UE quer reforma que permita à OMS fazer pesquisas independentes
Documento do bloco diz que as expectativas da comunidade internacional excedem a capacidade de atuação que a organização tem hoje
Fabiane Stefano
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 18h29.
Os Estados da União Europeia (UE) concordaram, nesta sexta-feira (30), em pedir uma reforma profunda da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de torná-la "mais poderosa" e permitir que conduza pesquisas "independentes".
Em uma reunião de ministros europeus da saúde, representantes dos 27 países do bloco expressaram "acordo unânime para reformar" a OMS, que deve se tornar "mais transparente, mais eficiente e mais poderosa", disse o ministro alemão Jens Spahn a jornalistas. "Queremos começar agora, e não esperar o fim da pandemia. Esse debate deve ocorrer em paralelo."
Ministros europeus debateram os termos de uma declaração conjunta a ser aprovada em novembro. No rascunho da declaração, ao qual a AFP teve acesso, a UE menciona que a OMS, situada na linha de frente do combate à propagação da covid-19, estava mal equipada para desempenhar esse papel.
"Embora a OMS tenha um mandato amplo, a recente pandemia mostrou que as expectativas da comunidade internacional em relação à organização (...) em geral excedem o que as capacidades atuais da OMS podem fornecer", menciona o documento preliminar.
Os membros da UE ressaltam "os desafios (...) enfrentados pela OMS no atual contexto geopolítico". Em particular, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusa a OMS de ser muito próxima da China, e seu governo iniciou procedimentos para retirar os Estados Unidos da organização.
Por esta razão, os países da UE pedem "para continuar a fortalecer (...) a independência, o trabalho normativo, a capacidade técnica, a responsabilização, a eficiência e a transparência" da OMS. Entre as vias exploradas no projeto de declaração, está "a possibilidade de conduzir avaliações epidemiológicas independentes no terreno em áreas de alto risco (para a propagação do vírus) em estreita ligação com os Estados".