Stephen Colbert lançou candidatura para satirizar o sistema de financiamento das campanhas presidenciais neste ano (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2012 às 18h45.
São Paulo* – O Brasil não é o único país em que piadas soam tão convincentes quanto programas de governo. O humorista Stephen Colbert, apresentador do talk-show “Colbert Report”, lançou sua pré-candidatura pelo Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos na última quinta-feira, e pesquisas mostraram que ele teria mais apoio do que alguns candidatos de verdade.
Colbert é conhecido por satirizar em seu programa o pensamento conservador norte-americano, sobretudo do Partido Republicano. O comediante só não pôde oficializar a candidatura porque a anunciou depois do prazo estabelecido para as inscrições dos participantes das eleições primárias no estado.
Na pesquisa de intenção de voto feita pela empresa PublicPolicyPolling, Colbert aparece com 5% das preferências dos eleitores no estado da Carolina do Sul. Jon Huntsman, pré-candidato republicano, conseguiu apenas 4% de apoio no estado.
A ironia destilada por Colbert em sua campanha, que embora satírica, foi lançada como se fosse oficial, tem um alvo específico: o sistema de financiamento das campanhas presidenciais nos Estados Unidos. No episódio de quinta-feira do talk-show, o humorista transformou seu programa em um PAC (Comitê de Ação Política, na sigla em inglês).
O vídeo (abaixo) mostra Colbert assinando a criação do comitê com a aprovação de um advogado ex-presidente da Comissão para Eleições Federais (FEC, na sigla em inglês). O “Super PAC” do comediante imita integralmente o funcionamento de um PAC, uma das principais formas de financiamento das campanhas presidenciais da eleição deste ano.
No ar, Colbert passa o bastão de seu programa – que seria usado para veicular campanhas eleitorais – ao também comediante Jon Stewart. Segundo as leis eleitorais dos EUA, Colbert não poderia continuar à frente do programa, já que os PAC não podem ter ações coordenadas com os candidatos.
Durante o show, os dois humoristas tiram dúvidas com o advogado da FEC, e escancaram os absurdos do sistema político. Colbert diz que é sócio do amigo Jon Stewart em alguns empreendimentos e pergunta se isto seria um impedimento para que Stewart comandasse o PAC. “Sociedade em negócios não conta como coordenação”, responde o advogado.
Diferentemente do que acontece com candidatos e partidos, que só podem receber doações individuais de até 2,5 mil dólares para a campanha, os PAC não têm limites de doação. Estima-se que as campanhas de Barack Obama e seu adversário possam chegar a mais de um bilhão de dólares.
Um segundo vídeo satiriza uma campanha política agressiva - que, por sinal, está na moda nos EUA neste ano - contra o pré-candidato republicano Mitt Romney. Em um de seus discursos, Romney afirma que as empresas são como pessoas. Colbert tira sarro do fato e lembra que Romney "já foi empresário e, nesta época, comprou empresas, as retalhou, e só Deus sabe o que fez com elas depois". A conclusão de Colbert: "Mitt Romney é um assassino em série. Ele é Mitt, o Estripador".
Stephen Colbert faz uma crítica sofisticada e cheia de ironia que não encontra correspondente no Brasil. Entretanto, a atitude de lançar uma campanha real (ainda que sem leva-la adiante), se parece com o apelo usado pelo humorista Tiririca em sua candidatura, sem o mesmo tom refinado, mas também ridicularizando o sistema político. Ambos conseguiram apoio popular, embora o dado a Colbert seja, até o momento, bem menor do que o conseguido por Tiririca, que de fato, se elegeu.
*Texto atualizado às 17h45
The Colbert Report | Mon - Thurs 11:30pm / 10:30c | |||
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