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Tema paz fica ausente do debate eleitoral israelense

Com o perigo de um Irã com tecnologia nuclear como nova prioridade, o primeiro-ministro de Israel conseguiu deixar o conflito com os palestinos em segundo plano

Benjamin Netanyahu: primeiro-ministro está empenhado em acelarar a construção dos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental (Uriel Sinai/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2013 às 19h56.

Jerusalém - Pela primeira vez, o tema paz com os palestinos" ficou fora do debate eleitoral israelense, embora não deixe de estar presente nas páginas dos jornais e nas mentes dos moradores do país, que veem um futuro cada vez mais incerto.

Com o perigo de um Irã com tecnologia nuclear como nova prioridade, o primeiro-ministro de Israel , Benjamin Netanyahu, conseguiu deixar o conflito com os palestinos em segundo plano.

Além disso, a relativa calma em questão de segurança vivida durante quatro anos de seu segundo mandato permitiu criar uma esperança que o atual "status quo" pode manter por muito tempo.

No entanto, para grande parte da comunidade internacional e a maioria dos observadores, a ausência de uma solução para o conflito pesa na vida dos israelenses e, no futuro, pode ser um problema sem solução para o Estado judeu.

O empenho de Netanyahu em acelarar a construção dos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental faz com que chegar a uma solução entre os dois Estados seja cada vez mais difícil.


Israel tem atualmente cerca de oito milhões de habitantes, um quinto deles árabes, que somados aos cinco milhões de palestinos na Cisjordânia e em Gaza praticamente empatariam com os israelenses em número.

Nos últimos anos, o número de colonos judeus nos territórios palestinos cresceu a um ritmo próximo de 4%, para mais de 350 mil na Cisjordânia e outros 200 mil em Jerusalém Oriental.

"Continuaremos reforçando os assentamentos, continuaremos vivendo e construindo em Jerusalém, que permancerá unida sob soberania israelense", disse Netanyahu no ato de lançamento de sua campanha eleitoral em coalizão com a formação ultranacionalista Yisrael Beiteinu.

Nesta quarta-feira, em respostas às duras acusações do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de ser um covarde político que leva seu país ao isolamento com a ampliação das colônias, o primeiro-ministro ostentava ter "aguentado enormes pressões" em seus quatro anos de governo.

"Queriam que moderássemos nossos esforços no tema iraniano, que dividíssemos Jerusalém e deixássemos de contruir na cidade. Contivemos e vencemos essas pressões", acrescentou, sobre as supostas palavras de Obama, citadas por um jornalista americano.

O escritor Amos Oz, o mais conhecido do país, qualificou o governo de Netanyahu como "o mais antissionista da história de Israel" por ignorar a questão demográfica.


Segundo ele, se a solução entre os dois Estados for impossibilitada, "haverá também um Estado árabe", já que os judeus não poderão manter "uma situação de apartheid indefinidamente sem permitir o voto a uma maioria árabe".

As enquentes continuam a apontar que mais de 60% dos israelenses apoiam a solução de dois Estados, mas também que a maioria deles acredita que, qualquer que seja o governo, o processo de paz não avançará por razões alheias a Israel.

Após a esperança por conta do processo de Oslo em 1993, a Segunda Intifada, que começou em setembro de 2000, criou uma grande frustração entre os israelenses sobre as possibilidades de alcançar um acordo de paz com os palestinos.

Netanyahu adverte que uma retirada unilateral da Cisjordânia, que alguns veem como única solução para o atual bloqueio, poderia criar um cenário similar ao de Gaza, onde a saída de israelenses acompanhou a tomada de poder pelos islamistas do Hamas e o aumento do lançamento de foguetes em direção a Israel.

A centro-esquerda israelense, ciente do desinteresse da população no processo de paz, deixou também de dar prioridade para suas propostas eleitorais, centradas mais em temas sociais e econômicos.


A líder do Partido Trabalhista, Shelly Yachimovich, que nas pesquisas é apontada como líder da oposição na próxima formação do Knesset (parlamento), ilude para não espantar o voto dos colonos menos radicais e dos israelenses indecisos.

Somente Tzipi Livni, antiga chefe da oposição e fundadora do novo partido Hatnuá, focou sua mensagem eleitoral dizendo que o projeto sionista "corre um grave perigo", e acusa Netanyahu de dirigir o país "em direção a seu fim como Estado judeu".

Mesmo assim, o caminho que seguirá o estagnado processo de paz dependerá da coalizão de governo que for formada após as eleições e do nível de pressão que for exercido neste sentido pela nova administração de Obama.

