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Ultranacionalista será ministro da Defesa de Israel

Após uma semana de negociações, os aliados de Netanyahu e Lieberman fecharam um acordo para que o ultranacionalista assuma o crucial ministério da Defesa


	Lieberman e Netanyahu: outro integrante de seu partido ultranacionalista será o ministro da Absorção, ou seja, da Imigração
 (Ammar Awad / Reuters)

Lieberman e Netanyahu: outro integrante de seu partido ultranacionalista será o ministro da Absorção, ou seja, da Imigração (Ammar Awad / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2016 às 16h35.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quarta-feira um acordo para a entrada em seu governo do ultranacionalista Avigdor Lieberman, chamado de "verdadeira ameaça" de instabilidade na região por líderes palestinos.

Após uma semana de intensas negociações, os aliados de Netanyahu e Lieberman fecharam um acordo para que o ultranacionalista assuma o crucial ministério da Defesa, que supervisiona os Territórios Palestinos.

Outro integrante de seu partido ultranacionalista será o ministro da Absorção, ou seja, da Imigração.

Esta reforma ministerial eleva de 61 para 66 assentos a maioria de Netanyahu no Parlamento, que tem 120 deputados. De acordo com analistas, este é o governo mais à direita da história de Israel.

O primeiro-ministro tenta ampliar seu governo desde sua vitória nas legislativas de março de 2015, que lhe deram a maioria parlamentar.

Os analistas questionam sobre um possível endurecimento da política em relação aos palestinos com a chegada ao ministério da Defesa de um homem conhecido pelas diatribes antiárabes e o populismo belicoso.

Lieberman tentou reduzir os temores e prometeu uma política "responsável e equilibrada" no ministério da Defesa.

"A primeira coisa com a qual me comprometo é uma política responsável, razoável", disse à imprensa Lieberman, antes de defender uma "política equilibrada".

"Meu governo continuará a procurar a paz com os palestinos e todos os nossos vizinhos", ressaltou.

Mas Lieberman é uma figura detestada pelos palestinos, que consideram sua entrada no governo israelense uma "verdadeira ameaça" de instabilidade regional.

"Este governo acarreta uma ameaça real de instabilidade e de extremismo na região", disse à AFP o número dois da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat.

O movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, denunciou o retorno de Liebermann como "uma escalada no racismo e no extremismo".

Liebermann foi ministro das Relações Exteriores (2009-2012 e 2013-2015), durante governos de Netanyahu.

Poucos dias antes do início das negociações com Netanyahu, Lieberman acusou o governo de falta de firmeza ante os ataques palestinos e de não construir colônias nos grandes blocos da Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.

Lieberman, de 57 anos, substitui na Defesa Mosheh Yaalon, considerado um adepto da moderação em relação aos palestinos.

Mas Liebermann - ao contrário de outros integrantes deste governo repleto de nacionalistas religiosos, à direita do partido Likud - não é hostil à criação de um Estado palestino.

Ele, no entanto, defende uma troca de territórios, que passaria à administração palestina uma parte da minoria árabe de Israel, contra as colônias da Cisjordânia.

A ideia é considerada inaceitável pelos palestinos.

Alguns analistas políticos acreditam que Lieberman pode adotar uma postura pragmática no ministério, sob a liderança de Netanyahu.

Os dois já travaram disputas no passado e Lieberman descreveu recentemente o primeiro-ministro como "um mentiroso, um trapaceiro e um crápula".

Durante as negociações para entrar no governo, Lieberman defendia a possibilidade de aplicar a pena de morte aos autores dos atentados anti-israelenses.

Pelos termos do acordo, ele conseguiu que a pena pronunciada pelos tribunais militares não precise mais da unanimidade dos três juízes, e sim da maioria.

Mas, de fato, Israel não aplica a pena de morte desde 1962.

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