Sombra do Tibete reflete em cúpula do BRIC em Nova Délhi
A cúpula será aberta nesta quarta-feira após a morte do ativista tibetano que ateou fogo ao próprio corpo por causa da visita do presidente chinês, Hu Jintao
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2012 às 10h15.
Nova Délhi - A sombra do Tibete reflete nesta quarta-feira sobre a cúpula do grupo dos BRIC - Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul -, que será aberto nesta quarta-feira em Nova Délhi horas após a morte do ativista tibetano que ateou fogo ao próprio corpo por causa da visita do presidente chinês, Hu Jintao.
Como disse à Agência Efe Tempa Tsering, porta-voz do exílio tibetano em Nova Délhi, Jamyang Yeshi, de 26 anos, morreu nesta manhã depois de permanecer hospitalizado desde segunda-feira com queimaduras em 90% do corpo.
Yeshi se soma assim aos 30 tibetanos, a maioria monges e freiras budistas, que morreram imolados na onda de protestos que começou no ano passado contra a situação no Tibete, ocupado em 1950 pelo Exército chinês.
O jovem ativista é, no entanto, o primeiro que morre depois de protestar na Índia, onde está o Governo tibetano no exílio e que com 100 mil exilados é o país com maior número de foragidos dessa região do Himalaia. Entre eles, o líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, que fugiu em 1959 e reside em Dharamsala, no norte de Índia.
Após confirmar a morte de Yeshi, Tsering afirmou que não sabe se haverá novas manifestações tibetanas contra a visita de Hu, cercada por um forte esquema de segurança para evitar conflitos.
'A Índia tem direito de convocar a cúpula, mas não podemos garantir que não haja problemas', declarou o porta-voz tibetano, que calculou em 'cerca de cem' o número de exilados detidos pela Polícia indiana desde a imolação de Yeshi.
Mais de 5 mil policiais permaneciam desde o início da manhã nos pontos nevrálgicos do centro de Nova Délhi, onde ocorrerá a reunião. As forças de segurança isolaram os principais enclaves tibetanos da cidade.
Segundo testemunhas, a Polícia impedia que os exilados abandonassem seus redutos e proibia aglomerações superiores a quatro pessoas.
Além de Hu Jintao, assistirão à cúpula dos BRIC, que começará nesta noite com um jantar oficial, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev; da África do Sul, Jacob Zuma; e do Brasil, Dilma Rousseff.
Fontes oficiais indianas precisaram que após as sessões de trabalho de quinta-feira será divulgada a 'Declaração de Nova Délhi', na qual os líderes participantes apresentarão uma postura comum em assuntos de interesse global.
As fontes apontaram que o grupo cogita a criação de um acordo interbancário para facilitar o comércio e os investimentos dos países-membros, e a criação de um banco para impulsionar o desenvolvimento, embora reconheçam que essa iniciativa ainda está engatinhando.
É esperado também que o bloco de países se pronuncie sobre a situação no Oriente Médio, em particular sobre a questão na Síria, assim como sobre a crise com o Irã pela suposta intenção do Teerã de obter armamento atômico.
Apesar da vontade dos membros de falar com uma só voz no cenário internacional - principalmente nos temas referentes ao Ocidente -, o bloco BRIC enfrenta sérias divergência internas. O caso do Tibete materializa apenas um ponto da rivalidade da China e da Índia pela supremacia na Ásia. EFE
Nova Délhi - A sombra do Tibete reflete nesta quarta-feira sobre a cúpula do grupo dos BRIC - Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul -, que será aberto nesta quarta-feira em Nova Délhi horas após a morte do ativista tibetano que ateou fogo ao próprio corpo por causa da visita do presidente chinês, Hu Jintao.
Como disse à Agência Efe Tempa Tsering, porta-voz do exílio tibetano em Nova Délhi, Jamyang Yeshi, de 26 anos, morreu nesta manhã depois de permanecer hospitalizado desde segunda-feira com queimaduras em 90% do corpo.
Yeshi se soma assim aos 30 tibetanos, a maioria monges e freiras budistas, que morreram imolados na onda de protestos que começou no ano passado contra a situação no Tibete, ocupado em 1950 pelo Exército chinês.
O jovem ativista é, no entanto, o primeiro que morre depois de protestar na Índia, onde está o Governo tibetano no exílio e que com 100 mil exilados é o país com maior número de foragidos dessa região do Himalaia. Entre eles, o líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, que fugiu em 1959 e reside em Dharamsala, no norte de Índia.
Após confirmar a morte de Yeshi, Tsering afirmou que não sabe se haverá novas manifestações tibetanas contra a visita de Hu, cercada por um forte esquema de segurança para evitar conflitos.
'A Índia tem direito de convocar a cúpula, mas não podemos garantir que não haja problemas', declarou o porta-voz tibetano, que calculou em 'cerca de cem' o número de exilados detidos pela Polícia indiana desde a imolação de Yeshi.
Mais de 5 mil policiais permaneciam desde o início da manhã nos pontos nevrálgicos do centro de Nova Délhi, onde ocorrerá a reunião. As forças de segurança isolaram os principais enclaves tibetanos da cidade.
Segundo testemunhas, a Polícia impedia que os exilados abandonassem seus redutos e proibia aglomerações superiores a quatro pessoas.
Além de Hu Jintao, assistirão à cúpula dos BRIC, que começará nesta noite com um jantar oficial, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev; da África do Sul, Jacob Zuma; e do Brasil, Dilma Rousseff.
Fontes oficiais indianas precisaram que após as sessões de trabalho de quinta-feira será divulgada a 'Declaração de Nova Délhi', na qual os líderes participantes apresentarão uma postura comum em assuntos de interesse global.
As fontes apontaram que o grupo cogita a criação de um acordo interbancário para facilitar o comércio e os investimentos dos países-membros, e a criação de um banco para impulsionar o desenvolvimento, embora reconheçam que essa iniciativa ainda está engatinhando.
É esperado também que o bloco de países se pronuncie sobre a situação no Oriente Médio, em particular sobre a questão na Síria, assim como sobre a crise com o Irã pela suposta intenção do Teerã de obter armamento atômico.
Apesar da vontade dos membros de falar com uma só voz no cenário internacional - principalmente nos temas referentes ao Ocidente -, o bloco BRIC enfrenta sérias divergência internas. O caso do Tibete materializa apenas um ponto da rivalidade da China e da Índia pela supremacia na Ásia. EFE