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Suposto complô contra oposição ofusca presidente iraniano na Europa

Suposto complô para atentar contra uma reunião de opositores na França provocou a detenção de um diplomata iraniano na Alemanha

Hassan Rohani: visita de presidente é considerada de "importância capital" no Irã para a cooperação entre a República Islâmica e a Europa (Adrees Latif/Reuters)
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AFP

Publicado em 3 de julho de 2018 às 18h54.

A visita do presidente iraniano, Hassan Rohani , à Suíça e à Áustria, foi ofuscada nesta terça-feira (3) por um suposto complô para atentar contra uma reunião de opositores na França, que provocou a detenção de um diplomata iraniano na Alemanha.

Na véspera da chegada de Rohani a Viena, as autoridades austríacas anunciaram nesta terça terem pedido ao Irã para suspender a imunidade do diplomata destacado na capital, detido no sábado na Alemanha.

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O ministério austríaco de Relações Exteriores anunciou que vai retirar o estatuto diplomático do suspeito, o que será efetivado "em 48 horas".

O tema da imunidade, um estatuto protetor em caso de infração, não afetaria necessariamente a decisão das autoridades alemãs sobre o diplomata, pois ele foi detido fora do país onde estava destacado, informou o ministério à AFP. O suspeito tem contra ele uma ordem de captura europeia, segundo a mesma fonte.

O diplomata poderia ser extraditado em breve para a Bélgica, onde são coordenadas as investigações sobre o caso, informou a promotoria de Bamberg, no sul da Alemanha.

No total, seis pessoas foram detidas pelas autoridades de vários países europeus , suspeitas de terem participado dos preparativos de um ataque contra uma manifestação de opositores ao regime iraniano no sábado perto de Paris, do qual participavam personalidades americanas de primeiro plano.

O Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI), entidade ligada aos mujahedines do povo, afirmou na segunda-feira que "o diplomata do regime dos mulás na Áustria detido na Alemanha (...) se chama Assadollah Assadi" e o acusa de ter sido quem pediu para fazer o atentado e foi seu "principal mentor".

O diplomata é suspeito de ter feito contato com outras duas pessoas detidas: um casal de belgas de origem iraniana detidos em Bruxelas em posse de 500 gramas de TATP, explosivo artesanal muito instável e de um "mecanismo de ignição".

O casal é acusado de planejar um atentado a bomba no sábado em Villepinte, perto de Paris, durante um protesto organizado pelos Mujahedines do Povo iraniano (MEK), partido de oposição fundado em 1965 e proibido pelas autoridades iranianas desde 1981.

Reunião sobre o tema nuclear em Viena

Segundo o site do Ministério austríaco de Relações Exteriores, Assadi tem status de terceiro conselheiro na embaixada do Irã.

Desde a segunda-feira, o embaixador do Irã na Áustria foi convocado para se apresentar no ministério das Relações Exteriores para dar explicações.

Mortificado, o governo iraniano afirmou que vê nestas acusações um complô quando o presidente iraniano, Hassan Rohani, está na Europa para abordar o tema da cooperação entre europeus e iranianos, após a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear alcançado em 2015.

O contexto é tão sensível que os ministros das Relações Exteriores de cinco países-membros do acordo nuclear iraniano vão se reunir na sexta-feira em Viena pela primeira vez desde a retirada dos Estados Unidos deste acordo, em maio, segundo a agência oficial iraniana Irna.

A visita de Rohani é considerada de "importância capital" no Irã para a cooperação entre a República Islâmica e a Europa, depois da saída dos E stados Unidos do acordo.

Após uma escala na Suíça até a terça-feira, o presidente iraniano estará na quarta-feira em Viena, onde foi assinado em julho de 2015 o acordo internacional sobre o tema nuclear, que foi negociado durante vários anos. Ele se reunirá com o chefe de governo, Sebastian Kurz, e com o presidente da República, Alexander Van der Bellen.

Estão previstas a assinatura de memorandos de cooperação entre o Irã e a Áustria bem como entrevistas com veículos empresariais, quando o Irã pede à Europa para dar "garantias" de natureza econômica, que possibilitem ao Irã continuar no acordo.

A retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear abre de fato a via a novas sanções americanas contra o Irã e as empresas de países terceiros que comercializam com este país, onde investiram.

Vários grandes grupos estrangeiros, inclusive na Áustria, anunciaram a intenção de suspender toda atividade no Irã ou com o país por temor de futuras sanções.

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