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Ucrânia dissolve forças antimotins e anunciará novo gabinete

Os novos líderes pró-ocidentais da Ucrânia dissolveram a temida polícia antimotins, e se preparavam para anunciar a formação de um novo governo

O presidente interino da Ucrânia, Aleksander Turchinov: novo governo deverá enfrentar uma situação econômica catastrófica (Sergei Supinsky/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2014 às 12h55.

Kiev - Os novos líderes pró-ocidentais da Ucrânia dissolveram nesta quarta-feira a temida polícia antimotins - a Berkut - e se preparavam para anunciar a formação de um novo governo , que deverá enfrentar uma situação econômica catastrófica.

O anúncio do novo governo será formalizado às 19h00 locais (14h00 de Brasília) na Maidan, a Praça da Independência de Kiev, indicou o deputado Valery Patskan no site do partido Udar.

O gesto terá um grande simbolismo, já que a praça Maidan foi o epicentro dos protestos que começaram há três meses e derrubaram no sábado o presidente Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia.

O partido Udar é liderado por Vitali Klitschko, o ex-campeão mundial peso pesado de boxe, que se converteu em uma das principais figuras do movimento de contestação e que já é candidato às eleições presidenciais de 25 de maio.

As autoridades interinas desta ex-república soviética tentam enfrentar as ameaças de separatismo das regiões russófonas do leste e do sul e afastar o fantasma de um default iminente.

Yanukovich e as autoridades de seu governo estão atualmente em paradeiro desconhecido, provavelmente na península da Crimeia (sul).

Os protestos começaram em novembro contra a decisão de Yanukovich de preferir uma aproximação com a Rússia em detrimento de um acordo comercial com a União Europeia (UE).

A Rússia congelou nesta semana a entrega do milionário empréstimo que concedeu à Ucrânia para selar esta aliança.

O governo ucraniano enfrenta pagamentos de sua dívida pública de 13 bilhões de dólares neste ano e tem menos de 18 bilhões em suas reservas, que devem se esgotar rapidamente.

Para evitar a falência, as novas autoridades pediram que os países ocidentais e os organismos internacionais lhe concedam créditos no valor de 35 bilhões de dólares nos próximos dois anos.

Tanto os Estados Unidos quanto a Grã-Bretanha apoiaram a ideia de montar uma operação de resgate econômico para a Ucrânia que seria supervisionada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).


A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, terminou, no entanto, na terça-feira sua visita de dois dias a Kiev mencionando apenas uma solução financeira no curto prazo, sem dizer uma palavra sobre a possibilidade de conceder os bilhões de dólares solicitados pelo primeiro-ministro interino, Olexander Turchynov.

O secretário americano de Estado, John Kerry, e o chanceler britânico, William Hague, rejeitaram, por outro lado, as declarações dos líderes russos de que estavam obrigando a Ucrânia a fazer uma escolha histórica entre o Leste e o Oeste.

"Isso não é um jogo, não é o Oeste contra o Leste", declarou Kerry depois de receber na terça-feira Hague em Washington.

"Os Berkut deixaram de existir"

O ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, anunciou nesta quarta-feira em sua página do Facebook a dissolução da polícia antimotins Berkut.

O ódio por estas forças especiais é amplamente compartilhado em todas as regiões deste país de 46 milhões de habitantes.

"Os Berkut deixaram de existir", escreveu Avakov.

"Assinei o decreto número 144, datado de 25 de fevereiro de 2014, sobre a dissolução das unidades especiais da polícia Berkut", acrescentou.

Os Berkut lideraram a repressão das manifestações opositoras de Kiev na semana passada, que deixaram 90 mortos, uma dezena deles policiais.

Avakov se absteve de informar a maneira como será realizada a dissolução deste corpo, um dos mais bem armados e treinados da Ucrânia, com um contingente de 5.000 efetivos mobilizados em todos os cantos do país.

Prometeu, no entanto, fornecer mais detalhes sobre a medida ainda nesta quarta-feira.

Turchynov e sua equipe interina foram catalogados pela Rússia e seus aliados ucranianos como líderes de um "motim armado".

Por outro lado, os novos líderes obtêm um crescente apoio das potências ocidentais, embora ainda estejam pendentes questões sobre a legitimidade constitucional da decisão parlamentar de destituir Yanukovich e de libertar a líder opositora Yulia Tymoshenko.

As potências ocidentais tentam, no entanto, acalmar as tensões com Moscou.

Hague, que viajará em breve à Ucrânia, ressaltou depois das negociações com Kerry que a Ucrânia "precisa de ajuda financeira de muitas fontes, incluindo a Rússia".

