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Sucessão de Margrethe: Da Espanha à Suécia, conheça a próxima geração de rainhas reinantes da Europa

Antes de abdicar ao trono, a rainha Margrette II da Dinamarca era a única mulher a exercer o posto no mundo; no continente, princesas se preparam para assumir a Coroa no futuro

Rainha dinamarquesa Margrethe II ao centro (Wikimedia Commons)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 14 de janeiro de 2024 às 10h52.

Era véspera do Ano Novo quando a então rainha Margrethe II da Dinamarc a anunciou, em discurso televisionado no país, que renunciaria ao trono neste domingo. Desde que a britânica Elizabeth II morreu, em 2022, a dinamarquesa era a única mulher a exercer o posto no mundo — cargo ocupado por ela durante 52 anos e que, a partir de hoje, será preenchido por seu filho mais velho, o rei Frederik X.

A decisão de Margrethe também fará com que Mary, Princesa Herdeira e mulher do rei, ascenda ao trono. Ela, no entanto, ocupará o cargo como rainha consorte. Na prática, isso significa que, embora compartilhe o mesmo status hierárquico na monarquia, Mary não terá os poderes políticos e militares. Já as rainhas reinantes (caso de Margrethe II e de Elizabeth II) são chefes de Estado e possuem obrigações constitucionais.

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Agora, as futuras rainhas reinantes do continente europeu estão se preparando para o posto. Da Espanha à Suécia, conheça a próxima geração de herdeiras que deverão assumir a Coroa.

Princesa Catharina-Amalia da Holanda

Mais velha das três filhas do rei Willem-Alexander, 56, e da rainha Máxima, 52, a princesa Catharina-Amalia, de 20 anos, é a herdeira do trono holandês, também chamada de Princesa de Orange. Nos Países Baixos, diferentemente da maioria das realezas, as mulheres tiveram um papel predominante: ao todo, três rainhas reinaram sucessivamente, de 1890 até 2013, quando o pai de Amalia assumiu o posto.

A princesa, que frequentou escolas públicas em sua formação, hoje cursa o segundo ano na Universidade de Amsterdã, onde estuda economia, política, direito e psicologia. Após sua formatura no ensino médio, em 2021, Catharina-Amalia teve um ano sabático. Nesse período, realizou trabalhos voluntários e desistiu de receber seu subsídio anual de R$ 8,5 milhões. Esta foi a primeira vez que um membro da família real se recusou a receber o salário, segundo o Guardian.

“No dia 7 de dezembro de 2021 farei 18 anos e, nos termos da lei, receberei um subsídio”, escreveu Amália numa carta publicada na ocasião pela emissora pública holandesa, NOS. “Acho desconfortável [receber o dinheiro] enquanto eu ainda não faço nada em troca, e enquanto outros estudantes passam por momentos mais difíceis, especialmente neste período de pandemia.”

Em seu tempo livre, a princesa gosta de andar a cavalo, jogar tênis e cantar. Como muitos de sua geração, ela já falou abertamente sobre saúde mental, e revelou que realiza consultas com um terapeuta. E, embora não tenha comentado o assunto, ela foi o foco de uma nova legislação que permite que membros da realeza LGBTQIAP+ se casem com pessoas do mesmo sexo sem renunciar ao direito ao trono.

Princesa Elisabeth da Bélgica

A princesa Elisabeth da Bélgica, de 22 anos, fará história quando ascender ao trono, já que será a primeira rainha reinante do país. Dez anos antes de seu nascimento, em 1991, uma nova lei de sucessão foi feita para permitir a primogenitura absoluta, independentemente do gênero. Se a mudança não tivesse ocorrido, o irmão mais novo de Elisabeth, o príncipe Gabriel, seria o próximo rei.

Filha do rei Philippe e da rainha Mathilde, desde 2013 a princesa também é a Duquesa de Brabante, título reservado ao herdeiro presumido. Ela seguiu os passos de seu pai no caminho para o trono e, em 2020, treinou na Real Academia Militar de Bruxelas. A jovem ainda continuou a tradição ao prestar o juramento oficial. A futura soberana jurou lealdade ao rei e à Constituição no último ano.

Assim como a princesa Leonor, da Espanha, Elisabeth frequentou o colégio UWC Atlantic, um internato no País de Gales. Após concluir os estudos na instituição, e também de se formar na Academia Militar, a herdeira iniciou os cursos de história e política na Universidade de Oxford. Ao todo, ela fala fluentemente quatro idiomas: holandês, francês, alemão e inglês, de acordo com o site oficial da monarquia.

Em setembro de 2011, com apenas 9 anos, Elisabeth realizou sua primeira atividade oficial com a inauguração de um hospital infantil que recebeu o seu nome. Além dele, uma estação de pesquisa científica belga na Antártida passou a ser chamada de Estação de Pesquisa Princesa Elisabeth. A jovem ainda tornou-se madrinha de um navio de patrulha da Marinha Belga, o P902 Pollux.

