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Sistema de saúde dos EUA é criticado por detecção tardia

Chefe do Instituto Nacional para Alergias e Doenças Infecciosas disse que homem deveria ter sido identificado como caso suspeito de ebola a partir do dia 26

Hospital Presbiteriano do Texas: homem voltou de ambulância ao hospital em 28 de setembro (Mike Stone/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 18h35.

Muitos questionavam, nesta quarta-feira, como é possível que os médicos americanos não tenham identificado imediatamente um paciente com sintomas de ebola , expondo outras pessoas à doença durante quatro dias antes de o indivíduo ser isolado.

O homem, cuja identidade e nacionalidade não foram reveladas, viajou recentemente da Libéria ao Texas para visitar familiares. A Libéria está no epicentro da epidemia de ebola na África Ocidental.

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Ele deixou o país africano em 19 de setembro e não apresentou sintomas da doença até 24 de setembro, informou o chefe dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), Tom Frieden, na entrevista coletiva concedida na terça-feira.

O paciente tentou buscar cuidados médicos no dia 26, mas foi mandado para casa. Depois, voltou de ambulância para o Hospital Presbiteriano do Texas em 28 de setembro, quando foi posto em estrito isolamento.

O chefe do Instituto Nacional para Alergias e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, disse, porém, que o homem deveria ter sido identificado como um caso suspeito de ebola já a partir do dia 26.

"Se o médico tivesse perguntado seu histórico de viagem e se viajou recentemente para fora do país; e se a pessoa tivesse dito 'acabei de voltar da Libéria', isso teria sido uma grande bandeira vermelha para qualquer um, em vista da publicidade que temos", declarou Fauci à emissora CNN.

"Como isso é realmente uma questão, é preciso garantir que os médicos estejam a par de que temos esse problema, de que há uma epidemia na África Ocidental e que as pessoas estarão vindo para os Estados Unidos sem os sintomas", acrescentou.

O período de incubação do ebola oscila entre 2 e 21 dias. Os pacientes não transmitem a doença até começarem a apresentar sintomas, como febre, dores, vômitos e diarreia.

Nesta quarta-feira, o governador do Texas, Rick Perry, afirmou que o homem diagnosticado tinha entrado em contato com jovens, que agora estão sob vigilância de especialistas.

"Hoje soubemos que se identificou que algumas crianças em idade escolar estiveram em contato com o paciente. Agora, estão controladas em suas casas para conter qualquer sintoma da doença", disse Perry em coletiva de imprensa.

Risco zero, dizem as autoridades

Acredita-se que o homem tenha sido infectado na África Ocidental, onde mais de 3.000 pessoas morreram desde o começo do ano, devido ao maior surto de ebola já detectado desde a descoberta da doença, em 1976.

Frieden garantiu haver "risco zero" de que o paciente tenha infectado outras pessoas no avião, mas que um "punhado" de pessoas poderia ter sido exposto ao vírus, enquanto ele adoeceu no Texas.

Esses contatos serão rastreados e controlados durante três semanas para ver se apresentarão os sintomas de ebola.

Ao anunciar o primeiro caso diagnosticado de ebola nos Estados Unidos, Frieden destacou que o país está preparado e que será capaz de evitar que o vírus mortal se espalhe.

No entanto, o professor de Medicina Jesse Goodman, do Centro Médico da Universidade Georgetown, afirmou que as primeiras medidas demonstram que o sistema médico americano não está preparado para uma expansão do ebola a partir da África Ocidental.

"Enquanto grande parte da resposta até o momento parece exemplar, não sabemos porque a doença não foi reconhecida quando o homem buscou assistência médica", comentou Goodman.

"Não sabemos se seu histórico de viagem, uma das ferramentas de diagnóstico mais básicas, mas importantes, foi obtido e considerado então", acrescentou.

Enquanto especialistas em saúde dizem que o público não deveria entrar em pânico, já que o ebola não é transmitido pelo ar, apenas por contato direto com os fluidos de uma pessoa infectada, o pessoal médico deve estar alerta para mais casos de ebola em solo americano.

Atualmente, não existe nenhum medicamento ou vacina homologados contra o ebola.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que a epidemia está tendo um crescimento "explosivo" e pode, na falta de recursos significativos para combatê-la, contaminar 20 mil pessoas até novembro.

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