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Síria: 40 caminhões retiram homens, mulheres e crianças de reduto do EI

No comboio, mulheres usavam niqab preto e usavam mochilas. As crianças usavam roupas sujas e os homens cobriam o rosto

Fuga do leste da Síria: desde o começo de dezembro, quase 44 mil pessoas, a maioria famílias de jihadistas, fugiram da região (Agence France-Presse/AFP)
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AFP

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 11h49.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2019 às 11h51.

Mais de 40 caminhões transportando homens, mulheres e crianças deixaram, nesta sexta-feira, o último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no leste da Síria , sob a supervisão dos combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS).

Em uma posição das FDS perto do vilarejo de Baghuz, uma equipe da AFP viu passar o comboio, escoltado por combatentes antijihadistas na saída do vilarejo, onde o EI está entrincheirado em uma pequena área de meio quilômetro quadrado.

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Os caminhões transportavam mulheres em niqab preto, algumas com mochilas, crianças com roupas sujas, algumas devorando um pedaço de pão, e homens com os rostos cobertos.

Nenhuma palavra, nenhum grito, nenhum lamento vindo dos caminhões.

Em Baghuz, os combatentes do EI estão presentes em apenas algumas casas, onde se escondem em túneis, em meio a um oceano de minas terrestres.

Mas ainda há civis na cidade, principalmente mulheres e crianças dos jihadistas, que os combatentes curdos e árabes tentam fazer partir.

Apoiados pela coalizão internacional liderada por Washington, os combatentes das FDS esperam justamente o fim das evacuações de civis para retomar sua ofensiva contra os jihadistas radicais entrincheirados.

"Estimamos que ainda há milhares de pessoas" em Baghuz, ressaltou um porta-voz das FDS, Mustefa Bali, nesta sexta-feira.

"Estamos aguardando o fim das evacuações de civis para lançar o ataque final", disse ele, que espera que essas saídas terminem "hoje ou amanhã".

Depois de uma ascensão meteórica em 2014 e a conquista de vastos territórios na Síria e no Iraque, o EI perdeu quase tudo o que conquistou em várias ofensivas.

Nesta sexta, a equipe da AFP ouviu tiros esporádicos de artilharia, enquanto fumaça preta subia em torno de Baghuz.

Para Adnane Afrine, outro porta-voz das FDS, os jihadistas e seus parentes que se recusam a deixar a localidade terão como únicas opções "guerra ou rendição".

Na quarta-feira, quase 3.000 pessoas deixaram a localidade em uma dúzia de caminhões-reboques, segundo as FDS. Eles foram levados a um local e submetidos a revistas e interrogatórios.

A "maioria" deles eram estrangeiros, disse Bali. "Principalmente iraquianos, nacionalidades do antigo bloco soviético, além de ocidentais", informou.

Desde o começo de dezembro, quase 44 mil pessoas, a maioria famílias de jihadistas, fugiram da área, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

"Muitas francesas", mas também mulheres da Austrália, Áustria, Alemanha e Rússia, confirmou à AFP David Eubank, chefe da ONG americana Free Burma Rangers, que lhes fornecem os primeiros socorros e comida.

Por sua vez, a ONG Human Rights Watch (HRW) pediu a proteção desses civis.

Citando testemunhos, evocou condições "terríveis" de vida nos últimos meses na região, onde a "falta de comida os obrigou a comer mato e folhas para sobreviver".

Desencadeada em 2011, o conflito na Síria se transformou em uma guerra complexa que deixou mais de 360.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.

Se o EI está prestes a perder sua última fortaleza na Síria, seus jihadistas estão espalhados no deserto central de Badiya e cometem ataques nas regiões das FDS.

Na quinta-feira, o grupo reivindicou um atentado com carro-bomba a apenas dez quilômetros de um campo de petróleo convertido em uma base militar das FDS, que matou 20 pessoas, segundo o OSDH.

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