O sempre imprevisível e surpreendente Netanyahu pode optar por manter sua maioria com os partidos ultra-ortodoxos e nacionalistas, mas também pode tentar incluir algum partido de centro como o de Livni ou o do ex-jornalista Yair Lapid, reforçando sua busca pela paz e assegurando seu desejado lugar na história.

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Jerusalém - Pela primeira vez, o tema paz com os palestinos" ficou fora do debate eleitoral israelense, embora não deixe de estar presente nas páginas dos jornais e nas mentes dos moradores do país, que veem um futuro cada vez mais incerto.

Com o perigo de um Irã com tecnologia nuclear como nova prioridade, o primeiro-ministro de Israel , Benjamin Netanyahu, conseguiu deixar o conflito com os palestinos em segundo plano.

Além disso, a relativa calma em questão de segurança vivida durante quatro anos de seu segundo mandato permitiu criar uma esperança que o atual "status quo" pode manter por muito tempo.

No entanto, para grande parte da comunidade internacional e a maioria dos observadores, a ausência de uma solução para o conflito pesa na vida dos israelenses e, no futuro, pode ser um problema sem solução para o Estado judeu.

O empenho de Netanyahu em acelarar a construção dos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental faz com que chegar a uma solução entre os dois Estados seja cada vez mais difícil.


Israel tem atualmente cerca de oito milhões de habitantes, um quinto deles árabes, que somados aos cinco milhões de palestinos na Cisjordânia e em Gaza praticamente empatariam com os israelenses em número.

Nos últimos anos, o número de colonos judeus nos territórios palestinos cresceu a um ritmo próximo de 4%, para mais de 350 mil na Cisjordânia e outros 200 mil em Jerusalém Oriental.

"Continuaremos reforçando os assentamentos, continuaremos vivendo e construindo em Jerusalém, que permancerá unida sob soberania israelense", disse Netanyahu no ato de lançamento de sua campanha eleitoral em coalizão com a formação ultranacionalista Yisrael Beiteinu.

Nesta quarta-feira, em respostas às duras acusações do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de ser um covarde político que leva seu país ao isolamento com a ampliação das colônias, o primeiro-ministro ostentava ter "aguentado enormes pressões" em seus quatro anos de governo.

"Queriam que moderássemos nossos esforços no tema iraniano, que dividíssemos Jerusalém e deixássemos de contruir na cidade. Contivemos e vencemos essas pressões", acrescentou, sobre as supostas palavras de Obama, citadas por um jornalista americano.

O escritor Amos Oz, o mais conhecido do país, qualificou o governo de Netanyahu como "o mais antissionista da história de Israel" por ignorar a questão demográfica.


Segundo ele, se a solução entre os dois Estados for impossibilitada, "haverá também um Estado árabe", já que os judeus não poderão manter "uma situação de apartheid indefinidamente sem permitir o voto a uma maioria árabe".

As enquentes continuam a apontar que mais de 60% dos israelenses apoiam a solução de dois Estados, mas também que a maioria deles acredita que, qualquer que seja o governo, o processo de paz não avançará por razões alheias a Israel.

Após a esperança por conta do processo de Oslo em 1993, a Segunda Intifada, que começou em setembro de 2000, criou uma grande frustração entre os israelenses sobre as possibilidades de alcançar um acordo de paz com os palestinos.

Netanyahu adverte que uma retirada unilateral da Cisjordânia, que alguns veem como única solução para o atual bloqueio, poderia criar um cenário similar ao de Gaza, onde a saída de israelenses acompanhou a tomada de poder pelos islamistas do Hamas e o aumento do lançamento de foguetes em direção a Israel.

A centro-esquerda israelense, ciente do desinteresse da população no processo de paz, deixou também de dar prioridade para suas propostas eleitorais, centradas mais em temas sociais e econômicos.


A líder do Partido Trabalhista, Shelly Yachimovich, que nas pesquisas é apontada como líder da oposição na próxima formação do Knesset (parlamento), ilude para não espantar o voto dos colonos menos radicais e dos israelenses indecisos.

Somente Tzipi Livni, antiga chefe da oposição e fundadora do novo partido Hatnuá, focou sua mensagem eleitoral dizendo que o projeto sionista "corre um grave perigo", e acusa Netanyahu de dirigir o país "em direção a seu fim como Estado judeu".

Mesmo assim, o caminho que seguirá o estagnado processo de paz dependerá da coalizão de governo que for formada após as eleições e do nível de pressão que for exercido neste sentido pela nova administração de Obama.

O sempre imprevisível e surpreendente Netanyahu pode optar por manter sua maioria com os partidos ultra-ortodoxos e nacionalistas, mas também pode tentar incluir algum partido de centro como o de Livni ou o do ex-jornalista Yair Lapid, reforçando sua busca pela paz e assegurando seu desejado lugar na história.

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