Mundo

Silêncio impera na cidade mais afetada por terremoto no México

Em Juhitán há 36 mortos, a maioria ainda sob os escombros, 7.000 casas afetadas e milhares de pessoas desalojadas

Enterro em Juchitan, no México: terremoto matou mais de 60 pessoas (Edgard Garrido/Reuters)

Enterro em Juchitan, no México: terremoto matou mais de 60 pessoas (Edgard Garrido/Reuters)

E

EFE

Publicado em 9 de setembro de 2017 às 14h52.

Última atualização em 9 de setembro de 2017 às 14h53.

Juchitán de Zaragoza- Um silêncio espesso, como uma mistura de luto, trauma e incerteza, se apoderou de Juchitán de Zaragoza, a cidade mais impactada pelo potente terremoto, o maior desde 1932, que sacudiu o sul e o centro do México na noite de quinta-feira.

"É muito triste pelo fato e é talvez o evento mais catastrófico de Juchitán. A cidade está destruída e onde caminhamos está o amigo ou o vizinho que perdeu seu lar. É muito triste saber que, em qualquer lugar que se vá, Juchitán está em ruínas", disse à Agência Efe Edgar Mario.

Ele era um dos curiosos reunidos na noite de sexta-feira, 24 horas depois do tremor, ao redor dos soldados da marinha, do exército, da Defesa Civil e bombeiros voluntários que trabalham na busca de vítimas e na remoção de escombros do Palácio Municipal.

Este edifício, outrora símbolo nesta cidade do Istmo de Tehuantepec, no sulista estado de Oaxaca, é hoje uma triste imagem do grave impacto que teve neste humilde município o sismo de magnitude 8,2 na escala Richter.

Segundo a contagem oficial, neste município há 36 mortos, a maioria ainda sob os escombros, 7.000 casas afetadas e milhares de pessoas desalojadas.

Talvez por isso, as pessoas se amontoassem com uma solenidade pouca habitual, sem dizer uma só palavra, em frente ao Palácio Municipal, e seguia com interesse toda ação das autoridades.

O silêncio e o espanto se destacam nesta localidade de cem mil habitantes e que registra 36 do total de 61 mortes causadas por este forte terremoto, convertendo-se no epicentro da tragédia.

A área mais afetada é o centro da cidade, onde a luz vai e vem e o serviço de água ainda não foi restabelecido.

Para os moradores, este é um problema menor, uma vez que passaram as últimas horas sentados em frente às suas casas ou em um albergue ao ar livre que as autoridades habilitaram e onde lhes são oferecidos colchões para poder descansar.

Nestes lugares apenas se fala e se respira tristeza e consternação.

A população geralmente vive com pânico as réplicas do movimento sísmico, que se repetem muitas vezes por hora e se sentem com intensidade.

Ainda que nas ruas nesta noite houvesse certo movimento de pessoas, carros e mototáxis, quase todas as lojas estavam fechadas tanto neste município como nos vizinhos Salina Cruz e Tehuantepec.

O sismo fez com que se estilhaçassem as janelas e vitrines de muitos estabelecimentos, que hoje tampouco abriram por medo de saques perante a falta de água e mantimentos.

Este é o palco de caos que se vive neste município de Oaxaca, um dos estados mais pobres do país, mas também reconhecido pela sua história, seu folclore e sua essência indígena.

Afortunadamente, nem toda a costa do Pacífico de Oaxaca se viu afetada da mesma maneira por este grande sismo que impactou em mais de dez estados de todo o país e foi sentido por até 50 milhões de pessoas.

A localidade de Huatulco e boa parte da estrada entre este balneário turístico e Juchitán, de cerca de 200 quilômetros, encontrava-se em perfeitas condições.

No entanto, perto de Juchitán havia perigosos deslizamentos de terra e grandes rochas no meio da via, que não impediam que caminhões e ônibus de passageiros transitassem por elas.

"Graças a Deus, foi o nervosismo e o medo, nada mais", relatou à Efe Mario Luis, um motorista de táxis de Huatulco que hoje mudou suas rotas habituais para levar jornalistas até Juchitán de Zaragoza, protagonista involuntária deste terrível terremoto. EFE

Acompanhe tudo sobre:Desastres naturaisMéxicoTerremotos

Mais de Mundo

Tribunal americano confirma pena de prisão para Steve Bannon, ex-assessor de Trump

Assembleia Geral da ONU aprova resolução de apoio à criação do Estado Palestino

O que a viagem de Xi à Europa mostra sobre a estratégia da China para o futuro

Batida de trens em Buenos Aires deixa pelo menos 30 feridos

Mais na Exame