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UE defende o futuro do euro frente dúvidas dos mercados

Autoridades européias negam que moeda única esteja atrapalhando a região e acreditam que países vão superar a crise

Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, negou uma crise do euro (Chung Sung-Jun/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 16h30.

Davos, Suíça - A Europa defende o futuro do euro e a coesão da União Monetária, diante das dúvidas dos mercados e de alguns analistas de que os países periféricos serão capazes de solucionar seus problemas financeiros.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, disse nesta quinta-feira em Davos que não há crise na moeda única, mas alguns países da zona do euro têm problemas que devem ser solucionados.

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"Não há crise da divisa europeia. Isso é absolutamente óbvio", declarou Trichet.

Ele considerou que o euro deu o que lhe foi pedido: estabilidade de preços a médio prazo.

Trichet destacou que não existe uma contradição entre o crescimento econômico e a redução do déficit na zona do euro. "Quando há uma moeda única, você precisa de uma união econômica muito forte com mecanismos de sanção."

A crise da dívida soberana europeia é um dos assuntos que mais atenção monopoliza nas reuniões e foros de discussão dos principais líderes políticos, econômicos e financeiros em Davos.

França e Alemanha responderam dessa vez aos chamados "eurocéticos" unidos na defesa do euro e da coesão da zona do euro.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, indicou que "o euro é a Europa" e que a União Europeia (UE) nunca deixará a moeda única fracassar.

"Nem a chanceler alemã, Angela Merkel, nem eu jamais deixaremos o euro cair", enfatizou Sarkozy, que falava em sua qualidade de presidente do Grupo dos Oito (G8, países mais ricos do mundo) e do Grupo dos 20 (G20, países ricos e emergentes) perante uma plateia de líderes políticos e econômicos.

Segundo ele, o dólar continuará sendo a moeda dominante da economia mundial, mas não será a única a predominar.

O investidor e milionário americano George Soros, por outro lado, previu que a crise fiscal da zona do euro possa provocar a desintegração da UE.

O investidor previu que países como a Grécia e Irlanda, que tiveram de receber ajuda do fundo de resgate europeu, terão crescimento muito mais devagar que outras partes da zona do euro.

"A crise do euro está a caminho de ser resolvida", declarou Soros. Segundo ele, a resolução das consequências da crise poderiam ser apoiadas por "uma cooperação em política fiscal e o estabelecimento de um fundo de apoio de emergência permanente"


Neste sentido, o primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, ressaltou que um Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) "mais forte e flexível poderia acalmar os mercados financeiros".

Em seu discurso no Fórum Econômico de Davos, Papandreou considerou que este fundo é a principal ferramenta para acalmar os mercados e enfrentar os problemas da dívida soberana dos países da zona do euro.

Por isso, Papandreou disse que o EFSF deve ser suficientemente "robusto" e "flexível" para intervir, mas preferiu não dar detalhes técnicos.

O mecanismo de resgate da zona do euro consta de três partes: uma primeira, garantida pelo orçamento europeu denominada Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (EFSM, na sigla em inglês); uma segunda, garantida pelos Estados-membros da zona do euro, conhecida como Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, em inglês); e a contribuição do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Trichet já manifestou em outras ocasiões que a entidade monetária europeia busca melhorar "qualitativa e quantitativamente" o fundo de resgate para que possa intervir, inclusive a possibilidade de o EFSF comprar dívida pública dos países da zona do euro que atualmente atravessam dificuldades de financiamento.

Desse modo, o BCE ficaria livre dessa tarefa que realiza atualmente.

O BCE comprou até agora bônus públicos da zona do euro no valor de 76,5 bilhões de euros (US$ 104,805 bilhões).

A entidade monetária intensificou a compra de dívida pública da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha nos momentos em que esses países foram penalizados pelos mercados.

No entanto, o BCE só publica o volume de dívida adquirido semanalmente, mas não especifica o país de procedência da dívida pública.

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