Também segundo o portal da monarquia, durante os fins de semana em que está livre, a princesa gosta de passar o tempo com seus irmãos e estar em contato com a natureza. Elisabeth foi voluntária em organizações que apoiam jovens que abandonam a escola, idosos, pessoas com deficiências e pessoas em situação de rua. Durante a pandemia, dedicou seu tempo para conversar por telefone com idosos isolados em casas de repouso.

Princesa Leonor da Espanha

No último ano, a princesa Leonor atingiu a maioridade e prestou juramento à Constituição do país — ação que a deixou a apenas um passo de se tornar rainha. Quando seu pai estiver ausente, seja por abdicação, incapacidade ou falecimento, ela se tornará automaticamente chefe de Estado. A primogênita pode levar meses ou anos para dar este passo. Ou pode nunca o fazer, de acordo com analistas ouvidos pelo El País.

Apesar disso, Leonor já representa o futuro da monarquia, o rosto jovem e feminino de uma instituição secular que se reinventa para se projetar neste século. Caso ela assuma a Coroa, será a primeira rainha da Espanha em mais de 120 anos, e marcará a primeira vez que três gerações de Bourbon se sucedem pacificamente no trono há mais de dois séculos.

Para Ángeles Egido, professora de História Contemporânea da UNED, o fato de ela ser uma mulher é oportuno para a instituição, além de ser um fator “muito positivo, embora não procurado”, uma vez que sintoniza com uma época em que as mulheres estão assumindo cada vez mais responsabilidades. Sua juventude pode ajudar a Coroa a se conectar com um setor da população em que ainda desperta pouca simpatia.

Filha mais velha do rei Felipe VI e da rainha Letizia, Leonor nasceu em outubro de 2005. Ela tornou-se a herdeira do trono na proclamação de seu pai como rei, em junho de 2014. Em 2023, a princesa concluiu sua formação na UWC Atlantic. Ao receber o diploma, foi elogiada pelos tutores por sua “paixão inabalável pelo aprendizado, por entender as pessoas e explorar perspectivas diversas”.

Após encerrada sua fase pré-universitária, iniciou uma formação militar que durará três anos no total. Nesse período, ela passará pelas academias dos três ramos das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) antes de ingressar na universidade. Depois, Leonor se tornará uma integrante das Forças Armadas, assim como seu pai e avô.

Além do espanhol, a princesa também é fluente em inglês e estaria fazendo aulas de mandarim. Acredita-se que ela terá a oportunidade de estudar no exterior no futuro. Também é dito, na imprensa local, que Leonor gosta de andar a cavalo e esquiar. Conforme publicado pela BBC, a jovem pode estar delineando o papel que vê para si como a primeira na linha de sucessão a um trono que já passou por testes nos últimos anos.

Princesa Victoria da Suécia (e Princesa Estelle)

A princesa Victoria, de 46 anos, é a herdeira do trono da Suécia. Filha mais velha do rei Carl XVI Gustaf, 77, ela deverá ser a quarta rainha reinante do país, e a primeira desde 1720. Se antes as rainhas suecas ascenderam ao trono por circunstâncias históricas específicas, porém, a herança da princesa Victoria foi garantida pelo Ato de Sucessão de 1979, lei que adotou a primogenitura absoluta e independente do sexo.

Quando atingiu a maioridade, em 1995, a princesa fez um discurso televisionado no qual prometeu sempre permanecer leal ao rei. Na mesma época, também ficou evidente que Victoria sofria de anorexia. Em 2017, ao comentar sobre o assunto, a herdeira afirmou que costumava pensar ser “estúpida e lenta”. E acrescentou que, embora tenha superado o distúrbio alimentar, “a ansiedade ainda está lá”.

Anos antes, a sueca já havia dito que sofreu bullying na escola devido a sua dislexia. Os colegas costumavam rir de Victoria quando ela tentava ler em voz alta, revelou a princesa em uma conferência na Universidade de Orebro. Pai dela, o rei Carl XVI Gustaf também sofre da doença, transtorno de leitura e escrita de origem neurobiológica em que a pessoa tem dificuldade de reconhecimento de palavras e associação com sons.

Após concluir seus estudos secundários e superiores, a princesa Victoria chegou a morar na França para estudar francês. Em 1998, foi para os EUA cursar ciência política e história na Universidade Yale. No mesmo período, passou um tempo aprendendo sobre o trabalho da Embaixada Sueca em Washington D.C. Ao retornar à Suécia, a herdeira estudou disciplinas de resolução de conflitos e promoção da paz internacional.

Em 2001, a princesa trabalhou com a Presidência da Suécia no Conselho da União Europeia. Dois anos depois, realizou o treinamento militar básico no Centro Internacional das Forças Armadas, época em que também completou um programa de estudo e experiência de trabalho em agricultura e silvicultura. Em 2009, concluiu uma licenciatura na Universidade de Uppsala com ênfase em estudos de paz e conflito.

Naquele ano também foi anunciado o noivado entre a herdeira e o personal trainer Daniel Westling. O casamento dos dois ocorreu em junho de 2010, e a primeira filha da princesa, Estelle, nasceu em 2012. O segundo filho, o príncipe Oscar, nasceu em 2016. Aos 11 anos, a princesa Estelle é a próxima na linha de sucessão ao trono, depois de sua mãe.

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