Trump ameaça reduzir fundos para universidade após protestos
Centenas de manifestantes queimaram pedaços de madeira no meio da rua, quebraram vitrines de lojas e lançaram fogos de artifício e pedras contra a polícia
AFP
Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 13h36.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2017 às 13h36.
O presidente americano ameaçou nesta quinta-feira cortar o financiamento federal à universidade californiana de Berkeley, onde centenas de estudantes enfrentaram na quarta-feira a polícia em violentos protestos contra uma conferência do polêmico editor de um site ultraconservador de notícias.
"Se a UC (Universidade da Califórnia) Berkeley não permite a liberdade de expressão e exerce a violência contra pessoas inocentes que têm pontos de vista diferentes - NÃO HAVERÁ FUNDOS FEDERAIS", escreveu Donald Trump no Twitter.
Ao grito de "cale-se", centenas de manifestantes queimaram na noite de quarta-feira pedaços de madeira no meio da rua, quebraram vitrines de lojas e lançaram fogos de artifício e pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo.
"Cancelem!", pediram os estudantes, em referência à conferência de Milo Yiannopoulos, editor do site de extrema-direita Breitbart prevista na universidade.
O acesso ao centro foi bloqueado e a conferência de Yiannopoulos, conhecido por seus comentários provocativos nas redes sociais, cancelada.
O jornalista britânico é simpatizante de Trump, a quem chamou de "papai" durante a campanha presidencial, e se converteu em um dos rostos mais conhecidos do movimento "Direita Alternativa", "Alt-right" em inglês.
Protestos similares foram registrados na Universidade da Califórnia na cidade de Davis, a 100 km de Berkeley, que também precisou cancelar conversas com Yiannopoulos e com o ex-executivo farmacêutico Martin Shkreli.
Os dois eventos foram organizados por grupos de estudantes conservadores como parte do "Dangerous Faggot Tour" (que se traduziria como "Tour do Bicha Perigoso"). Na universidade UCLA de Los Angeles o evento foi cancelado, e Berkeley era a última escala da viagem.
Autoridades das três universidades afirmaram que não convidaram Yiannopoulos nem apoiam suas ideias, mas que permitiram o evento apegados ao direito à liberdade de expressão.
Mais de 100 professores de Berkeley enviaram uma carta no mês passado ao reitor da universidade para convocá-lo a cancelar o evento.
"Embora sejamos vigorosamente contrários às opiniões de Yiannopoulos - que defende a supremacia branca, a transfobia e a misoginia - é sua conduta daninha que nos leva a pedir o cancelamento deste evento", afirma uma das cartas.