Mundo

Tóquio reforça bairros vulneráveis para novos desastres

Mais de nove mil pessoas morreriam se ocorresse um tremor de mais de 7 graus na escala Richter no norte da baía que banha a cidade


	Tóquio: novas estimativas foram traçadas com quatro cenários sísmicos possíveis, nos quais foram incluídos terremotos em duas áreas
 (Wikimedia Commons)

Tóquio: novas estimativas foram traçadas com quatro cenários sísmicos possíveis, nos quais foram incluídos terremotos em duas áreas (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2012 às 19h50.

Tóquio - Quase um ano e meio depois do grande terremoto de 2011, Tóquio, uma das maiores metrópoles do mundo, continua buscando maneiras de reforçar seus bairros mais vulneráveis perante a ameaça de um novo tremor no coração da cidade.

Segundo uma nova estimativa do Instituto de Pesquisa de Terremotos da Universidade de Tóquio, mais de nove mil pessoas morreriam se ocorresse um tremor de mais de 7 graus na escala Richter no norte da baía que banha a cidade com mais de 30 milhões de habitantes.

Estes dados são resultados de medições de quase 300 sismógrafos, colocados em intervalos entre dois e cinco quilômetros no subsolo da região de Tóquio, em um projeto que levou quatro anos e foi concluído recentemente.

As leituras dos aparelhos permitiram estabelecer que o ponto de atrito da placa tectônica das Filipinas com a placa Euroasiática, sob o norte da baía de Tóquio, está dez quilômetros mais perto da superfície do que o estipulado anteriormente, o que representa a possibilidade de tremores mais intensos se um terremoto ocorrer neste ponto.

Graças aos estudos, novas estimativas foram traçadas com quatro cenários sísmicos possíveis, nos quais foram incluídos terremotos em duas áreas, a primeira delas na terra e a segunda no mar, fora da baía, o que provocaria inundações e um tsunami de mais de dois metros.

No entanto, um terremoto no norte da baía de Tóquio permanece como o pior cenário desta modalidade, com quase dez mil mortos, dos quais 5,6 mil faleceriam por conta da queda de telhados, cortes produzidos por vidros, queda de postes e desmoronamento de muros e prédios.

As outras pessoas morreriam em consequência dos incêndios em Shitamachi, a região mais antiga de Tóquio, especialmente em distritos como Edogawabashi, Arakawa, Adachi e Sumida, locais que possuem muitos imóveis fabricados com madeira, explicou à Agência Efe Shinichi Sakai, professor do Instituto de Pesquisa de Terremotos.


Por isso, tanto os governos destes distritos como os moradores trabalham para reforçar a necessidade de medidas de prevenção, visando à diminuição dos desastres.

Ichitera-Kototoi, bairro de Sumida, conta com muitas casas de madeira, algumas das quais sobreviveram milagrosamente ao terremoto de 1923 e aos bombardeios americanos, além de sinuosas e estreitas vielas.

''Gostaria de tornar nossas ruas mais largas para evitar a propagação de incêndios, além de eliminar muitos becos sem saída para facilitar a evacuação'', explicou um porta-voz do grupo de vizinhos Hitokotokai, Shigemoto Saara.

Deste modo, Ichitera-Kototoi conseguiu que, na hora de reformar seus imóveis, muitos moradores cedam um pouco de suas áreas para alargar algumas ruas, e inclusive que outros renunciem a uma boa faixa de terreno para que os becos tenham saída para outra via.

Além disso, Hitokotokai organiza treinamentos em colégios e conta com um sistema de calhas e tanques que armazena cerca de dez toneladas de água de chuva que, em caso de desastre, pode ser extraída com bombas manuais em diversos pontos do bairro para extinguir focos de incêndio e inclusive para consumo.

Graças a estas iniciativas, foi reforçado o espírito de comunidade. Cada vez mais moradores jovens e recém-chegados ao bairro se unem a Hitokotokai, da mesma forma como vem acontecendo em diversos grupos de vizinhos em todo país desde o ano passado, segundo Saara.

Os 12 mil moradores de Ichitera-Kototoi contam, desde maio, com um apoio extra: câmeras de precisão foram instaladas na Tokyo Skytree, a torre de comunicação mais alta do mundo, situada a poucos quilômetros.

Dois dispositivos foram colocados a 260 metros de altura e são coordenados pela própria torre e pelo Centro de Prevenção de Desastres de Sumida. Eles têm o poder de detectar, graças ao seu sistema avançado, um foco de incêndio inclusive no aeroporto de Haneda, a 18 quilômetros de distância. 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDesastres naturaisJapãoMeio ambienteMetrópoles globaisTóquio

Mais de Mundo

Biden promete a estudantes que escutará protestos por Gaza e trabalhará por 'paz duradoura'

Japão faz alerta depois de ursos atacarem diversas pessoas no nordeste do país

Espanha chama para consultas embaixadora na Argentina e exige desculpas de Milei

Após dois anos de pausa, Blue Origin, de Jeff Bezos, leva passageiros ao espaço

Mais na Exame