para uma passeata e no fato de as faixas pedirem aos países árabes para assumirem a liderança. Não só se comprometerem com a redução de emissões de carbono - atenção – mas liderarem o processo de negociação.
Será que o pedido só reflete a crise de credibilidade nas convenções ambientais anuviadas pelas dificuldades econômicas dos países industrializados, tradicionais financiadores das mudanças? Ou podemos enxergar além?
Como sabemos, a riqueza de uma boa parte dos países árabes é o petróleo. Eles são os maiores emissores de carbono per capita e os maiores interessados em manter o petróleo na base da energia mundial. Por isso mesmo, seus negociadores sempre cuidaram de emperrar os acordos que pudessem implicar em restrições a seus negócios. E um punhado de jovens empunhando faixas não vai mudar essa “tradição” da noite para o dia.
No entanto, juntando a marcha com outros sinais – como o fato de esta ser a primeira COP realizada num país árabe, após a primavera árabe – não deixa de ser uma esperancinha que nasce. Tímida, por enquanto. Mas não sem importância.