Mundo

Tiroteio do Oregon reabre debate sobre acesso às armas

O tiroteio no Oregon, no qual morreram nove pessoas e o atirador, reabriu o debate sobre como os cidadãos americanos têm um fácil acesso às armas de fogo


	Mulheres se abraçam após tiroteio em faculdade em Roseburg, Oregon
 (REUTERS/Steve Dipaola)

Mulheres se abraçam após tiroteio em faculdade em Roseburg, Oregon (REUTERS/Steve Dipaola)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 18h20.

Washington - O tiroteio no centro de estudos superiores Umpqua Community College, de Roseburg, no estado do Oregon, no qual morreram nove pessoas e o atirador, reabriu o debate sobre como os cidadãos americanos têm um fácil acesso às armas de fogo.

As autoridades do Condado de Douglas confirmaram nesta sexta-feira a identidade do atirador: Chris Harper Mercer, um jovem de 26 anos que invadiu ontem a escola técnica, por volta das 10h30 locais, equipado com seis armas, entre elas um fuzil de assalto.

Mercer morava com a mãe em um apartamento em Winchester (Oregon) desde 2013. Segundo o Exército, ele passou pelos testes de admissão em 2008, mas não completou os requisitos básicos necessários para a entrada nas Forças Armadas.

"O atirador colocou as pessoas em fila e perguntava se elas eram cristãs. Se diziam que sim, atirava na cabeça. Se diziam que não, disparava contra as pernas delas", explicou uma testemunha ao jornal local "Roseburg Beacon News".

No entanto, o xerife do Condado de Douglas, John Hanlin, indicou hoje se essa atitude extrema de fato ocorreu. As autoridades tentam descobrir mais detalhes sobre a motivação que levou o atirador, descrito como uma pessoa reservada, a disparar a sangue frio contra pelo menos 16 pessoas.

A Polícia ainda não esclareceu se Mercer suicidou ou foi morto, como foi inicialmente informado. Porém, o caos durou pelo menos 15 minutos, tempo que os agentes demoraram a responder às ligações dos alunos da instituição, onde estudam cerca de 3 mil pessoas.

A eficiência e a velocidade de resposta dos serviços de emergência americanos é o único avanço no que diz respeito às medidas para reduzir os tiroteios massivos em locais públicos nos Estados Unidos. Eles ocorrem com tanta frequência que, neste ano, já foram registrados cerca de 300, mais de um por dia.

O presidente dos EUA, Barack Obama, foi ontem o primeiro político a criticar os "rotineiros tiroteios" e a falta de avanços para melhorar os controles no acesso às armas, medida a qual se opõem parlamentares de ambos partidos e a poderosa Associação Nacional de Rifles (NRA).

Segundo afirmou em entrevista coletiva a agente especial do Birô de Armas e Explosivos (ATF), Celinez Núñez, o autor dos disparos comprou 13 armas de maneira legal nos últimos três anos e entrou no campus da instituição armado até os dentes.

Núñez explicou que os investigadores encontraram no centro universitário cinco carregadores, seis das armas, entre elas um fuzil, além de um colete à prova de balas.

Mercel guardava em casa outras sete armas, o que põe em cheque a facilidade com a qual uma pessoa pode montar um arsenal nos EUA sem ser notado pelas autoridades.

Histórias de heroísmo também se tornaram comuns na narrativa desse tipo de tiroteio. Dessa vez, o veterano do Exército Chris Mitz tentou defender as vítimas e, segundo testemunhas, foi baleado sete vezes pelo atirador.

Mintz, de 30 anos, tentou bloquear a entrada de Mercer em sua sala de aula e acabou recebendo vários tiros. Apesar disso, sobreviveu e se recupera dos graves ferimentos no hospital.

Vários pré-candidatos republicanos à presidência concordaram em apontar que é impossível evitar esse tipo de massacre. Para eles, pessoas com intenção de matar sempre encontraram uma maneira de cometer os crimes.

Em uma entrevista à emissora "MSNBC", o favorito das pesquisas republicanas, o magnata Donald Trump, afirmou que "essas coisas vão continuar ocorrendo".

"É algo horrível... Vai haver dificuldades e vão existir pessoas que escaparão do nosso controle", disse o milionário.

O ex-governador de Arkansas Mike Huckabee, outro dos aspirantes republicanos à indicação para as eleições presidenciais de 2016, disse à "CNN" que, como no caso de Tim Mcveigh, o autor do ataque terrorista de Oklahoma de 1995, que causou 168 mortes, uma pessoa que quiser matar vai encontrar um jeito de praticar o delito.

A governadora do Oregon, Kate Brown, destacou hoje que as autoridades devem "trabalhar melhor para prevenir esse tipo de tragédia", garantindo que as medidas devem ser tomadas em diferentes setores, já que "não há uma única solução" para o problema.

Ron Wyden, senador pelo Oregon, que acompanhou a governadora em entrevista coletiva, afirmou que as autoridades não podem "dar de ombros e seguir como tudo estivesse igual após a tragédia".

Wyden pediu um compromisso para fazer reformas que levem em conta "direitos e responsabilidades" dos proprietários de armas.

Desde a morte de 20 crianças em dezembro de 2012 na escola primária de Sandy Hook (Connecticut), Obama tem tentado promover melhores controles de acesso às armas para pessoas com problemas mentais, além de limitar a capacidade de carregadores. No entanto, o presidente não teve sucesso.

Os Estados Unidos são os recordistas de mortes por arma de fogo entre os países desenvolvidos. De 2004 a 2013, 316.545 perderam a vida dessa forma no país, segundo o Centro de Prevenção de Doenças (CDC). 

Acompanhe tudo sobre:ArmasEstados Unidos (EUA)MassacresPaíses ricos

Mais de Mundo

Milei se reunirá com Macron em viagem à França para abertura dos Jogos Olímpicos

'Tome chá de camomila', diz Maduro após Lula se preocupar com eleições na Venezuela

Maduro deve aceitar resultado das eleições se perder, diz ex-presidente argentino

Macron só vai nomear primeiro-ministro após Jogos Olímpicos

Mais na Exame