Já Kerry declarou que seu país também quer trabalhar com Moscou "e com todos os que estiverem disponíveis para garantir que isso seja pacífico de hoje em diante".

O subsecretário de Estado americano, William Burns, chegou na terça-feira a Kiev.

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Kiev - Os novos líderes pró-ocidentais da Ucrânia dissolveram nesta quarta-feira a temida polícia antimotins - a Berkut - e se preparavam para anunciar a formação de um novo governo , que deverá enfrentar uma situação econômica catastrófica.

O anúncio do novo governo será formalizado às 19h00 locais (14h00 de Brasília) na Maidan, a Praça da Independência de Kiev, indicou o deputado Valery Patskan no site do partido Udar.

O gesto terá um grande simbolismo, já que a praça Maidan foi o epicentro dos protestos que começaram há três meses e derrubaram no sábado o presidente Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia.

O partido Udar é liderado por Vitali Klitschko, o ex-campeão mundial peso pesado de boxe, que se converteu em uma das principais figuras do movimento de contestação e que já é candidato às eleições presidenciais de 25 de maio.

As autoridades interinas desta ex-república soviética tentam enfrentar as ameaças de separatismo das regiões russófonas do leste e do sul e afastar o fantasma de um default iminente.

Yanukovich e as autoridades de seu governo estão atualmente em paradeiro desconhecido, provavelmente na península da Crimeia (sul).

Os protestos começaram em novembro contra a decisão de Yanukovich de preferir uma aproximação com a Rússia em detrimento de um acordo comercial com a União Europeia (UE).

A Rússia congelou nesta semana a entrega do milionário empréstimo que concedeu à Ucrânia para selar esta aliança.

O governo ucraniano enfrenta pagamentos de sua dívida pública de 13 bilhões de dólares neste ano e tem menos de 18 bilhões em suas reservas, que devem se esgotar rapidamente.

Para evitar a falência, as novas autoridades pediram que os países ocidentais e os organismos internacionais lhe concedam créditos no valor de 35 bilhões de dólares nos próximos dois anos.

Tanto os Estados Unidos quanto a Grã-Bretanha apoiaram a ideia de montar uma operação de resgate econômico para a Ucrânia que seria supervisionada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).


A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, terminou, no entanto, na terça-feira sua visita de dois dias a Kiev mencionando apenas uma solução financeira no curto prazo, sem dizer uma palavra sobre a possibilidade de conceder os bilhões de dólares solicitados pelo primeiro-ministro interino, Olexander Turchynov.

O secretário americano de Estado, John Kerry, e o chanceler britânico, William Hague, rejeitaram, por outro lado, as declarações dos líderes russos de que estavam obrigando a Ucrânia a fazer uma escolha histórica entre o Leste e o Oeste.

"Isso não é um jogo, não é o Oeste contra o Leste", declarou Kerry depois de receber na terça-feira Hague em Washington.

"Os Berkut deixaram de existir"

O ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, anunciou nesta quarta-feira em sua página do Facebook a dissolução da polícia antimotins Berkut.

O ódio por estas forças especiais é amplamente compartilhado em todas as regiões deste país de 46 milhões de habitantes.

"Os Berkut deixaram de existir", escreveu Avakov.

"Assinei o decreto número 144, datado de 25 de fevereiro de 2014, sobre a dissolução das unidades especiais da polícia Berkut", acrescentou.

Os Berkut lideraram a repressão das manifestações opositoras de Kiev na semana passada, que deixaram 90 mortos, uma dezena deles policiais.

Avakov se absteve de informar a maneira como será realizada a dissolução deste corpo, um dos mais bem armados e treinados da Ucrânia, com um contingente de 5.000 efetivos mobilizados em todos os cantos do país.

Prometeu, no entanto, fornecer mais detalhes sobre a medida ainda nesta quarta-feira.

Turchynov e sua equipe interina foram catalogados pela Rússia e seus aliados ucranianos como líderes de um "motim armado".

Por outro lado, os novos líderes obtêm um crescente apoio das potências ocidentais, embora ainda estejam pendentes questões sobre a legitimidade constitucional da decisão parlamentar de destituir Yanukovich e de libertar a líder opositora Yulia Tymoshenko.

As potências ocidentais tentam, no entanto, acalmar as tensões com Moscou.

Hague, que viajará em breve à Ucrânia, ressaltou depois das negociações com Kerry que a Ucrânia "precisa de ajuda financeira de muitas fontes, incluindo a Rússia".

Já Kerry declarou que seu país também quer trabalhar com Moscou "e com todos os que estiverem disponíveis para garantir que isso seja pacífico de hoje em diante".

O subsecretário de Estado americano, William Burns, chegou na terça-feira a Kiev.

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