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Sátira e reggaeton acirram campanhas eleitorais na Venezuela

Longe das tradicionais canções de outrora, Chávez, de 58 anos, teve sua imagem rejuvenescida nesta campanha

Campanha destaca o presidente de moto, jogando basquete como um ''outro beta'' e rodeado de jovens artistas para cantar seu tema de campanha (AFP)
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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 20h42.

Caracas - Encorajados pelo caráter jovial, emotivo e brincalhão dos venezuelanos, o presidente, Hugo Chávez , e candidato opositor, Henrique Capriles, embalam suas campanhas eleitorais ao som da salsa e do reggaeton, além de usarem anúncios provocativos e desenhos humorísticos para se promoverem nas eleições presidenciais do país, prevista para dia 7 de outubro.

Longe das tradicionais canções de outrora, Chávez, de 58 anos, teve sua imagem rejuvenescida nesta campanha, que destaca o presidente de moto, jogando basquete como um ''outro beta'' e rodeado de jovens artistas para cantar seu tema de campanha: ''Chávez, coração do povo''.

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Esse verdadeiro ska, que encoraja os eleitores a viver a vida com ''alegria'', é apenas uma pequena parte da criteriosa campanha publicitária do presidente venezuelano, que é assinada pelo publicitário político brasileiro João Santana, ex-colaborador de Lula e do líder peruano, Ollanta Humala.

Trata-se de uma das campanhas propagandistas mais comentadas da disputa, que destaca suas chamadas ''missões governamentais'' através de emocionantes histórias de superação das pessoas que são beneficiadas por estes programas sociais.

Em uma delas é Andrés Antonio Ospino, um venezuelano de 43 anos que foi beneficiado com uma casa subsidiada. Ao lado de um retrato de Chávez, este homem aparece para agradecer o presidente por ter tirado sua família ''de baixo'': ''Primeiro Deus e, em segundo, meu Comandante''.

Esse anúncio gerou tanta polêmica por sua plasticidade que Ospino foi obrigado a ir à televisão estatal para comprovar que não se tratava de um ator. Mas, como em qualquer outra boa telenovela, a publicidade venezuelana também pode passar facilmente do choro ao riso.

Sob o lema ''É hora de mudar o pítcher'' (lançador de beisebol), a equipe de campanha de Capriles lançou recentemente através da internet o humorístico vídeo de animação ''Chávez, o Pitcher'', uma sátira ao antigo e frustrado sonho do presidente de ser uma estrela desse esporte.


Neste vídeo, Chávez é um vaiado lançador, que deve desalinhar jogadores como ''Chicho Insegurança'', dentro de um conjunto de rebatedores que encarnam os problemas nacionais assinalados pela oposição, caso da violência, da escassez, dos blecautes e da pobreza.

Diante de constantes erros, o caricato Chávez se mostra convencido de que o cátcher (seu companheiro receptor) é um ''infiltrado'' do império e assegura que ''não pode efetuar seu lançamento com tantas vozes contra'', sendo substituído devido a sua falta de créditos pelo ''Flaquito'' Capriles.

Na campanha de Capriles, a música também tem um papel fundamental e ainda traz diferentes versões (salsa, reggaeton e eletrônica) para sua faixa oficial, intitulada ''Há um Caminho'' e que acompanha a passagem do líder opositor, de 40 anos, ao redor de todo o país.

Com um orçamento não revelado, a publicidade é, sem dúvida alguma, uma arma da qual tanto o chavismo como a oposição espera tirar proveito perante a crucial reunião eleitoral do próximo dia 7 de outubro.

No entanto, essa potente arma, às vezes, não consegue ultrapassar os limites da polêmica. Nesta semana, por exemplo, o grupo pop Los Amigos Invisibles, ganhador de um Grammy Latino em 2009, denunciou que a rádio estatal ''YVKE Mundial'' estava usando uma de suas músicas a favor de Chávez sem autorização. A faixa, intitulada ''Majunche'' (medíocre), era usada para se referir ao seu oponente.

''Expropriaram-nos ''Majunche''. O que mais falta?'', indagou no Twitter o baterista da banda, José Rafael Torres, em referência à onda de expropriações empresariais impulsionadas pelo Governo.

Neste caso, as criticas também envolvem o lado opositor, como as que foram direcionadas ao anuncio do partido Vontade Popular que mostrava graficamente uma mãe assistindo a morte de seu filho pela janela de sua casa em uma referência ao problema da insegurança.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) decidiu retirar essa propaganda do ar por considerar que a mesma ''violava os processos eleitorais'', enquanto o partido considerou o fato com uma medida de censura.

Seja opositora ou chavista, a publicidade não escapa da polarização na Venezuela, país que já iniciou a contagem regressiva para seus pleitos presidenciais do dia 7 de outubro. No entanto, há menos de um mês para disputa, os responsáveis pelas campanhas seguem trabalhando intensamente em cartazes, panfletos e todos os tipos de anúncios para ganhar o voto do venezuelano.

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