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Sites da Otan sofrem ataque ligado à tensão na Crimeia

Site da Otan que publicou declaração dizendo que o referendo sobre o status da Crimeia violaria o direito internacional funcionou de forma intermitente

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em uma coletiva de imprensa na sede da Aliança em Bruxelas sobre crise na Ucrânia no dia 2 de março de 2014 (REUTERS/Yves Herman)

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em uma coletiva de imprensa na sede da Aliança em Bruxelas sobre crise na Ucrânia no dia 2 de março de 2014 (REUTERS/Yves Herman)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2014 às 13h16.

Bruxelas/Londres - Hackers derrubaram vários sites públicos da Otan, disse a aliança no domingo, no que parece ser a mais recente escalada cibernética devido às tensões crescentes sobre a Crimeia.

A porta-voz da aliança ocidental, Oana Lungescu, disse no Twitter que os ciberataques, que começaram na noite de sábado, continuaram no domingo, embora a maioria dos serviços já tenham sido restaurados, agora.

"Isso não impede a nossa capacidade de comandar e controlar nossas tropas. Em momento algum houve qualquer risco para nossas redes confidenciais", disse outro funcionário da Otan.

O principal site público da Otan que publicou uma declaração do secretário-geral Anders Fogh Rasmussen dizendo que o referendo de domingo sobre o status da Crimeia violaria o direito internacional e não tinha legitimidade, funcionou de forma intermitente.

O chamado ataque DDoS - "negação distribuída de serviço", quando hackers bombardeiam sites com solicitações que fazem com que eles fiquem lentos ou caiam, também atingiu o site de um centro de segurança cibernética, uma afiliada da Otan, na Estônia. A rede de e-mails não-confidenciais da Otan também foi afetada.

Um grupo que se autodenomina "cyber-berkut" disse que o ataque foi realizado por ucranianos patrióticos, irritados com o que eles consideram uma interferência da Otan no seu país.

A reivindicação feita no site http://www.cyber-berkut.org não pode ser verificada de forma independente. "Berkut" é uma referência às temidas e atualmente desfeitas, tropas de choque, usadas pelo governo deposto do presidente ucraniano pró-Rússia, Viktor Yanukovich.

O especialista em guerras cibernéticas, Jeffrey Carr, descreveu em um blog sobre os ataques, o grupo cyber-berkut, como convicto defensor de Yanukovich e um "grupo ‘hacktivista' (hackers ativistas) pró-Russia, que está trabalhando contra a independência da Ucrânia." Lungescu tomou conhecimento da declaração do "grupo de hacktivistas" mas disse que devido às complexidades envolvidas em atribuir os ataques, a OTAN não pretendia especular sobre quem foi o responsável ou seus motivos.


"CHUTANDO AREIA" John Bumagarner, diretor de tecnologia da Unidade de Consequências Cibernéticas dos EUA, um instituto de pesquisa, sem fins lucrativos, disse que a evidência inicial sugere fortemente que esses ataques cibernéticos foram lançados por simpatizantes pró-russos.

"Podemos equiparar esses ataques cibernéticos contra a Otan como jogar areia no rosto de alguém na praia," ele disse.

Ataques cibernéticos aos sistemas de computação da Otan são comuns, mas um funcionário da Otan, que falou sob a condição de anonimato no domingo, disse que esse tinha sido um sério ataque online.

Ian West, diretor do centro de defesa cibernética da OTAN em Mons no sul da Bélgica, disse no ano passado que os sistemas de detecção de invasão de rede da OTAN, lidam com cerca de 147 milhões de "eventos suspeitos" diariamente, e teve cerca de 2.500 ataques sérios aos seus computadores confirmados no ano passado.

A tensão entre Moscou e o Ocidente vem aumentando continuamente, desde que a Rússia interveio, depois da expulsão de Yanukovich. Sites ucranianos e russos tem sido alvo de ataques cibernéticos nas últimas semanas e esse parece ter sido o primeiro grande ataque a um site ocidental desde o início da crise.

Suspeita-se que hackers russos usaram ataques DDoS para paralisar sites e serviços na Estônia em 2007, durante uma disputa sobre um memorial de guerra e contra a Georgia, durante a sua breve guerra com e Rússia, em 2008. Moscou negou ter orquestrados esses ataques, dizendo que eles foram simplesmente realizados por patriotas independentes.

O cyber-berkut, que alguns especialistas acreditam que podem ser associados à inteligência russa, publicou seu comunicado em russo em vez de em ucraniano.

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