Execícios navais iranianos no estreito de Ormuz, em 3 de janeiro de 2012 (Ebrahim Noroozi/AFP)
Carla Aranha
Publicado em 26 de maio de 2020 às 20h25.
Última atualização em 26 de maio de 2020 às 22h15.
Desde domingo, dia 24, navios-tanques do Irã cheios de gasolina começaram a atracar em portos da Venezuela. O trajeto das embarcações é considerado uma afronta ao governo americano, que impede os países de fazerem qualquer tipo de transação comercial com o Irã – e muitos menos de transitar mercadorias no litoral do continente americano, bem debaixo dos olhos do presidente Donald Trump.
O governo dos Estados Unidos disse estar considerando respostas militares ao envio dos carregamentos de combustível ao governo de Nicolás Maduro, já que tanto o Irã como a Venezuela estão sob sanções econômicas e não podem comercializar petróleo por vias legais. Depois das ameaças americanas de retaliação, imediatamente o governo iraniano alertou os Estados Unidos que revidaria qualquer provocação de natureza militar.
Os navios saíram do Irã em abril, passaram pelo Mediterrâneo e agora cruzam o Atlântico para chegar à Venezuela. Até agora, as embcarcações têm transitado livremente. Mas os Estados Unidos mantêm uma ativa frota naval militar na região do Caribe, inclusive em áreas não muito distantes do litoral venezuelano.
“É uma situação muito delicada porque qualquer ato de intimidação dos Estados Unidos pode esbarrar no poderio geopolítico e militar da Rússia e China, que são aliados da Venezuela”, diz Maria Teresa Belandría, embaixadora extraordinária da Venezuela no Brasil, que representa o líder da oposição Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela em janeiro de 2019.
O Brasil, assim como outros 59 países, não reconhece o governo do presidente Nicolás Maduro, acusado de fraudar nas eleições de 2018. Juan Guaidó é considerado pela oposição venezuelana como presidente da Assembleia Nacional e, conforme a legislação, o representante oficial do país em caso de fraude nas eleições ou impedimento do presidente em exercer o poder.
Três das cinco embarcações iranianas carregadas com milhares de barris de gasolina já atracaram na Venezuela. O cargueiro Fortuna chegou nesta segunda, dia 25, à refinaria El Palito. Segundo fontes próximas ao governo venezuelano, o pagamento pela gasolina vendida pelo Irã foi paga em nove toneladas de barra de ouro, já que as reservas de dólar do país estão em seus estertores finais.
Um fator de preocupação entre os países ocidentais é que os laços entre o Irã e a Venezuela parecem estar se estreitando. “Propagandas com o aiatolá Khomenei estão passando na televisão e o governo da Venezuela não cansa de agradecer a ajuda dos iranianos”, diz o analista venezuelano do mercado de petróleo José Martin.
“A Venezuela foi tomada pelo crime organizado, o que envolve desde tráfico de drogas até o de armas, com apoio de grupos como as Farcs e operativos iranianos”, afirma Maria Teresa. “Não sabemos se os navios iranianos estão levando só gasolina, já que não é possível fiscalizar os carregamentos. Há a suspeita que possam carregar também armamentos”.
Enquanto isso, a Venezuela mergulha cada vez mais em uma penúria econômica. Muitas regiões do país não contam com o fornecimento contínuo de energia elétrica e água potável. Segundo especialistas no mercado de petróleo, o combustível vindo do Irã deverá abastecer o país por apenas dez dias.
“É só um paliativo”, diz Martin. “A situação aqui é calamitosa”. O conavírus só piora a situação de saúde pública e da economia no país. Já há algum tempo, há carência de remédio e equipamentos básico de medicina.
O Brasil, assim como outros 59 países, não reconhece o governo do presidente Nicolás Maduro, acusado de fraudar nas eleições de 2018.
Até agora, os navios iranianos estão transitando livremente pelo Atlântico. Três das cinco embarcações do Irã já atracaram na Venezuela. O cargueiro Fortuna chegou nesta segunda, dia 25, à refinaria El Palito. Segundo fontes próximas ao governo venezuelano, o pagamento pela gasolina vendida pelo Irã foi pago em nove toneladas de barra de ouro, já que as reservas de dólar do país estão nos estertores finais.
Outro fator de preocupação nos países ocidentais é que os laços entre o Irã e a Venezuela parecem estar se estreitando. “Propagandas com o aiatolá Khomenei estão passando na televisão e o governo da Venezuela não cansa de agradecer o apoio dos iranianos”, diz o analista venezuelano do mercado de petróleo José Martin.
“A Venezuela foi tomada pelo crime organizado, o que envolve desde tráfico de drogas até o de armas, com apoio de grupos como as Farcs e Aliança Libertadora Nacional”, afirma Maria Teresa.
Enquanto isso, a Venezuela mergulha cada vez mais em uma penúria econômica. Muitas regiões do país não contam com o fornecimento contínuo de energia elétrica e água potável. Segundo especialistas do mercado de petróleo, o combustível vindo do Irã deverá abastecer o país por apenas dez dias. “É só um paliativo”, diz Martin. “A situação aqui é calamitosa”. O conavírus só piora a situação de saúde no país, em que há carência de remédio e equipamentos básico de medicina.