Afeganistão: a intervenção militar americana no país é a mais longa de sua história (Mohammad Ismail/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 12h41.
Última atualização em 21 de março de 2019 às 11h50.
Peshawar - O Taliban do Afeganistão disse nesta terça-feira ter cancelado negociações de paz com autoridades norte-americanas que seriam realizadas no Catar nesta semana devido a uma “divergência de agendas”, especialmente em relação ao envolvimento de autoridades afegãs, um possível cessar-fogo e uma troca de prisioneiros.
Dois dias de negociações de paz começariam na quarta-feira, disseram autoridades do Taliban anteriormente à Reuters, mas o grupo radical islâmico se recusou a permitir que “marionetes” afegãs participassem das conversas.
A guerra no Afeganistão, a mais longa intervenção militar dos Estados Unidos no exterior, já custou quase um trilhão de dólares a Washington e deixou dezenas de milhares de mortos.
“As autoridades dos EUA insistiram que o Taliban deveria encontrar autoridades afegãs no Catar, e ambos os lados discordam sobre declarar um cessar-fogo em 2019”, disse à Reuters uma fonte do Taliban.
“Ambos os lados concordaram em não se encontrar no Catar”.
O porta-voz do Taliban Zabihullah Mujahid disse anteriormente que os dois lados ainda estavam elaborando detalhes técnicos e não ficou claro qual era a agenda das conversas.
A embaixada dos EUA em Cabul não respondeu de imediato a pedido por comentário sobre o cancelamento.
As negociações, que teriam sido as quartas com o enviado especial norte-americano Zalmay Khalilzad, discutiriam a retirada dos Estados Unidos do país, uma troca de prisioneiros e a suspensão de uma proibição de trânsito para líderes do Taliban, disse à Reuters um dos líderes do grupo.
Fontes do Taliban disseram que o grupo havia exigido que os Estados Unidos libertassem 25 mil prisioneiros e, em troca, eles libertariam 3 mil, mas que as autoridades norte-americanas não estavam dispostas a discutir a troca nesse momento.
Os Estados Unidos, que enviaram tropas ao Afeganistão após os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington e que, no auge da mobilização tinham mais de 100 mil tropas no país, retiraram a maior parte de suas forças da área em 2014.
Washington mantém cerca de 14 mil tropas no Afeganistão como parte de uma missão liderada pela Otan, ajudando forças de segurança afegãs e combatendo militantes.