Turquia: todas as cartas em mãos
A crise dos refugiados na Europa pode ficar mais grave nesta quinta-feira. O parlamento europeu deve votar pela suspensão do acordo com a Turquia, país que concordou em receber de volta os imigrantes que tentam entrar na Europa pela Grécia, após cruzar o Mar Egeu. O bloco ainda não tem plano B, mas o presidente turco […]
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 19h15.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h15.
A crise dos refugiados na Europa pode ficar mais grave nesta quinta-feira. O parlamento europeu deve votar pela suspensão do acordo com a Turquia, país que concordou em receber de volta os imigrantes que tentam entrar na Europa pela Grécia, após cruzar o Mar Egeu. O bloco ainda não tem plano B, mas o presidente turco Recep Tayyip Erdogan já move suas peças.
Desde março, quando foi firmado o acordo, os europeus seguem fazendo vista grossa para posturas antidemocráticas do governo turco para garantir seus interesses. Em julho, depois de uma tentativa fracassada de golpe na Turquia, o governo de Erdogan endureceu ainda mais, cerceando a liberdade de imprensa e prendendo milhares de opositores e jornalistas. Mas segue sendo eficiente no acordo. O número de imigrantes que chegam à Grécia por dia caíram de 2.000, no ano passado, para menos de 100, nas últimas semanas. Pelo suporte, a Turquia entraria no bloco europeu e ainda deveria receber 3,2 bilhões de euros até 2017, mas apenas 677 milhões foram repassados até agora.
Com os europeus descumprindo cláusulas do acordo, como a concessão de vistos de livre acesso para os turcos, Erdogan foi rápido em costurar apoio junto a novos aliados: Rússia e China. Esta semana, ele afirmou que conversou com o presidente Vladimir Putin sobre aderir à Organização para Cooperação de Xangai, focada em questões militares.
No ano que vem, a população deve decidir, por meio de referendo, se a Turquia deve suspender as negociações para adesão à União Europeia. O processo formal se arrasta desde 2005, mas as primeiras discussões datam da década de 1960. A votação desta quinta tem mais poder de aconselhamento do que de decisão, mas escancara a divisão e a perda de força política do bloco. Bom para a China e para a Rússia. Péssimo para os imigrantes.